Nesta segunda-feira (16), uma das comportas da Barragem Norte, localizada no município de José Boiteux, em Santa Catarina, emperrou durante operação que tentava abri-la e a estrutura permanecerá fechada por tempo indeterminado.
No domingo (15), a Defesa Civil de SC autorizou a abertura das duas comportas que compõem a barragem, após denúncia feita pelos indígenas do povo Xokleng, que habitam a região, de que a barragem começou a transbordar na madrugada da última sexta-feira (13).
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Com a previsão de mais chuvas para a região, o órgão avaliou que era hora de abrir as comportas para ter espaço no reservatório caso seja necessário fechá-las novamente.
Uma das comportas foi, de fato, aberta. No entanto, ao ser iniciada a abertura da segunda, uma dificuldade técnica fez com que a operação fosse paralisada. Para que o processo seja retomado, é necessário fazer um reparo no sistema hidráulico de controle, que está há quase dez anos sem manutenção, mas não há previsão para que isso aconteça, disse o secretário de Proteção e Defesa Civil de SC, Armando Schroeder.
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Ele explica que é preciso esperar a água baixar para que seja possível fazer uma avaliação minuciosa e o serviço em si e diz ainda que era possível prever o problema.
Problema poderia ter sido evitado
A Barragem Norte, localizada dentro da Terra Indígena Ibirama-Laklaño, onde vive o povo Xokleng, começou a operar em 1992, mas desde 2007 está abandonada.
Mello afirmou que o intuito era reduzir o volume da cheia do rio Itajaí-Açu, que vem causando estragos em diversos municípios da região durante o presente período chuvoso. De acordo com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Barragem Norte foi construída durante o governo militar sobre a terra Xokleng justamente com o intuito de diminuir as enchentes na região.
No entanto, os indígenas apontaram que a medida teria o efeito contrário, acabando por alagar uma série de aldeias estabelecidas nos arredores da usina e oferecer risco de rompimento.
O fechamento das comportas foi contra a recomendação da própria Defesa Civil do estado, que, no dia 5 de outubro, havia descartado a possibilidade de operar a barragem por falta de segurança.
Foi acordado entre o povo Xokleng e o governo do estado que uma série de medidas seriam tomadas para que os indígenas permanecessem em segurança mesmo com o fechamento das comportas. No entanto, as demandas não foram cumpridas.
O acordo firmado no sábado (7) entre a comunidade e as autoridades estaduais previa a desobstrução de vias, equipes de atendimento de saúde 24h, três barcos para atender demandas de transporte sobre a área alagada, ônibus para idas e vindas dos indígenas à cidade mais próxima e fornecimento de água potável e cestas básicas. Além disso, também foi acordado que o Estado reconstruiria em áreas seguras as casas das famílias que se encontram na área de alagamento.
Com a abertura de apenas uma comporta, a Defesa Civil espera que o reservatório volte ao nível mínimo em cerca de duas semanas.