OPINIÃO

O calor não mente: servidores do meio ambiente são trabalhadores essenciais - Por Ana Pimentel

A crise climática está provocando impactos diretos na saúde pública de maneira preocupante

Créditos: Divulgação/Ibama
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Neste momento crítico da nossa história, em que o calor implacável assola o nosso país após em invernos cada vez mais curtos, é mais do que evidente que a crise climática não é mais uma ameaça distante. Está no suor que insiste em pingar de nossas testas, no sol que derrete os argumentos dos negacionistas do aquecimento global, nos termômetros marcando temperaturas outrora inacreditáveis para a época. Não podemos mais ignorar os sinais alarmantes de um planeta em perigo. 

A consciência ambiental tornou-se uma prioridade global, e o Brasil não pode se isolar dessa realidade. Como vimos recentemente na presidência do G20, a questão ambiental está no centro das discussões. Portanto, é mais do que justo e sensato que consideremos o meio ambiente como uma das áreas essenciais do Estado brasileiro, como tem feito o presidente Lula desde o início deste mandato. A reconstrução de nosso país tem passado por uma luta incansável no sentido de preservar o planeta.

Precisamos agir ontem, em diversas frentes, combinando ações individuais de consciência ambiental e políticas públicas. É com esse senso de urgência e responsabilidade que nosso mandato protocolou um projeto de lei que busca reconhecer os trabalhadores da área de meio ambiente ao mesmo nível que os profissionais da saúde, educação e segurança, no âmbito de realizadores de atividade essencial. Afinal, é por meio do trabalho deles que garantimos nossa maior riqueza: a sobrevivência do planeta e, obviamente, nossa própria.

Esse projeto não é uma mera formalidade; é uma chamada à ação para fortalecer as carreiras que possibilitam a preservação do meio ambiente. Mais do que isso, é um convite para todos nós, enquanto sociedade, refletirmos sobre a urgência de abraçar a consciência socioambiental.

A categoria dos servidores do meio ambiente em Minas Gerais tem travado uma batalha árdua pelo reconhecimento e valorização de suas carreiras. O governador Zema, neste momento, ignora uma decisão judicial que o insta a agir no sentido de atualizar os planos de carreira da categoria. É inaceitável que aqueles que estão na linha de frente na proteção do nosso patrimônio natural e ambiental sejam tratados com desrespeito e negligência por parte do governo estadual.

O calor que temos sentido não mente. A crise climática está provocando impactos diretos na saúde pública de maneira preocupante. O aumento extremo das temperaturas resulta em riscos elevados de insolação, desidratação e até mesmo mortes, afetando especialmente idosos e crianças. Além disso, a poluição do ar agravada pelo clima em mudança está exacerbando doenças respiratórias e cardiovasculares, levando a um crescimento na demanda por tratamento médico.

Além disso, doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue, estão se expandindo devido às alterações climáticas, colocando mais pessoas em risco. A segurança alimentar e o acesso à água potável também estão sob ameaça, o que pode resultar em desnutrição e doenças relacionadas à água. Por fim, a crise climática também tem um impacto muito significativo na saúde mental, com as incertezas e riscos relacionados a eventos climáticos extremos causando estresse e ansiedade.

Diante desses desafios, é fundamental reconhecer a crise climática como uma questão de saúde pública e agir com urgência para mitigar também estes efeitos. Como sociedade, não podemos mais adiar essa responsabilidade. É hora de agir com determinação e cuidar tanto do planeta quanto de nossa saúde.

*Ana Pimentel é vice-líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum