O presidente da China, Xi Jinping, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizaram uma conversa telefônica nesta quarta-feira (5) para discutir o estado das relações bilaterais e o futuro da cooperação econômica entre as duas maiores economias do mundo.
De acordo com comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China, durante a ligação, Xi destacou que recalibrar o rumo da relação sino-americana exige “assumir o leme e traçar o curso correto”, evitando interferências externas que prejudiquem o diálogo.
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O presidente chinês mencionou como avanço a reunião econômica e comercial entre altos funcionários dos dois países realizada recentemente em Genebra, classificada por ele como “um passo importante” na busca por soluções consensuais e bem recebida tanto pelas sociedades dos dois países quanto pela comunidade internacional.
Xi afirmou que o diálogo e a cooperação são “a única escolha correta” e defendeu a consolidação do mecanismo de consulta econômica já existente. Ele reiterou que a China está disposta a negociar com sinceridade, mas manterá seus princípios.
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“Os chineses sempre honram e cumprem o que foi prometido”, afirmou, cobrando que os EUA reconheçam o progresso feito até agora e retirem as “medidas negativas” impostas contra empresas chinesas.
O presidente chinês também sugeriu que os dois países ampliem a comunicação em áreas estratégicas como política externa, comércio, defesa e segurança, com o objetivo de construir consensos e evitar mal-entendidos.
Na conversa, Xi alertou Trump sobre a sensibilidade da questão de Taiwan, pedindo que os Estados Unidos ajam com cautela e responsabilidade para impedir que “forças separatistas pró-independência” coloquem China e EUA em rota de confronto. O tom do alerta reforça o posicionamento firme de Pequim sobre a integridade territorial chinesa.
Xi convidou Trump a visitar a China novamente, convite que foi aceito. Ambos os líderes concordaram que suas equipes devem continuar a implementar os compromissos assumidos em Genebra e agendar o quanto antes uma nova rodada de reuniões para avançar na cooperação.
O que disse Trump sobre o telefonema
Pela sua rede social, a Truth Social, e em declarações à imprensa, Trump descreveu a conversa de 90 minutos como "muito boa" e afirmou que ela se concentrou quase exclusivamente em questões comerciais.
O presidente dos EUA destacou que ambos os líderes concordaram em retomar as negociações comerciais, com uma nova rodada de conversas sendo organizada.
O republicano também mencionou que a discussão abordou detalhes do acordo comercial recentemente firmado entre os dois países, especialmente questões relacionadas à exportação de minerais de terras raras, essenciais para a indústria automotiva dos EUA.
Além disso, Trump informou que o presidente Xi o convidou, juntamente com a primeira-dama Melania Trump, para visitar a China, convite que ele aceitou e retribuiu, convidando Xi para visitar os Estados Unidos.
Trump expressou otimismo quanto ao estado atual das relações comerciais entre os dois países, afirmando: "Acho que estamos em muito boa forma com a China e o acordo comercial".
Assista à declaração de Trump publicada na Truth Social aqui.
Segundo o registro da diplomacia chinesa, Trump elogiou a reunião em Genebra, dizendo que foi “muito bem-sucedida” e produziu um “bom acordo”. Ele reafirmou o compromisso dos Estados Unidos com a política de uma só China e disse esperar que a economia chinesa prospere.
O presidente dos EUA também destacou que a colaboração entre os dois países pode render “grandes resultados” e afirmou que o país gosta de receber estudantes chineses em suas universidades.
A conversa marca um momento de relativa distensão após meses de tensão comercial e geopolítica, e sinaliza um possível novo capítulo nas relações entre Washington e Pequim, ainda que cercado de cautela.
O que é o Acordo de Genebra
Assinado em 12 de maio de 2025, o Acordo de Genebra representou um marco na tentativa de conter a escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O pacto estabeleceu uma trégua temporária de 90 dias, com o objetivo de reduzir tarifas bilaterais, eliminar barreiras comerciais recentes e instituir um novo canal permanente de diálogo econômico de alto nível.
Principais termos do acordo
- Corte drástico nas tarifas - Os EUA concordaram em reduzir suas tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China baixou suas próprias tarifas de 125% para 10%.
- Suspensão de medidas não tarifárias - A China comprometeu-se a suspender restrições impostas desde abril, como limitações à exportação de minerais de terras raras e investigações antidumping contra empresas estadunidenses.
- Criação de novo mecanismo de consulta bilateral - O acordo instituiu um canal formal de consultas econômicas e comerciais entre autoridades dos dois países, com encontros periódicos e foco na resolução de disputas estruturais.
Leia aqui o comunicado conjunto em inglês
Apesar da trégua, os desentendimentos continuam. Washington acusa Pequim de descumprir partes do acordo — especialmente no que diz respeito às exportações de minerais estratégicos.
A China, por sua vez, reagiu com críticas às novas restrições dos EUA, como controle de exportação de chips de inteligência artificial e revogação de vistos estudantis, alegando que essas medidas violam o espírito do pacto.
O Acordo de Genebra é visto como um gesto de boa vontade entre as duas potências, mas seu sucesso depende da implementação prática dos compromissos assumidos e da capacidade de ambos os lados em conter pressões políticas internas e geopolíticas. Para investidores, analistas e líderes globais, os próximos passos nas relações EUA-China continuam sendo acompanhados com atenção.