Energia Nuclear

Por que o Brasil não tem arma nuclear? Conheça mais sobre o projeto atômico brasileiro

O Brasil tem uma dos programas nucleares mais desenvolvidos da América Latina. Saiba mais

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Historiadora e professora, formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Escreve sobre história, história politica e cultura.
Por que o Brasil não tem arma nuclear? Conheça mais sobre o projeto atômico brasileiro
Usina nuclear Angra 1. wikipédia

Muitos sabem que apenas alguns países no mundo possuem armas nucleares, e o Brasil não está entre eles. No entanto, o que poucos conhecem é que o país possui um programa nuclear robusto, com objetivos estratégicos, científicos e energéticos. Mas do que exatamente se trata esse programa? Como ele começou? Qual é sua situação atual? Descubra a seguir.

O início do programa nuclear brasileiro

O programa nuclear brasileiro teve início ainda na década de 1950, durante o governo do presidente Getúlio Vargas. A motivação principal era o desejo de dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos, como a produção de energia elétrica e o desenvolvimento científico. No contexto da Guerra Fria, havia também um interesse estratégico em não ficar para trás na corrida tecnológica mundial.

Ao longo das décadas seguintes, o Brasil estabeleceu acordos com diversos países, como os Estados Unidos, Alemanha e França, com o objetivo de desenvolver tecnologia própria. Em 1979, foi criado o Programa Nuclear Paralelo, conduzido de forma sigilosa pelas Forças Armadas, com foco na autonomia do ciclo do combustível nuclear.

Usina de Hexafluoreto de Urânio
(foto: wikipédia)

Um dos maiores avanços do Brasil foi o domínio do ciclo do combustível nuclear, que envolve desde a mineração do urânio até o enriquecimento e o reaproveitamento do material. Esse processo é conduzido principalmente pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela Marinha, que desenvolveu uma tecnologia própria de enriquecimento por ultracentrifugação — considerada uma das mais avançadas e seguras do mundo.

O domínio desse ciclo garante ao país a capacidade de operar suas usinas nucleares sem depender de fornecedores estrangeiros, o que é estratégico tanto do ponto de vista energético quanto geopolítico.

Usinas nucleares em operação

Atualmente, o Brasil possui duas usinas nucleares em operação — Angra 1 e Angra 2 — localizadas no estado do Rio de Janeiro. Uma terceira usina, Angra 3, está em construção há décadas, com obras retomadas recentemente. Juntas, essas usinas contribuem com cerca de 3% da matriz elétrica nacional.

Um dos projetos mais ambiciosos do programa é o desenvolvimento do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear, o Alvaro Alberto, em homenagem ao cientista pioneiro da energia nuclear no Brasil. O projeto é liderado pela Marinha e representa um marco na defesa nacional, pois um submarino com propulsão nuclear pode permanecer submerso por muito mais tempo, aumentando significativamente sua capacidade de dissuasão.

Presidente Lula visitando um laboratório de geração nucleoelétrica
(foto: wikipédia)

Compromissos internacionais e paz

Embora tenha a tecnologia necessária, o Brasil optou por não desenvolver armas nucleares. O país é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e do Tratado de Tlatelolco, que proíbe a presença de armas nucleares na América Latina e Caribe. Além disso, o Brasil permite inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em suas instalações, reforçando seu compromisso com o uso pacífico da energia nuclear.

O programa nuclear brasileiro é um dos mais avançados entre os países que não possuem armas nucleares. Com foco na produção de energia, inovação tecnológica e defesa nacional, o Brasil demonstra que é possível desenvolver capacidades nucleares com responsabilidade, transparência e em conformidade com os acordos internacionais.

 

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