O ataque retaliatório lançado pelo Irã contra Israel nesta sexta-feira (13), com mísseis balísticos e drones sobre Jerusalém e Tel Aviv, provocou reações imediatas e divergentes ao redor do mundo. Enquanto aliados ocidentais de Israel expressaram apoio à sua defesa, nações do Oriente Médio e entidades internacionais apelaram por contenção e alertaram para o risco de uma escalada regional.
Estados Unidos reforçam apoio a Israel
O presidente dos EUA, Donald Trump, classificou a operação israelense como “bem-sucedida” em conversa com jornalistas nesta sexta-feira e exigiu que o Irã retome as negociações nucleares, ameaçando “ataques ainda mais brutais” caso isso não ocorra.
Te podría interesar
Pela sua rede social, a Truth Social, Trump fez duas postagens sobre a escalada do conflito entre Israel e Irã. Ele afirmou que deu a Teerã várias oportunidades para firmar um acordo nuclear, mas que o país "simplesmente não conseguiu".
Trump afirmou que líderes iranianos linha-dura “estão mortos” e alertou que novos ataques, ainda mais brutais, podem ocorrer. Ele concluiu pedindo que o Irã aceite um acordo antes que “não sobre nada”.
Te podría interesar
Em uma segunda postagem ele comentou novamente sobre o ultimato que deu a Teerã.
"Há dois meses, dei ao Irã um ultimato de 60 dias para 'fechar um acordo'. Eles deveriam ter feito isso! Hoje é o dia 61. Eu disse o que eles precisavam fazer, mas simplesmente não conseguiram. Agora, talvez, tenham uma segunda chance!", escreveu.
Segundo o Departamento de Estado, os EUA não participaram diretamente da ofensiva contra o Irã, mas asseguraram que protegerão seus interesses na região. Congressistas de ambos os partidos manifestaram apoio à resposta israelense, embora alguns tenham defendido esforços diplomáticos paralelos.
Reino Unido e União Europeia pedem contenção
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o ministro das Relações Exteriores David Lammy condenaram a escalada e pediram retorno à diplomacia.
Starmer fez uma postagem em sua conta no X na qual manifestou preocupação com a escalada de tensão no Oriente Médio.
"As notícias sobre esses ataques são preocupantes, e instamos todas as partes a recuarem e reduzirem as tensões com urgência. A escalada não beneficia ninguém na região. A estabilidade no Oriente Médio deve ser prioridade, e estamos dialogando com parceiros para promover a desescalada. Este é o momento de moderação, calma e retorno à diplomacia", escreveu.
O presidente da França, Emmanuel Macron, condenou o programa nuclear do Irã e reafirmou o direito de Israel à autodefesa após a troca de ataques entre os dois países. Em um extenso comunicado pelas redes sociais, ele convocou o Conselho de Defesa e Segurança Nacional e prometeu medidas para proteger cidadãos franceses e missões no Oriente Médio.
Macron apelou por máxima contenção e desescalada do conflito e afirmou estar em contato com líderes regionais e aliados ocidentais para evitar um agravamento da crise. Para ele, a paz e a segurança na região devem ser a prioridade.
O chanceler alemão Friedrich Merz declarou apoio ao direito de Israel à autodefesa e alertou para o risco de escalada após os ataques entre Israel e Irã. Após conversa com Netanyahu, Merz criticou o programa nuclear iraniano, considerado uma ameaça regional, e defendeu ações diplomáticas com EUA, França e Reino Unido para conter o conflito. A Alemanha também reforçará a segurança de cidadãos na região e de comunidades judaicas em seu território.
Oriente Médio dividido
Omã, tradicional mediador entre Irã e Estados Unidos, criticou Israel e responsabilizou Tel Aviv pela escalada. Arábia Saudita e Turquia condenaram os bombardeios israelenses e pediram que a crise seja resolvida por vias diplomáticas.
No entanto, grupos armados aliados ao Irã — como o Hezbollah e o Hamas — não anunciaram ofensivas em resposta, refletindo sua fragilidade após operações israelenses desde 2023. A Síria, sob o regime de Bashar al-Assad, permanece instável e também não respondeu de forma direta.
China, Rússia e Brasil apelam ao direito internacional
A China, por meio de declaração do porta-voz Lin Jian, do Ministério das Relações Exteriores, feita antes da retaliação do Irã, expressou profunda preocupação com os ataques israelenses à Teerã. Ele disse que Pequim "se opõe a ações que violem a soberania, segurança e integridade territorial do Irã” e criticando a escalada de tensões. Ele reiterou que esse tipo de ação “não serve aos interesses de ninguém” na região e declarou que a China está disposta a “desempenhar um papel construtivo” para reduzir o conflito.
A Rússia chamou os ataques israelenses de “não provocados e ilegais” em violação à Carta da ONU. O Ministério das Relações Exteriores russo, por meio de comunicado, responsabilizou os países ocidentais por fomentar uma “histeria anti-Irã” e destacou que “a diplomacia é a única solução”.
Moscou acusou Israel de sabotar esforços diplomáticos e alertou para o perigo de uma guerra em larga escala. Também criticou países ocidentais por estimularem tensões na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e defendeu uma solução pacífica para o programa nuclear iraniano.
O Brasil, por meio do Itamaraty, emitiu nota classificando os bombardeios de Israel como uma “clara violação da soberania” do Irã e do direito internacional. O governo brasileiro ressaltou que os ataques “ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão” e conclamou todas as partes à “máxima contenção” e ao fim imediato das hostilidades.
A Índia, o Japão e o Paquistão monitoram a situação de perto, com destaque para medidas de proteção a cidadãos e interesses no exterior.
ONU e outras entidades alertam para crise humanitária
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o agravamento da violência e reiterou o apelo por contenção mútua. A OTAN, o G7 e a União Africana expressaram preocupação com o risco de uma guerra regional. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) observou uma elevação nos preços do barril, que variou entre 7% e 11% desde o início dos ataques.
A ofensiva iraniana contra Israel e a resposta militar israelense aumentaram drasticamente a tensão no Oriente Médio, arrastando potências globais para uma nova crise geopolítica. Enquanto as principais potências do Ocidente reafirmam o direito de Israel à autodefesa, países da região e entidades internacionais insistem em frear a escalada. O mundo agora observa com apreensão os próximos movimentos, em um cenário que pode definir os rumos da segurança global nos próximos meses.