De Baku, Azerbaijão -- Um grupo de jornalistas e ambientalistas que analisou 600 estudos científicos sobre 750 eventos extremos que aconteceram em anos recentes concluiu que 74% deles foram causados por "severa mudança climática".
O estudo acaba de ser publicado pela Carbon Brief.
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Dez casos acontecidos no Brasil foram analisados e em seis deles os estudiosos viram pegadas da ação humana.
Os mais recentes foram as enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios no Pantanal.
Sobre as tempestades que inundaram o Sul, o estudo concluiu, com base em uma pesquisa já publicada:
[Nós] avaliamos as mudanças na probabilidade e intensidade das fortes chuvas de 10 e 4 dias no Rio Grande do Sul e encontramos um aumento na probabilidade para ambos os eventos de mais de um fator de 2 e aumento de intensidade de 6 a 9% devido à queima de combustíveis fósseis.
Sobre os incêndios no Pantanal, o levantamento cita uma conclusão do World Weather Attribution:
Condições quentes, secas e ventosas que provocaram incêndios florestais devastadores no Pantanal foram 40% mais intensas devido às mudanças climáticas.
Meta superada
O estudo é um dos muitos que foram divulgados antes e durante a COP29 com o objetivo de pressionar por mudanças no ritmo das decisões tomadas por autoridades, especialmente dos países mais ricos.
Pelo Acordo de Paris, eles deveriam financiar a transição energética com dinheiro e tecnologia, bem como bancar o enfrentamento à emergência climática.
Brasil, Azerbaijão e Emirados Árabes Unidos fazem parte da "troika" -- os três são importantes produtores de hidrocarbonetos.
O Planalto se equilibra entre promover o agronegócio, furar poços de petróleo e se colocar como o grande ator no combate às mudanças climáticas.
Além disso, o planeta parece ter dado uma freada desde que Donald Trump se elegeu presidente dos Estados Unidos, alegando que a emergência é uma "fraude" que objetiva beneficiar a China.
Governos ocidentais relutam em assumir metas ambiciosas, com medo de eleições em que poderão ser punidos por eleitores, desgostosos com a inflação dos alimentos, causada dentre outros motivos pela guerra da Ucrânia.
Além de derrotar Kamala Harris nos EUA, o fenômeno pode custar o futuro político do chanceler alemão Olaf Scholz e do presidente Lula no Brasil.
A meta de segurar o aquecimento global em 1,5 grau em relação ao período pré-industrial já é considerada uma ficção, superada em 2023 e provavelmente em 2024.
Grahame Madge, porta-voz do Uk Met Office, resumiu:
Estamos cada vez mais próximos de momentos críticos no sistema climático, dos quais não seremos capazes de voltar; não se sabe quando eles chegarão, são quase como monstros na escuridão.