MICRORGANISMOS

Bactérias guardam memórias como computadores, descobre pesquisa

Descoberta tem potencial para ajudar a prevenir e combater infecções bacterianas resistentes a antibióticos

Bactéria Escherichia coli.Créditos: Foto: Flickr/National Institute of Allergy and Infectious Diseases
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Cientistas da Universidade do Texas (UT), nos Estados Unidos, descobriram que as bactérias possuem a capacidade de armazenar memórias e transmiti-las para as gerações seguintes. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica PNAS nesta terça-feira (21).

As bactérias não armazenam as memórias como os seres humanos. Por não possuírem neurônios, sinapses nem sistema nervoso, as lembranças desses seres são como informações guardadas em um computador, compararam os cientistas em comunicado.

Como as bactérias armazenam memórias

A motivação para a pesquisa surgiu pelo fato dos pesquisadores notarem que as bactérias conseguem melhorar o seu mecanismo de swarming, isto é, quando elas se movem em uma superfície de maneira coletiva, a cada vez que o fazem.

O objetivo era, então, descobrir porque isso acontece. A partir do estudo, feito com bactérias Escherichia coli,  os pesquisadores descobriram que o principal motivo é o ferro.

O estudo mostrou que bactérias apresentam diferentes quantidades de ferro, inclusive no que diz respeito a serem tolerantes ou não a antibióticos. A hipótese é que, quando os níveis de ferro estão baixos, as memórias desses microrganismos são acionadas e fazem com que eles façam swarming para procurar ferro no ambiente.

Já quando os níveis de ferro são altos, as memórias levam as bactérias a permanecerem onde estão. Foi observado que as bactérias tolerantes a antibióticos possuíam níveis moderados do elemento químico.

Desse modo, as bactérias utilizam o ferro para armazenar informações sobre comportamentos que podem ser ativados a partir de estímulos. Os cientistas descobriram que isso pode ser passado por pelo menos quatro gerações e no máximo sete.

"As bactérias não têm cérebro, mas podem coletar informações de seu ambiente; e, se tiverem visto esse ambiente com frequência, podem armazenar essas informações e acessá-las rapidamente mais tarde para seu benefício", explicou Souvik Bhattacharyya, principal autor do estudo.

Aplicação prática da descoberta

Bhattacharyya afirma que “quanto mais soubermos sobre o comportamento das bactérias, mais fácil será combatê-las”. Agora, descobriram que esses seres podem usar suas memórias armazenadas para adaptar suas estratégias de infecção.

Os cientistas acreditam que esta última descoberta pode ajudar a prevenir e combater infecções bacterianas, uma vez que forneceu mais informações sobre as bactérias resistentes a antibióticos.