DIREITOS DA NATUREZA

O impacto do tráfico de animais silvestres na fauna Brasileira

Saiba como o Brasil luta para proteger sua rica biodiversidade em meio ao comércio ilegal de animais

Macaco engaiolado.Imagem ilustrativaCréditos: Pixabay/adi666
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Com a chegada da primavera, o Brasil enfrenta um desafio crescente: o tráfico de animais silvestres. Esta estação marca um aumento no comércio ilegal de animais, ameaçando a rica biodiversidade do país. O Brasil, lar de inúmeras espécies, muitas que só existem por aqui, é um alvo significativo para traficantes de animais silvestres.

A primavera é um período crítico no tráfico de animais silvestres pois é nessa estação que a reprodução e o cuidado com os filhotes tornam a fauna vulnerável. Nesse contexto, os traficantes aproveitam a oportunidade. Grupos de mensagens e redes sociais são usados para a venda ilegal de animais, tornando mais difícil o combate às atividades ilícitas.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as apreensões de animais silvestres aumentaram nos últimos anos. Em 2022, foram apreendidos 62.7 mil animais, um aumento em relação aos 56.3 mil do ano anterior. Mesmo assim, quando detidos, os traficantes muitas vezes enfrentam penas leves, como assistir palestras ou doar cestas básicas.

Impactos do Tráfico de Animais

O impacto do tráfico de animais silvestres no Brasil é profundo e abrangente, afetando não apenas a biodiversidade, mas também a estabilidade dos ecossistemas. A prática desenfreada do comércio ilegal de animais coloca em risco a sobrevivência de numerosas espécies e contribui para o desequilíbrio da fauna brasileira. Além disso, o tráfico de animais pode ter sérias implicações para a saúde pública, pois a transmissão de doenças entre animais e seres humanos é uma ameaça latente.

A crescente demanda por animais silvestres como animais de estimação exóticos, tanto no Brasil como em outros países, alimenta o tráfico. Pássaros, tartarugas, tucanos e macacos menores são frequentemente traficados para esse fim. Essas práticas contribuem para o declínio de espécies vulneráveis e ameaçadas, perturbando as cadeias alimentares e desequilibrando os ecossistemas locais.

Além disso, o tráfico de animais para colecionadores particulares e zoológicos representa uma ameaça ainda maior, especialmente para espécies raras e em perigo de extinção, como a arara-azul-de-lear. A captura e o transporte ilegal desses animais comprometem os esforços de conservação e podem levar espécies à beira da extinção.

A biopirataria, que envolve a exportação ilegal de cobras, sapos, aranhas e até mesmo onças para fins científicos, também tem um impacto prejudicial. Essa prática não apenas priva o Brasil de sua riqueza natural, mas também mina o potencial da pesquisa científica legítima do país, prejudicando a compreensão e a preservação da biodiversidade.

Combate ao Tráfico

Para combater o tráfico de animais silvestres de forma eficaz, o Brasil tem implementado uma série de estratégias abrangentes. Uma das abordagens fundamentais é o aprimoramento das leis de proteção ambiental, com ênfase na aplicação rigorosa. Leis como a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) e a Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5.197/67) estabelecem penalidades severas para atividades ilegais relacionadas à fauna, incluindo a caça, a aquisição, a comercialização e a posse de espécimes da fauna silvestre sem a devida autorização. 

Além disso, o Projeto de Lei 4.278/23, apresentado ao Congresso em setembro de 2023, visa impor penas mais rígidas para crimes relacionados ao tráfico de animais silvestres, demonstrando o compromisso contínuo do Brasil em enfrentar essa ameaça.

Outra estratégia-chave é a promoção da conscientização pública e da educação ambiental. O governo brasileiro, em colaboração com organizações não governamentais, tem desenvolvido campanhas educacionais para informar o público sobre os impactos prejudiciais do comércio ilegal de animais. Essa conscientização busca não apenas desencorajar a demanda por animais silvestres como animais de estimação, mas também mobilizar os cidadãos para denunciar atividades ilegais às autoridades.

O que a lei diz

Lei nº 9.605/98 - Lei de Crimes Ambientais (12 de fevereiro de 1998): Esta lei, promulgada em 1998, desempenha um papel fundamental na proteção do meio ambiente no Brasil. Ela abrange uma ampla gama de infrações ambientais, incluindo o tráfico de animais silvestres. Estabelece penas rigorosas para atividades ilegais relacionadas à fauna, como a caça, aquisição, comercialização e posse de espécimes da fauna silvestre sem a devida autorização. A Lei de Crimes Ambientais é um importante instrumento legal na luta contra o tráfico de animais silvestres no país.

Lei nº 5.197/67 - Lei de Proteção à Fauna (3 de janeiro de 1967): A Lei de Proteção à Fauna, promulgada em 1967, declarou que todos os animais da fauna silvestre nacional e seus produtos são propriedade do Estado. Proibiu a caça, apanha, comercialização e manutenção sob a posse de particulares sem a devida autorização. Essa lei histórica estabeleceu as bases para a proteção da fauna brasileira e desempenha um papel significativo na prevenção do tráfico de animais silvestres.

Projeto de Lei 4.278/23 - Proposta de Penalidades Mais Rígidas (Setembro de 2023): O Projeto de Lei 4.278/23, apresentado ao Congresso em setembro de 2023, tem como objetivo aprimorar a legislação existente e impor penas mais severas para crimes relacionados ao tráfico de animais silvestres. Essa proposta reflete o compromisso contínuo do Brasil em combater o tráfico ilegal de animais e proteger sua rica biodiversidade. Caso seja aprovado, fortalecerá ainda mais a legislação de proteção da fauna no país.

 Embora o Brasil esteja tomando medidas para enfrentar essa ameaça, o tráfico de animais silvestres continua sendo um desafio persistente que requer a cooperação de autoridades, organizações e cidadãos. A proteção da fauna silvestre e a preservação da biodiversidade são questões cruciais que vão além de fronteiras e interesses individuais, e seu sucesso depende do comprometimento contínuo de todas as partes envolvidas.