PRISÃO À VISTA

André Valadão vira alvo de inquérito do MP - e não é pelo culto em que prega morte de pessoas LGBT

Pastor bolsonarista responderá a investigação criminal a partir de denúncia feita pela deputada federal Erika Hilton

O pastor André Valadão com o ex-presidente Jair Bolsonaro.Créditos: Reprodução
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O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) decidiu, nesta segunda-feira (3), abrir um inquérito para investigar crime de homofobia supostamente cometido pelo pastor bolsonarista André Valadão

Neste domingo (2), durante culto evangélico realizado em Orlando (EUA) e transmitido para brasileiros através das redes sociais, Valadão incitou os fiéis a assassinarem pessoas LGBTQIA+ ao dizer que Deus, "se pudesse, matava tudo". 

"Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal [a homossexualidade] aquilo que a Bíblia já condena. Agora é hora de tomar as cordas de volta e dizer: 'não, pode parar, reseta'. Aí Deus fala, 'não posso mais, já meti esse arco-íris, se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então, agora está com vocês'. Você não pegou o que eu disse: agora está com você. Eu vou falar de novo: está com você", disparou o pastor. 

O inquérito aberto pelo MP-MG, no entanto, se deve a outras declarações - também homfóbicas - de André Valadão. O órgão vai apurar, a partir de denúncia feita pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), falas do bolsonarista feitas em um culto no mês de junho, no qual afirmou que Deus "repugna" o Mês do Orgulho LGBTQIA+. 

"Considero que hoje é o mês que Deus mais repugna na humanidade (...) Odeia e repugna qualquer atitude de orgulho, só o uso da palavra Deus já condena", afirmou o pastor na celebração que é alvo da investigação do MP. 

Contarato pede prisão de André Valadão

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) informou nesta segunda-feira (3) que vai acionar o Ministério Público Federal (MPF) solicitando investigação criminal contra o pastor bolsonarista André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, por pregação em que incita os fiéis a assassinarem pessoas LGBTQIA+

As declarações homofóbicas, que configuram crime, foram proferidas por Valadão em culto evangélico no último domingo (2) realizado nos Estados Unidos e transmitido para fiéis brasileiros através das redes sociais. 

"Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal [a homossexualidade] aquilo que a Bíblia já condena. Agora é hora de tomar as cordas de volta e dizer: 'não, pode parar, reseta'. Aí Deus fala, 'não posso mais, já meti esse arco-íris, se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então, agora está com vocês'. Você não pegou o que eu disse: agora está com você. Eu vou falar de novo: está com você", disparou o pastor, incitando os espectadores a matarem pessoas LBTQIA+. 

Para Fabiano Contarato, a pregação de Valadão incorre em homofobia explícita e, por isso, vai acionar o MPF para que o pastor seja alvo de inquérito criminal - que pode, inclusive, levar o líder religioso à prisão. 

“Apesar de ele estar nos Estados Unidos, os telespectadores estão no Brasil, e o Judiciário brasileiro já tem jurisprudência para tratar casos assim. Além disso, a homofobia pode ser enquadrada como crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, com penas que podem chegar a 5 anos de prisão”, afirma Contarato. 

O senador, que é homossexual e ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, destaca que os Poderes brasileiros não podem permitir que discursos de ódio sejam disseminados livremente, seja presencialmente ou pelas redes sociais.

“Em um país em que uma pessoa LGBT é morta a cada 32 horas, é inadmissível que tenhamos pessoas que se dizem líderes religiosas incitando a violência e o assassinato em massa. A liberdade, seja de expressão ou religiosa, acaba quando o discurso vai contra a vida de qualquer pessoa. Esse homem não representa Deus e muito menos os ensinamentos cristãos. Deus é amor, é união, é respeito, jamais discurso de ódio e de intolerância”, pontua o petista.