MEIO AMBIENTE

Xixi e cocô: Como aquilo que você faz todos os dias em um vaso pode salvar o mundo

Cientistas estudam possibilidade de urina e fezes humanas serem matéria-prima para biocombustíveis e fortalecerem combate a mudanças climáticas

Usina utilizada pelo experimento.Créditos: Fraunhofer UMSICHT
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Com o mundo precisando urgentemente rever sua matriz energética e fazer uma transição ecológica que combata as mudanças climáticas, uma série de pesquisas e inovações nesse sentido vem sendo feitas por cientistas de todo o planeta e algumas das soluções estudadas podem parecer bastante estranhas. Uma delas prevê a utilização daquilo que fazemos todos os dias em um vaso sanitário – urina e fezes humanas – como biocombustível.

O principal teste neste sentido foi realizado no ano passado pelo projeto To-Syn-Fuel, do Franhofer Institute Umsicht, da Alemanha. Nele, um carro viajou por mais de 2 mil quilômetros pela Europa movido basicamente por xixi e cocô humanos. Para ser mais exato, o instituto chefiado pelo cientista Robert Daschner desenvolveu uma tecnologia que permite a produção 50 mil litros de petróleo bruto usando 500 toneladas de lodo de esgoto.

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Ao site Mongabay, Daschner classificou o experimento como um “marco”. Ele explicou que o combustível de transporte produzido por meio de dejetos humanos pode reduzir em até 85% as emissões de carbono na comparação com o uso dos combustíveis fósseis.

Para o usuário final, ou seja, cada um de nós, que andará em carros, motocicletas ou ônibus, a ideia pode soar malcheirosa. Afinal de contas, estamos falando de esgoto e fezes. No entanto, para além da redução das emissões, o novo combustível poderá representar um alívio para o bolso da população uma vez que a obtenção da matéria-prima é muito mais simples e barata em comparação à extração de petróleo. Além disso, é produzida em enormes quantidades diárias por qualquer aglomeração humana e o destino que tem recebido não é exatamente o mais ecologicamente correto que se possa imaginar.

De acordo com Daschner, o próximo passo é a construção de uma usina, que batizou como ‘Crud-to-Crude’, que possa produzir o novo combustível em larga escala. A ideia é que a fábrica consiga processar 400 mil toneladas de esgoto até 2030, transformando-as em combustível de aviação. Em caso de sucesso, será estudado o uso em larga escala da nova tecnologia em carros, caminhões, navios e outros meios de transporte.