Nesta segunda-feira, dia 19 de agosto, é comemorado o Dia do Orgulho Lésbico no Brasil. A data tem o objetivo de celebrar a vivência de mulheres lésbicas, mas também cobrar políticas públicas para essa população, ainda vítima de muita violência no país.
A data faz uma homenagem a uma grande manifestação realizada em 1983, em São Paulo, por mulheres lésbicas. O ato foi organizado pelo Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF) no Ferro’s Bar, um bar conhecido na capital paulista por ser ponto de encontro de membros da comunidade LGBTQIAPN+.
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Porém, apesar de acolher pessoas da comunidade, as mulheres lésbicas, suas vivências e suas lutas ainda eram invisibilizadas naquele ambiente. À época, o GALF produzia um boletim chamado "Chana com Chana", dedicado ao ativismo lésbico. Porém, o proprietário do bar proibiu a venda da publicação e a permanência das autoras no local.
Em resposta, o grupo de ativismo lésbico reuniu diversas manifestantes para protestar contra o bar. O ato ficou conhecido como a primeira grande ação de mulheres lésbicas, dando origem à data comemorada no dia 19 de agosto. Como resultado, o dono do bar garantiu que não iria mais interferir na venda do boletim.
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A manifestação chegou a ser chamada de “Stonewall brasileiro”, em referência ao protesto ocorrido nos Estados Unidos, em 28 de junho de 1969, contra a perseguição policial e repressão aos LGBTQIAPN+ em Nova York, especificamente no bar Stonewall Inn. O ato deu origem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT.
Importância da data
Além de ser importante para que mulheres lésbicas reforcem o orgulho de serem quem são, a data também chama atenção para a importância de políticas de combate à violência contra essa população, de acolhimento, de promoção da cidadania e outros direitos políticos.
De acordo com levantamento do Grupo Gay da Bahia, o Brasil continua liderando como o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo, pela 14ª vez consecutiva, de acordo com dados de 2023. Já segundo o 1° Lesbocenso Nacional referentes aos anos de 2021 e 2022, 79% de mulheres lésbicas já sofreram lesbofobia; 7% tiveram uma conhecida que sofreu violência por ser lésbica/sapatão e 6% conheceram uma mulher que morreu por ser lésbica.
Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, obtidos através do Disque 100, mostram que apenas nos primeiros oito meses de 2023 houve 5.036 violações contra pessoas lésbicas no Brasil.
Um problema apontado pelo ministério é que até 2022 não havia distinção entre gays e lésbicas, apenas a opção “homossexual” e por isso não é possível fazer uma comparação. Outros dados também indicam os índices de violência contra a comunidade LGBTQIAP+ no geral.
O Observatório de Mortes e Violências contra LBGTI+ no Brasil informa que houve, em 2022, a ocorrência de 273 mortes dessas pessoas de forma violenta no país. Do total, 228 (83,52%) são assassinatos, 30 (10,99%) suicídios e 15 (5,49%) correspondem a mortes por outras causas.