DIVERSIDADE

Orgulho LGBTQIA+: Budapeste desafia Orban

Passeata histórica reúne até 200 mil pessoas no coração da Hungria e expõe resistência democrática contra leis anti-LGBTQIA+ do governo de extrema direita

Passeata histórica reúne até 200 mil pessoas no coração da Hungria e expõe resistência democrática contra leis anti-LGBTQIA+ do governo de extrema direita
Orgulho LGBTQIA+: Budapeste desafia Orban.Passeata histórica reúne até 200 mil pessoas no coração da Hungria e expõe resistência democrática contra leis anti-LGBTQIA+ do governo de extrema direitaCréditos: AFP (Attila Kisbenedek)
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Milhares de pessoas participaram da 30ª edição do Budapest Pride, desafiando a tentativa do governo de Viktor Orbán de proibir eventos LGBTQIA+. A passeata, realizada neste sábado (28), percorreu um trajeto simbólico, passando por pontos turísticos marcantes para afirmar que ocupa o coração da capital, mesmo sob os ataques da extrema direita.

A deputada portuguesa Filipa Pinto, do partido Livre, progressista, acompanhou o evento. "Porque o Amor, a Igualdade, os Direitos Humanos e a Liberdade não se proíbem!", escreveu.

Confira outros registros que circulam pelas redes sociais.

O desfile começou em frente à Prefeitura de Budapeste, no Városháza Park, no centro da cidade. De lá, a multidão seguiu pela Avenida Károly körút, uma das principais do centro histórico, e cruzou a ponte Szabadság Híd, famosa estrutura que atravessa o rio Danúbio, ligando o lado leste (Peste) ao lado oeste (Buda). O ato terminou no campus da Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste (BME), uma das instituições mais tradicionais da Hungria, às margens do Danúbio.

A mobilização reuniu entre 100 mil e 200 mil pessoas, segundo estimativas da imprensa internacional — um recorde histórico para o país. A maioria dos participantes era formada por pessoas LGBTQIA+, mas o público também incluiu apoiadores heterossexuais, famílias, estudantes, políticos europeus e ativistas internacionais.

Nova lei anti-LGBTQIA+

Em março, o parlamento húngaro aprovou uma emenda constitucional que proíbe eventos que “representem ou promovam” a homossexualidade para menores, criando brechas para o governo classificar o Pride como ilegal. Orbán justificou as restrições como forma de proteger os “direitos morais e espirituais das crianças”. A nova lei prevê multa de até 200 mil forints (cerca de 586 dólares) e até um ano de prisão para organizadores.

Mesmo assim, o prefeito progressista de Budapeste, Gergely Karácsony, registrou o Pride como evento municipal, garantindo estrutura, segurança e impedindo o cancelamento pelas autoridades nacionais. A polícia monitorou a marcha com câmeras e tecnologia de reconhecimento facial, mas não interveio durante o trajeto.

O ato se tornou mais do que uma manifestação LGBTQIA+: foi um protesto direto contra o autoritarismo de Orbán. Muitos manifestantes gritavam palavras de ordem, lembrando que o Pride era também “um ato político pela democracia e pela liberdade de expressão”. A presença de mais de 70 parlamentares da União Europeia e representantes de 33 embaixadas reforçou o caráter internacional da resistência.

O governo húngaro declarou que a marcha violava a nova lei, mas evitou confrontos diretos durante o evento. Orbán afirmou que não haveria repressão violenta, mas sinalizou possíveis sanções legais futuras para organizadores e participantes.

A superlotação da passeata foi interpretada como um forte recado contra o autoritarismo e em defesa de direitos democráticos. O Budapest Pride 2025 entrou para a história como um ato de resistência vibrante, que reafirma o papel da capital húngara como um polo de diversidade e liberdade, mesmo sob um regime que tenta restringir vozes dissidentes.

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