A formação da Lua, um enigma persistente para a comunidade científica há décadas, está agora um passo mais próxima de ser desvendada. Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pelo Observatório Astronômico de Xangai (SHAO) da Academia Chinesa de Ciências, fez descobertas surpreendentes que desafiam teorias convencionais e oferecem novos insights não apenas sobre a origem da Lua, mas também sobre a evolução geológica da Terra ao longo de 4,5 bilhões de anos.
Te podría interesar
O impacto gigante e a formação da Lua
A teoria predominante sobre a formação da Lua sugere que, há cerca de 4,5 bilhões de anos, ocorreu um impacto gigante entre a Terra primitiva (Gaia) e um protoplaneta conhecido como Theia. Contudo, as medições isotópicas de alta precisão desafiaram essa teoria ao revelar semelhanças notáveis nas composições da Terra e da Lua. Agora, utilizando métodos computacionais de dinâmica de fluidos inovadores, a equipe liderada pelo SHAO propõe uma nova visão.
Segundo as descobertas, a Terra primitiva exibia uma estratificação do manto após o impacto, com o manto superior formando um oceano de magma resultante da mistura de materiais de Gaia e Theia. Enquanto isso, o manto inferior permaneceu em grande parte sólido, preservando a composição de Gaia. Esta heterogeneidade inicial desafia a ideia convencional de homogeneização após o impacto gigante e marca o ponto de partida para a evolução geológica da Terra.
Te podría interesar
As Grandes Províncias de Baixa Velocidade e suas origens misteriosas
A pesquisa também lançou luz sobre as Grandes Províncias de Baixa Velocidade (LLVP), duas enormes massas localizadas a 2.900 quilômetros de profundidade abaixo da África Ocidental e do Oceano Pacífico. A equipe propõe que essas anomalias podem ser remanescentes da colisão entre Gaia e Theia. A estratificação do manto, sugerida pelas simulações, pode persistir até hoje, influenciando a estrutura do manto e as ondas sísmicas que o atravessam.
A evolução geológica ao longo de 4,5 bilhões de anos
Ao desafiar a noção tradicional de homogeneização, as descobertas sugerem que o impacto gigante não apenas formou a Lua, mas também deu origem à heterogeneidade inicial do manto terrestre. A presença de material Theian no manto inferior pode explicar as LLVPs, indicando que a Terra não é um sistema uniforme, mas sim marcada por heterogeneidades profundas.
Implicações para a compreensão do sistema solar e exoplanetas
Além de contribuir para a compreensão da formação da Lua e da Terra, as descobertas desta pesquisa oferecem percepções valiosos para a compreensão da formação e habitabilidade de exoplanetas além do nosso sistema solar. A análise precisa de amostras de rochas combinada com modelos refinados de impacto gigante e evolução planetária promete restringir a história da formação do sistema solar interno.
Em última análise, as conclusões deste estudo publicado na revista Nature marcam um avanço significativo na compreensão da nossa própria origem cósmica, trazendo novas perspectivas sobre a evolução geológica da Terra e sua relação com a Lua.