Anita Bryant, ex-Miss Oklahoma e cantora pop dos anos 1960, que mais tarde se tornou porta-voz dos produtores de laranja da Flórida e ativista evangélica contra os direitos gays, faleceu em 16 de dezembro, aos 84 anos. A informação foi confirmada por sua família na última quinta-feira (9).
Nascida em Barnsdall, Oklahoma, em 25 de março de 1940, Bryant iniciou sua carreira artística ainda criança, aos seis anos, com apresentações em programas locais de TV e rádio. Aos 12 anos, já era estrela de seu próprio programa, The Anita Bryant Show, transmitido pela WKY. Famosa por sua imagem conservadora e com o apoio do ex-presidente Lyndon B. Johnson, conquistou fama nas paradas musicais com sucessos como "Till There Was You", de The Music Man, e "Paper Roses". Além disso, ficou conhecida como garota propaganda do suco de laranja da Florida Citrus.
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A ‘Boa Moça’ contra os gays
Nenhuma marca do seu estrelado, no entanto, superou seu papel como porta-voz da direita religiosa, tornando-se, assim, uma das figuras centrais do movimento anti-gay moderno.
No final da década de 1970, Bryant se envolveu ativamente em questões políticas e sociais, tornando-se uma importante porta-voz contra os direitos LGBTQ+ e liderando a campanha Save Our Children, que visava revogar uma lei que proibia a discriminação com base na orientação sexual no condado de Dade, Flórida. Bryant defendia abertamente a proibição de que pessoas LGBT se declarassem publicamente.
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Em uma entrevista à Playboy em 1978, afirmou que se opunha aos direitos gays por acreditar que eles buscavam “privilégios especiais” que violavam leis estaduais e religiosas.
“Eu me envolvi apenas porque eles estavam pedindo privilégios especiais que violavam a lei estadual da Flórida, sem mencionar a lei de Deus. … Deus diz que o salário do pecado é a morte, e um pequeno pecado traz outro. O ato homossexual é apenas o começo da depravação. Então leva a – qual é a palavra? – sadomasoquismo. Só piora à medida que avança. Você vai mais e mais fundo no ralo e isso se torna tão pervertido e você entra no álcool e nas drogas e é tão podre que muitos homossexuais acabam cometendo suicídio. O pior é que hoje em dia, tantos homens casados com filhos que não têm um casamento feliz estão indo aos bares gays em busca de satisfação. Se não tomarem cuidado, vão se envolver totalmente nisso.”, argumentou Bryant à revista.
Sua declaração de que "ama homossexuais, mas odeia seus pecados" se tornou um mantra para os evangélicos.
Queda em Desgraça
Em 1980, após a intensa campanha anti-gay, a carreira de Bryant entrou em colapso devido ao boicote promovido pelo movimento LGBT. Com a perda de contratos importantes, incluindo uma série de shows e programas de TV, até o tradicional suco de laranja, do qual Bryant foi porta-voz, entrou na mira: os bares começaram a substituir o coquetel "Screwdriver" (vodca com suco de laranja) por uma mistura de vodca e suco de maçã, chamada de "coquetel Anita Bryant".
Em 1977, Bryant foi atingida com uma torta na cara pelo ativista Thom Higgins durante uma entrevista coletiva em Des Moines, Iowa. Em resposta, fez uma referência depreciativa à homossexualidade, gerando ainda mais controvérsia.
Em 2021, uma das netas de Bryant anunciou seu casamento com uma mulher.
Anita Bryant deixa seu marido, quatro filhos, duas enteadas e sete netos.