A maioria (60%) das pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ sofre violência de seus próprios parentes, segundo uma pesquisa da organização Gênero e Número com apoio da Fundação Ford.
No mês e Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, esse dado vem reforçar uma realidade cruel para esse público: o ódio que recebem da sociedade começa, muitas vezes, dentro de suas próprias casas.
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Em outro estudo divulgado em maio pelo Instituto Pólis com foco em casos de violência LGBTfóbica na cidade de São Paulo, também mostrou que quase metade (49%) das violências física e psicológica ocorreram dentro de casa.
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A professora e dirigente nacional da União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (UNALGBT), Lívia Miranda, ressaltou que o mês de Junho é um período importante para aprofundar a compreensão sobre ser uma pessoa LGBTQIAPN+ no Brasil, "porque nascer com uma orientação sexual que não seja heteronormativa, ou com uma identidade de gênero diferente daquela biológica, coloca sobre nós um alvo de todo tipo de violência".
"Somos expulsas de casa, apanhamos nas nossas próprias casas da nossa família, somos vítimas de assédio de todas as maneiras, temos dificuldade em conseguir emprego e, principalmente, somos violentadas nas escolas", acrescentou Miranda, em entrevista ao O Globo.
A dirigente também comentou sobre a invisibilidade da população LGBTQIAPN+ em relação às políticas públicas. No censo de 2022, não houve coleta de dados desse público, o que impossibilita ações governamentais direcionadas às suas necessidades, principalmente referentes às violências que sofrem diariamente.
Apenas se tem dados sobre a realidade da população LGBTQIAPN+ porque organizações autônomas se dispõem a mapeá-las. "Quem sobrevive a tudo isso carrega em si marcas de muitas histórias. Grande parte de nós não consegue resistir e é lamentável saber que não temos nenhum mecanismo oficial de mapeamento da violência, nem dos dados da nossa população no Brasil. Apenas iniciativas não-governamentais que integram o movimento social que se predispõe e mapear essas informações", declarou Miranda.