Em 1921, ano em que o movimento fascista da Itália ganhou 35 assentos nas eleições ao parlamento italiano e alinhou as forças conservadoras do país aos temas do Manifesto Fascista de 1919, nasceu, na pequena comuna nortenha de Reggio Emilia, Annita Malavasi.
Quem foi Annita Malavasi
Ela, cuja história é pouco conhecida fora da província camponesa de que vem, nasceu numa família de alinhamento antifascista, cresceu em contato com a ideologia socialista, e seu irmão mais velho, um guerrilheiro, influenciou Annita a se unir, desde cedo, aos esforços da resistência contra o movimento fascista italiano.
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Em 1943, após Mussolini, que chegou ao poder cerca de uma década antes da ascensão de Hitler e do nazismo, ter sido deposto como primeiro-ministro, a Itália continuava sob a influência do controle nazista, já que a Alemanha havia sido declarada seu aliado três anos antes, em 1940, no auge da Segunda Guerra Mundial.
Foi durante esse período que Malavasi passou a atuar, de maneira secreta e como podia, em auxílio às forças de resistência.
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A contrabandista da Resistência Italiana
De acordo com a revista Smithsonian, com apenas 22 anos, Annita começou a "contrabandear" publicações proibidas pelo governo italiano aos exilados do regime fascista, que se escondiam nas montanhas de regiões afastadas. Além de documentos, ela também carregava suprimentos de defesa, como armas e munições, que escondia perigosamente sob a roupa.
"Um dia", conta a revista, "ela foi de bicicleta até um ponto de checagem [do regime], carregando duas bolsas pesadas no guidão — cada uma delas com uma bomba escondida".
Ela usava de artimanhas pouco confortáveis para executar sua função de espionagem e contrabando, como apelar para "decotes reveladores" e flertar com policiais do sistema a fim de passar despercebida pelas forças da oposição.
Durante a Resistência Italiana, movimento de luta contra a ocupação nazista da Itália (em atividade entre 1943 e 1945), apesar de seu forte alinhamento político, Malavasi ajudou soldados do Eixo (a aliança fascista formada por Alemanha, Itália e Japão durante a Segunda Guerra) a abandonar seus postos, em ocasião do armistício de 8 de setembro de 1943, firmado entre o governo italiano e os Aliados.
De acordo com ela, a ajuda foi baseada apenas em "princípios humanitários", e, como mulher, ela havia "salvado os filhos de outras mulheres".
Partido Comunista e movimento sindicalista
Depois de finda a guerra, Malavasi decidiu se juntar ao Partido Comunista da Itália, e foi uma das fundadoras do Grupo de Defesa Feminina italiano. Nos anos seguintes, passou a envolver-se cada vez mais em atividades sindicais.
Foi secretária provincial do setor têxtil de um dos maiores sindicados da Itália, o CGIL, além de chefe da comissão de mulheres da cúpula local dos sindicatos de categoria.
Também foi membro do Conselho Nacional e da Coordenação Feminina, e, já aposentada, colaborou com o Instituto de História da Resistência e da Sociedade Contemporânea de sua província natal, Reggio Emilia.
Ela morreu em 2011, aos 90 anos de idade, acometida por um câncer de pulmão.