De Baku -- Azerbaijão -- O vice-presidente Geraldo Alckmin apresentará oficialmente na próxima quarta-feira, 13, o novo compromisso do Brasil de "reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa de 59% a 67% em 2035, na comparação aos níveis de 2005".
Ele vai discursar perante os chefes de Estado e de governo presentes à COP29.
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Apesar da presença de líderes de alto escalão de países produtores de petróleo -- como a Rússia, Kuwait, Iraque e Arábia Saudita -- é notável a ausência de representantes do mesmo nível hierárquico de Estados Unidos e China.
Os representantes dos dois países, Liu Zhenmin e John Podesta, vão participar de uma "cúpula paralela" durante a COP29, para tratar da redução nas emissões de metano.
EUA e União Europeia querem que a China abra mão de seu status de "país em desenvolvimento" e dê contribuição significativa em dinheiro.
Beijing é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa.
Quem vai pagar a conta?
A reunião em Baku foi batizada de "COP do financiamento", pois pretende definir novas metas para que países em desenvolvimento sejam capazes de fazer a transição energética.
Em 2009 os países ricos prometeram mobilizar U$ 100 bilhões anuais para ajudar países em desenvolvimento a manter a temperatura do planeta em no máximo 1,5 grau acima do período pré-industrial.
O valor do financiamento só foi atingido em 2022.
Agora, estima-se que será necessário levantar entre U$ 500 bilhões e U$ 1 trilhão anuais para frear o aquecimento dentro do objetivo do Painel Intergovernamental da Mudança Climática (IPCC).
Em outubro deste ano, as Nações Unidas lançaram um relatório em tom dramático, alegando que a meta de 1,5 grau de aquecimento corre sério risco de não ser alcançada:
São necessárias reduções de 42% [nas emissões] até 2030 e de 57% até 2035 para se chegar a 1,5°C. Se falharmos em aumentar a ambição nessas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas [NDC] e se não começarmos a cumprir as metas imediatamente, o mundo entrará na rota de um aumento de temperatura de 2,6 a 3,1 °C ao longo deste século. Isso traria impactos devastadores para as pessoas, o planeta e as economias.
As novas metas nacionais podem ser apresentadas até a COP30, em Belém, mas o Brasil se antecipou e prometeu cortar as emissões em até 67% em 2035, um número superior ao sugerido pela ONU.
A ministra Marina Silva é considerada uma das principais lideranças nos bastidores do evento, ao lado do sultão Ahmed Al Jaber, dos Emirados Árabes Unidos, que presidirá o encontro de Baku.
Na COP28, em Dubai, importantes países produtores, como a Arábia Saudita, aceitaram "fazer a transição" para uma economia não dependente do petróleo e gás, mas evitaram falar em "eliminar" tais fontes de energia.
Discurso e prática
O próprio Azerbaijão, que sedia o evento, tem planos para expandir a produção de gás de 37 para 49 bilhões de metros cúbicos até 2033. A estatal Socar pretende aumentar as exportações para a União Europeia em 17% até 2026, denunciou o diário britânico Guardian.
O divórcio entre discurso e prática não é exclusivo daqui: os Estados Unidos bateram recorde de produção de petróleo e gás no governo de Joe Biden, antes mesmo da posse de Donald Trump.
Foram 13,4 milhões de barris por dia em agosto passado.
Depois que assumir, em 20 de janeiro de 2025, Trump deve retirar mais uma vez os EUA do Acordo de Paris, se juntando a Irã, Líbia e Iêmen.
Com maioria no Senado, ele também pode abandonar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
Independentemente disso, Trump se elegeu prometendo cortar em 50% o custo de energia dos estadunidenses em 12 meses, o que implicaria em turbinar a produção de petróleo e gás.