De Baku, Azerbaijão -- As reuniões da COP são sempre marcados pela presença de representantes da sociedade civil que propõem alternativas à crise climática completamente distintas daquelas que são discutidas nos salões do poder.
São grupos que acreditam que eventualmente suas propostas serão as do senso comum.
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Na entrada do estádio de Baku que serve de sede para a COP29 o grupo Vida Alternativa, que propaga os textos do vegsource.com, defende que as pessoas "mudem suas vidas, seu coração e sua dieta".
Uma galinha com seus pintinhos afirma: "Oramos por você". Um porco diz: "Salve nossas vidas. Nós te amamos".
O grupo diz que é preciso se afastar das carnes para diminuir o risco de uma nova pandemia mundial de gripe aviária, para evitar o perigo da doença da vaca louca e da PMWS (Síndrome Definhante Multissistêmico de Suínos Desmamados), o que evitaria sofrimento de humanos e animais.
O grupo defende uma alimentação com forte base em leite de soja e tofu:
A soja contém 36% de proteína por 100 gramas. É fácil de cultivar, de baixo custo e altamente nutriente com significativos benefícios para a saúde. A soja é uma das fontes superiores de proteína por conter isoflavona, que ajuda a limpar a circulação sanguínea e faz sua pele parecer mais jovem.
Curiosamente, o médico Geraldo Alckmin, em um de seus discursos na COP29, lembrou que o mundo enfrentou quatro graves doenças, inclusive a Covid, desde 2017, associando isso às mudanças climáticas.
Batalha de longo prazo
Pregando que a alimentação seja totalmente baseada em verduras e legumes, o Vida Alternativa elenca a concentração de proteína do tofu (16%), glúten (70%), milho (13%) e arroz (8,6%) e afirma que o cálcio de legumes e verduras "é muito mais absorvível do que o do leite de vaca".
Não é uma tarefa fácil, pois segundo o World Population Review:
Hoje, a Argentina come mais carne bovina, cerca de 39,9 quilos por pessoa por ano. Os 27 países da União Europeia e a China são os que mais consomem carne de porco, cerca de 35,5 e 30,4 quilos per capita, respectivamente. Israel come mais aves, com 64,9 quilos per capita anualmente. O Cazaquistão come mais ovelhas, com 8,5 quilos por pessoa todos os anos.
O Brasil é o terceiro maior consumidor de carnes do planeta, atrás apenas de China e Estados Unidos.
E não são apenas os bovinos, os porcos, as aves e os peixes que vão para o abate:
Dezenas de animais são consumidos como carne em diversas regiões do mundo, inclusive cavalos (França, Itália, Alemanha e Japão, entre outros); cães (China, Coreia do Sul, Vietnã e regiões árticas); gatos (China, Peru); porquinhos-da-índia (regiões montanhosas dos Andes); e baleias e golfinhos (Japão, Alasca, Sibéria, Canadá, Ilhas Faroé, Groenlândia, Islândia e São Vicente).
Os integrantes do Vida Alternativa, que pacientemente entregam panfletos na entrada da COP29, acreditam no convencimento da espécie humana, uma pessoa por vez.