A Barragem Norte, localizada dentro da Terra Indígena Ibirama-Laklaño, no município de José Boiteux, em Santa Catarina, começou a transbordar na madrugada da última sexta-feira (13). O povo Xokleng, que vive na região, teme que as aldeias fiquem alagadas com as fortes chuvas que assolam o estado.
Após descumprimento de um acordo entre os indígenas e o governador Jorginho Mello (PL), a barragem foi fechada para conter as águas do do rio Itajaí-Açu, que vem causando estragos em diversos municípios da região.
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O acordo, porém, previa que para o fechamento da comporta, o governo do estado deveria oferecer compensações ao indígenas, a fim de mitigar os impactos dos alagamentos, como a desobstrução de estradas, atendimento 24h nos postos de saúde do território, fornecimento de cestas básicas e água potável e transporte para que os indígenas possam acessar as cidades da região. Além disso, eles também pediram um laudo que ateste a segurança da barragem, abandonada desde 2007.
Nas imagens a seguir, divulgadas pelos indígenas, é possível ver a barragem transbordando.
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Em outro post no Instagram, os indígenas alertaram que estão sem acesso à luz e Internet para publicarem atualizações e pedir ajuda.
Violência
No sábado (7), a Justiça Federal em Blumenau autorizou a operação de fechamento das comportas. A decisão, assinada pelo juiz Vitor Hugo Anderle, atendia a pedido da Procuradoria do Estado e saiu pouco antes da meia-noite. No entanto, na madrugada, um novo despacho pedia a averiguação técnica da barragem, que não foi feita.
Àquela altura tinha sido feito um acordo entre as lideranças do povo Xokleng, o prefeito de José Boiteux, Adair Antônio Stollmeier, a Defesa Civil, o Ministério Público Federal e o governo do Estado — representado por Jerry Comper, secretário de Infraestrutura.
Durante a madrugada, indígenas montaram barricadas nos acessos da barragem. Com violência, a tropa de choque rompeu as barreiras Xokleng e invadiu o local. Dois indígenas ficaram feridos.
O Ministério dos Povos Indígenas se pronunciou sobre o ocorrido e afirmou que ia enviar agentes da Polícia Federal e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).