LGBTFOBIA

Brasil registrou uma morte por homotransfobia a cada 30 horas em 2024; veja os dados

Foram notificadas 291 mortes violentas ao longo do ano, um aumento de 8,83% em relação a 2023

28ª Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo.Créditos: Rovena Rosa/Agencia Brasil
Escrito en LGBTQIAP+ el

Em 2024, o Brasil continuou ocupando a posição de líder mundial em homicídios e suicídios de pessoas LGBT+. Durante o ano, foram contabilizadas 291 mortes violentas, um aumento de 8,83% em relação a 2023, quando ocorreram 257 casos. Isso corresponde a uma pessoa LGBT+ morta violentamente a cada 30 horas. Entre as vítimas, 273 foram assassinadas e 18 tiraram a própria vida.

Os dados foram divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) na última sexta-feira (17). A organização LGBT+ mais antiga da América Latina realiza monitoramento de violência contra essa população desde 1980, totalizando 45 anos de trabalho.

Segundo o GGB, a pesquisa baseia-se em informações coletadas da mídia, redes sociais, blogs e denúncias enviadas diretamente à ONG. No entanto, a ausência de estatísticas governamentais sobre crimes de ódio contra LGBT+ reflete, na visão da organização, a negligência do Estado, que não implementa políticas públicas para financiar ou incentivar a produção de dados específicos. Como resultado, os números apresentados são subnotificados, representando apenas uma fração da realidade.

Além dos casos confirmados, outros 32 estão sob investigação. Caso sejam validados como relacionados à violência contra pessoas LGBT+, o total de mortes violentas poderá chegar a 323

Números

Segundo os dados, São Paulo, o estado mais populoso do país, liderou, em termos absolutos, a violência letal contra os LGBT+, com 53 mortes. A Bahia, por sua vez, apesar de ter ficado em segundo lugar, com 31 mortes, foi o estado mais perigoso para LGBTs em 2024. Em seguida, no terceiro lugar, o Mato Grosso do Sul registrou 24 mortes lgbtfóbicas, mesmo tendo uma população cinco vezes menor que Minas Gerais, que teve 22 registros. 

A distribuição por região das mortes violentas, por sua vez, manteve Sudeste e o Nordeste ( ambas com  34,02%) na liderança dos registros de mortes violentas contra pessoas LGBT+, mantendo a tendência observada no ano anterior. Juntas, as duas regiões somaram 198 casos, enquanto as demais (Norte, Centro-Oeste e Sul) contabilizaram 93, menos da metade do total de homicídios homotransfóbicos ocorridos no Sudeste e Nordeste.

Das 291 mortes violentas de pessoas LGBT+ registradas em 2024, são 165 gays, 96 travestis e mulheres trans, 11 lésbicas, 7 bissexuais e 6 homens trans. Também foram contabilizados 6 heterossexuais, vítimas de homotransfobia por serem confundidos com LGBT+, defenderem membros da comunidade ou estarem associados a espaços de socialização LGBT+.

Analise 

Embora os dados do GGB tenham enfrentado críticas nos último anos --- principalmente por serem os únicos, ao lado do Antra, a realizarem o levantamento de mortes de LGBTs ---,  o grupo afirma ter aprimorado ao longo do tempo as suas ferramentas de análise. Uma das principais dificuldades é a definição do critério de identificação do crime de homofobia e as subnotificação dos dados.

De acordo com o Prof. Luiz Mott, fundador do GGB e idealizador do levantamento, “diversos LGBT+ foram mortos devido a seu envolvimento com drogas, crimes que à primeira vista não estariam diretamente relacionadas à homotransfobia". No entanto, avalia Mott, "detalhes cruciais da biografia das vítimas indicam inegavelmente a presença persecutória da lgbtfobia estrutural, que empurra travestis e gays para o perigoso e fatídico consumo de bebidas e entorpecentes, muitas vezes como estratégia para enfrentar a baixa-estima e depressão motivada pela apartação social". 

Confira o relatório na íntegra

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar