De Baku, Azerbaijão -- Os Povos que se Levantam por Justiça Climática, uma organização anticapitalista e antiimperialista que surgiu na Ásia, denunciou na COP29 que não há como separar as guerras por recursos naturais da emergência do clima.
"Precisamos enfrentar as raízes do problema, resistir ao capitalismo monopolista e apoiar as lutas dos povos por genuína libertação e auto-determinação", escreveram em um panfleto que foi distribuído no evento.
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Movimentos de esquerda há muito tempo se afastaram de eventos como a COP, alegando que trrata-se puramente de "capitalismo verde".
Os manifestantes gritaram palavras de ordem para quem entrava no gigantesco pavilhão da COP, frequentado por mais de 60 mil pessoas.
Conflitos
Os militantes denunciaram quatro conflitos que acontecem na Ásia.
No Timor Leste, a Austrália se beneficiou de bilhões de dólares em petróleo e gás que extraiu de áreas que estavam em disputa, antes de um tratado marítimo de 2018.
Um grupo de Direitos Humanos do Timor calculou em ao menos U$ 4,6 bilhões os impostos pagos à Austrália por gás e petróleo "roubado" do Timor.
Na West Papua, anexada pela Indonésia à força, o alvo foram as gigantescas minas de ouro e cobre.
As reservas da mina de Grasberg são estimadas em U$ 100 bi. A empresa controladora, majoritariamente estadunidense, tinha conexões com Henry Kissinger, o ex-secretário de Estado.
A estimativa é de que 500 mil moradores da West Papua foram mortos na luta por autodeterminação da região.
Filipinas e Myanmar
Nas Filipinas, que sediam jogos de guerra anuais dos Estados Unidos, o objetivo de Washington seria manter firme controle de reservas de carvão, petróleo e gás natural.
Em Myanmar, o verdadeiro interesse do Ocidente em detonar a junta militar que governa o país, dizem os militantes, é reconquistar as reservas de ouro, chumbo e prata, além de petróleo e gás.
Além disso, há grandes reservas no Mar do Sul da China, um dos motivos pelos quais China, Estados Unidos e aliados travam uma guerra surda pelo controle da região.
O grupo aponta para outros pontos de conflito em potencial, no Vietnã, Tailândia e Malásia.
Conflitos destroem o ambiente e o ecossistema, contaminam água, solo e ar e deixam um legado perigoso de bombas não detonadas que podem ferir futuras gerações. O setor industrial militar é responsável por 5,5% das emissões de gases de efeito estufa. Os gastos militares desviam recursos essenciais da ação climática.