De BERLIM | Um estudo recente realizado por organizações alemãs voltadas para as mudanças climáticas e transição energética revelou que o Deutschlandticket, o bilhete mensal com tarifa única para o transporte público local e regional na Alemanha, ajudou a reduzir significativamente as emissões de CO2. Entre maio de 2023 e abril de 2024, o uso do transporte público em detrimento dos carros diminuiu em 6,7 milhões de toneladas as emissões de dióxido de carbono, representando cerca de 5% das emissões anuais do setor de transportes no país, que totalizam 146 milhões de toneladas.
O dióxido de carbono (CO2) é um gás de efeito estufa gerado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural, além de processos naturais como a respiração. O acúmulo excessivo de CO2 na atmosfera contribui significativamente para o aquecimento global, pois retém o calor irradiado pela Terra, intensificando as mudanças climáticas. Esse fenômeno está associado a diversos malefícios, como o aumento da temperatura média do planeta, o derretimento das calotas polares, a elevação do nível do mar e a intensificação de eventos climáticos extremos, como tempestades e secas prolongadas.
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O Deutschlandticket é um programa implementado em 2023 pelo governo alemão com o objetivo de tornar o transporte público mais acessível e incentivar uma mudança sustentável nos hábitos de mobilidade. Com um custo mensal de 49 euros, o bilhete permite viagens ilimitadas em todos os sistemas de transporte local e regional, incluindo trens, ônibus e bondes, em todo o território alemão. A medida foi lançada em meio ao aumento dos preços da energia, como parte de uma estratégia para ajudar a população a lidar com os altos custos e, ao mesmo tempo, contribuir para as metas de redução de emissões de carbono do país.
O estudo que mostra a redução das emissões de CO2 a partir do incentivo ao transporte público na Alemanha foi conduzido pela aliança de pesquisa Ariadne, um consórcio de várias instituições científicas alemãs que estudam soluções para a transição energética e mudanças climáticas. O grupo, apoiado pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa alemão, tem como objetivo fornecer dados e análises detalhadas para apoiar decisões políticas voltadas para a sustentabilidade. A pesquisa da Ariadne destacou o aumento da participação das viagens de trem em trajetos acima de 30 quilômetros, que passou de 10% para 12%, demonstrando o impacto positivo da política sobre os hábitos de mobilidade e a redução de emissões de gases de efeito estufa.
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No entanto, as projeções futuras trazem uma preocupação: o governo planeja aumentar o preço do Deutschlandticket de 49 para 58 euros a partir de janeiro de 2025. Segundo a análise, essa mudança pode reduzir pela metade o benefício nas emissões de carros de passeio, o que levanta dúvidas sobre a continuidade desse impacto positivo no futuro.
Até o momento, o governo baseava suas projeções de redução de emissões em modelos que previam apenas metade da redução registrada. Nicolas Koch, pesquisador do Instituto Mercator de Pesquisa sobre Bens Comuns Globais e Mudança Climática (MCC), destacou que os resultados do estudo da Ariadne são os primeiros baseados em uma análise empírica. Os pesquisadores utilizaram dados de rastreamento de celulares e comparações com grupos de controle para avaliar os efeitos do bilhete sobre a mobilidade das pessoas.
Embora as contribuições do Deutschlandticket para a redução de gases de efeito estufa ainda sejam alvo de debate, as primeiras análises mostram que muitos assinantes do bilhete já afirmam utilizar menos seus carros. Se o preço não subir consideravelmente, o bilhete tem potencial para ser uma mudança de longo prazo nos padrões de mobilidade da população alemã, com impacto direto na sustentabilidade ambiental.
*Com informações do Clean Energy Wire