Duas estudantes de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto denunciaram um professor por transfobia. Após a decisão da instituição de ensino de implementar o banheiro livre de gêneros, o docente teria ameaçado e ofendido as mulheres.
Louíse Rodrigues e Silva e Stella Branco são as primeiras mulheres transexuais a frequentarem o curso. Segundo Louíse, enquanto ela e a colega estavam confraternizando com seus amigos, o professor Jyrson Guilherme Klamt se aproximou e começou a zombar do uso dos banheiros.
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De acordo com o Diretório Central de Estudantes (DCE), a situação ocorreu na primeira semana de novembro, na hora do almoço, nas dependências do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina. A Faculdade de Medicina investigará o caso.
“Esse professor se aproximou já em tom de deboche e ironia sobre a questão do dia anterior [inauguração do banheiro livre] e começou a falar coisas de formas irônicas, pejorativas. Ele emendou e perguntou pra mim qual banheiro eu iria usar a partir de agora. Nesse momento eu devolvi perguntando qual banheiro ele achava que eu deveria utilizar. Ele não respondeu e voltou a falar o quão absurdo ele achava pessoas trans usarem o banheiro de acordo com o gênero que se identificam e que a faculdade já não era mais a mesma”, contou Louíse ao portal G1.
Stella conta que começou a argumentar junto de Louíse durante a discussão, a fim de confrontar o professor, que teria mencionado que as alunas trans “saíriam mortas” dos banheiro, caso o dividissem com sua filha.
“O que parece pra mim é que muitas vezes pelo fato de ser docente, a pessoa se sente muito blindada e protegida por esse cenário. Eu falei pra ele que essa sensação de impunidade que ele tem é falsa e daí ele disse que estava perdendo a paciência comigo e fez de levantar pra me agredir, confrontar. Ele foi barrado, seguraram ele pra que ele não fizesse isso”, disse Stella.
As duas estudantes, que estão no último ano da graduação, foram até uma delegacia para abrir um boletim de ocorrência contra Jyrson. Além disso, duas testemunhas que estavam presentes durante a situação as acompanharam.
"É um absurdo que ainda haja na Universidade de São Paulo tamanha violência e que tais agressores saiam impunes, enquanto as vítimas dessa situação violenta sejam negligenciadas e mal recebem o apoio da faculdade", diz o DCE, em nota.
Jyrson foi entrevistado pela EPTV, da TV Globo, e negou ter sido transfóbico ou que tivesse intenção de ofender as estudantes. Segundo o professor, sua aproximação foi realizada a fim de questionar como as alunas gostariam de ser tratadas, mas a resposta de ambas teria sido "agressiva".