RELIGIÃO E POLÍTICA

Deus, Pátria, Família e Trump: a corrida pelo voto evangélico nos EUA

Entre outras metas, a FFC planeja realizar 10 milhões de chamadas voluntárias e enviar 24 milhões de mensagens de texto, além de distribuir 30 milhões de guias para eleitores em 100.000 igrejas

organização cristã busca atrair o voto para Trump.Créditos: Facebook / divulgação FFC
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A Faith & Freedom Coalition (FFC), grupo evangélico americano, alcançou um marco significativo na mobilização de eleitores religiosos para as próximas eleições presidenciais dos EUA. A organização relatou ter batido em 8 milhões de portas em estados cruciais, conforme anunciou seu fundador, Ralph Reed. A FFC visa envolver até 18 milhões de eleitores em sete estados indecisos, incluindo Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin, que juntos representam 93 votos no Colégio Eleitoral.

Ralph Reed destacou a importância desse esforço inédito, afirmando que a eleição está acirrada em todos os estados decisivos e que essa mobilização pode ser determinante. "Esses eleitores estão vindo em números históricos. Isso é mais relevante do que pesquisas baseadas em modelos de comparecimento eleitoral de eleições passadas, que podem não se aplicar em 2024", afirmou Reed.

Em meio ao ciclo eleitoral de 2024, a FFC tem promovido seu trabalho de campo intensivo, contando com 10.000 pesquisadores e voluntários pagos para engajar eleitores religiosos de baixa propensão. A meta da organização é aumentar em 3 a 4 milhões o número de eleitores em comparação a 2020. Entre outras metas, a FFC planeja realizar 10 milhões de chamadas voluntárias e enviar 24 milhões de mensagens de texto para incentivar o voto, além de distribuir 30 milhões de guias para eleitores em 100.000 igrejas.

Apesar do otimismo de Reed, há críticas sobre os esforços de mobilização. Craig Huey, autor de "The Christian Voter: How to Vote For, Not Against, Your Values to Transform Culture and Politics", afirmou em entrevista ao portal Christian Post que muitos evangélicos ainda não estão fazendo o necessário para mobilizar a Igreja a votar conforme seus valores. Huey expressou preocupação com a insuficiência dos esforços para alcançar esses eleitores.

Em uma recente teleconferência com repórteres, Reed refutou a ideia de que os esforços para alcançar eleitores religiosos sejam medíocres, citando um relatório do Centro de Pesquisa Cultural da Universidade Cristã do Arizona. Este estudo estima que 32 milhões de cristãos autoidentificados planejam se abster das eleições de 2024. "Isso não condiz com o que estamos vendo no terreno", disse Reed, prevendo que entre 75% e 90% dos cristãos evangélicos autoidentificados comparecerão às urnas em 2024, superando a taxa de comparecimento geral dos eleitores e dos republicanos.

As pesquisas indicam que Trump e Harris estão próximos nos estados decisivos, reforçando a importância do trabalho de mobilização da FFC para influenciar os 93 votos do Colégio Eleitoral em disputa nesses estados.

Pelo visto, não é só no Brasil que esse fenômeno está acontecendo e isso demonstra cada vez mais como é importante o estudo dos impactos da religião nas eleições no mundo todo e as formas de combater o fundamentalismo que quer impor seus ditames nos países que assim permitirem.