Vídeos de animais costumam ganhar a internet com muita facilidade. Desde momentos fofos dos pets de estimação, até situações da vida selvagem que se tornam memes, o YouTube possui o gênero de vídeos "bichinhos fofinhos" como uma das primeiras trends da plataforma.
Conforme o ramo da comunicação digital e da criação de conteúdo foi crescendo, perfis oficiais dos animais e vídeos onde o dia a dia entre o humano e seu bicho são compartilhados ficaram comuns.
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Ao mesmo tempo, se tornaram crescentes as polêmicas envolvendo maus-tratos animais. De acordo com um estudo do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), existem diversos influenciadores que se beneficiam da prática criminosa.
A pesquisa analisou 411 vídeos, que totalizam 50 horas de conteúdo, todos contendo abuso animal nas redes sociais. Antônio Carvalho, biólogo responsável pelo levantamento, notou que tais mídias renderam lucro de cerca de US$ 1,14 milhão a 79 canais diferentes.
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Dentre os tipos de conteúdo mais visualizados estão a exposição de animais silvestres e o tratamento destes como se fossem animais domésticos. Além da categoria, que contém uma crueldade velada, há também situações mais extremas, como o esmagamento de bichos para prazer sexual, resgates de perigo encenados e abate para festivais religiosos e comerciais.
Segundo o INMA, o gênero que mais ganha visibilidade é quando os animais silvestres são tratados como pets, com lucro de cerca de US$ 730 mil. Experiências maldosas e prejudiciais, bem como demais tipos de sofrimento explícito causados aos bichos, estão disponíveis na internet desde 2006. Carvalho reforça a responsabilidade das pessoas, principalmente influenciadores digitais, frente aos resultados da pesquisa.
“É perturbador saber que alguns adultos estão dispostos a incentivar a violência em seus próprios filhos para ganharem curtidas e seguidores”, lamenta o biólogo.
Outro ponto contraditório notado pelo estudo é o patrocínio dos vídeos, pois empresas que se intitulam "eco-friendly", "pet-friendly" e possuem fortes ações de marketing para serem atreladas à sustentabilidade, são anunciantes – ao todo, 155 empresas receberam mais de 880 milhões de visualizações. Dos mais de 400 vídeos analisados, apenas 70 foram tirados do ar.
Influenciadores e a domesticação de animais selvagens
Em abril deste ano, o caso de uma capivara, chamada "Filó", e do influenciador Agenor Tupinambá ganhou atenção nacional, após o homem ser denunciado por maus-tratos e exploração animal.
Agenor costumava compartilhar seu dia a dia com a capivara na plataforma TikTok, onde os dois chegavam a dormir e tomar banho de rio juntos. No entanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), multou o influenciador em R$ 17 mil e o obrigou a apagar os vídeos junto do animal.
O homem alegou que cuidava do bicho e cometeu as infrações sem consciência da gravidade, além de afirmar que não teve retorno financeiro com os vídeos que publicava. Já o Ibama afirmou que promover esse tipo de conteúdo acaba aumentando a procura destes animais, contribuindo para o tráfico, além de ser proibida a posse de animais silvestres de forma irregular.