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Marina Silva detona UE e afirma que bloco subestima controle ambiental do Brasil

A ministra do Meio Ambiente, em consonância com o presidente Lula, afirma que acordo Mercosul/UE só vai sair se for justo para ambos as regiões

Marina Silva detona UE e afirma que bloco subestima controle ambiental do Brasil.Créditos: Tomaz Silva/Agência Brasil
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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, declarou em entrevista à DW que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia só sairá se for justo para ambas as regiões. Para Marina Silva, os governos da UE ainda tratam o governo Lula como se fosse o "governo Bolsonaro" no que diz respeito às questões ambientais.

Marina Silva diz ser favorável ao acordo entre o Mercosul e a UE. "É importante que os blocos econômicos regionais possam se complementar em atividades comerciais. O que nós precisamos é fechar o acordo, porque ele estava praticamente fechado no governo Bolsonaro, que não tinha nenhum compromisso, nem ações, nem resultados na área ambiental - e muito menos com o Acordo de Paris", afirma.

Além disso, Marina Silva afirma que "os governos da União Europeia ainda estão tratando o governo do presidente Lula, nesse aspecto, como se fosse o governo Bolsonaro [...] o presidente Lula tem um compromisso com a questão da mudança climática, com o Acordo de Paris, que não é apenas retórico. Ele está sendo realizado na prática".

A ministra do Meio Ambiente também explica outro fator que trava o avanço do acordo Mercosul/UE. "Há uma divergência em relação ao fato de que a UE, que tem seus mecanismos de aferição em relação ao desmatamento, que é legítimo, internamente dentro de seus países. Mas, no Brasil, o órgão que faz a aferição do que é desmatamento legal e ilegal é o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ele possui uma série histórica de avaliação da dinâmica do desmatamento na Amazônia e em todos os biomas brasileiros, que é reconhecida como técnica e cientificamente adequada para o mundo inteiro".

"Não faz sentido para o Brasil, que já viu o mundo inteiro mencionar os dados do Inpe, que esses mesmos dados só sirvam para um aspecto. E não sirvam para a aferição se aquela produção vem de área de desmatamento legal ou ilegal. É uma contradição que o Brasil obviamente não aceita, porque isso seria uma desqualificação da ciência brasileira", destaca Marina Silva.

Lula manda recado duro para União Europeia ao assumir presidência do Mercosul

O Brasil assumiu nesta terça-feira (4) a presidência temporária, por seis meses, do Mercosul. Durante a 62ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, em Puerto Iguazú, na Argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que o acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia (UE) é inaceitável.

Ele disse que o bloco europeu enviou aditivos ao acordo com previsão de aplicação de multas em caso de descumprimento de obrigações ambientais.

"O Instrumento Adicional apresentado pela União Europeia em março deste ano é inaceitável. Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções. É imperativo que o Mercosul apresente uma resposta rápida e incisiva", afirmou Lula.

Lula disse ainda que está comprometido com a conclusão de um tratado equilibrado e que assegure o espaço necessário para adoção de políticas públicas “em prol da integração produtiva e da reindustrialização”.