OPINIÃO

Mudanças climáticas e insegurança alimentar – Por Adriana Mendes

Mais do que acompanhar a tragédia anunciada, precisamos encontrar alternativas e participar de ações para combater a fome no planeta

Créditos: Adriana Mendes
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Faz algum tempo que ouvimos, lemos e falamos sobre mudanças climáticas, por mais que ainda haja negacionismo, já percebemos que a temperatura está cada vez mais elevada e que no inverno cada vez mais baixas. No último mês de dezembro, usei edredon diversas noites, mais um pouco teríamos até neve no nosso Natal tropical.

Fatores naturais, como as alterações na radiação solar ou movimentos da órbita da Terra podem causar mudanças climáticas, como causaram no decorrer da história do mundo. Porém, o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change/Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) afirma que 90% do aumento da temperatura global dos últimos 250 anos está sendo causado pela ação humana.         

Algumas consequências já podem ser sentidas em diversas partes da Terra, como o aumento da temperatura média do planeta, elevação do nível do mar por conta do derretimento das calotas polares, o que pode tirar do mapa ilhas e cidades litorâneas povoadas. E a previsão é que aumente o número de eventos extremos climáticos, como inundações, seca, nevascas, furacões, tornados e tsunamis, com consequências não só para os humanos, mas para todo o ecossistema, com extinção de espécies de animais e de plantas.

Insegurança Alimentar - A mudança do clima também causa impacto na alimentação, aumentando a Insegurança Alimentar, que segundo a definição da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) é quando a pessoa não tem acesso físico, econômico e social aos alimentos de forma a satisfazer suas necessidades. A insegurança alimentar pode ser crônica ou temporária, podendo ser leve, moderada ou grave. Dados do IBGE revelam que 41% da população brasileira convivem com a insegurança alimentar. Entre os mais afetados estão as crianças. E, por mais incoerente que possa parecer, a população rural representa a maior parcela deste índice. Regionalmente, os mais atingidos são o Norte e Nordeste.

Não é de hoje que essa causa me preocupa e muito, assim como preocupa os que tem consciência ambiental e coletiva. Já plantei muitas árvores, reciclo meu lixo, economizo água, mas sei que é uma gota num oceano. Então, no início deste mês conheci o Projeto Banco de Alimentos e Agricultura Urbana - BAAU, que desenvolve ações em dois eixos relacionados diretamente à causa socioambiental: Banco de Alimentos (combater a insegurança alimentar) e Agricultura Urbana (responder à emergência climática). Mais interessante é que o Projeto acontece em Santos, cidade onde nasci e que moro atualmente.

São ações efetivas de sensibilização para a sustentabilidade, educação ambiental, capacitação em gestão, comunicação e apoio técnico e operacional. O BAAU identifica e potencializa iniciativas socioambientais, prioritariamente em comunidades com alto índice de vulnerabilidade socioambiental. O lançamento foi no bairro São Manoel, não área insular de Santos/SP, que tem, aproximadamente, 10 mil moradores. Parte da comunidade está cercada pelos rios Bugres, Casqueiro e São Jorge e vive em habitações de palafitas. O BAAU identificou e selecionou duas iniciativas que atuem de forma independente no bairro São Manoel: o Projeto Sementes das Palafitas e a Horta Comunitária Bons Frutos, que receberão apoio do BAAU para buscar mais alternativas e sinergias para fortalecer a comunidade.

Sementes das Palafitas – A associação de Moradores Caminho do São Manoel oferece cultura, entretenimento e alimentação ara a comunidade com ações 3 vezes por semana, com jantar para crianças e adolescentes até 15 anos e adultos, além de programação cultural para as crianças, uma vez por semana, com cinema e pipoca.

Horta Comunitária – A ideia, inicialmente, foi desenvolvida com apoio de organizações como Rotary de Santos, Instituto Elos e Unisanta, num terreno que pertence à CPFL. É uma horta comunitária, em que os moradores colocaram a mão na massa para fazer a primeira horta comunitária da cidade de Santos, limparam o terreno, plantaram, cultivam e colhem.

Realização e participação – A realizadora do Projeto Banco de Alimentos e Agricultura Urbana é a OSC Consciência pela Cidadania Concidadania, Ong sem fins lucrativos, criada em 2004 e que mantém o Fórum da Cidadania de Santos, que atua nos temas de cultura, educação, direitos humanos e meio ambiente. O Projeto BAAU foi contemplado por um edital da Autoridade Portuária de Santos (SPA), a antiga CODESP, empresa pública vinculada ao recém-criado Ministério de Portes e Aeroportos.

E se quiser saber mais ou como participar é só se ligar nas mídias sociais do BAAU. Nesta quarta-feira, dia 22, tem a I Oficina de Educação para a Sustentabilidade, na Estação Cidadania de Santos, com apresentação do Projeto, roda de conversa, doação de mudas e insumos e exibição do filme A Carta, sobre a carta do Papa Francisco, que resultou na Economia de Francisco e Clara.

Site: https://bancodealimentoseagriculturaurbana.com/

Instagram: @bancodealimentoseagriculturaurbana

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.