CHINA EM FOCO

China anuncia isenção tarifária para 53 países africanos

Presidente Xi Jinping destaca papel de Pequim como principal parceiro de desenvolvimento da África

Créditos: Xinhua
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Os 53 países africanos que mantêm relações diplomáticas com a China agora contam com isenção total de tarifas para a exportação de todos os seus produtos ao mercado chinês.

O anúncio foi feito pelo presidente Xi Jinping em uma carta enviada à Reunião Ministerial do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), realizada nesta quarta-feira (11) na cidade de Changsha, na província de Hunan.

A medida, de impacto imediato, tem como objetivo impulsionar o comércio bilateral e facilitar o acesso dos produtos africanos ao vasto mercado consumidor chinês.

Além da isenção tarifária generalizada, Xi destacou um pacote adicional de facilidades para os países africanos menos desenvolvidos, com foco na redução de barreiras não tarifárias, como exigências sanitárias, certificações técnicas e procedimentos aduaneiros. Essas ações incluem:

  • Ampliação da cooperação em inspeção e quarentena agroalimentar;
     
  • Simplificação de processos alfandegários e logísticos;
     
  • Programas de capacitação técnica e tecnológica para exportadores africanos;
     
  • Criação de zonas de acesso preferencial a produtos africanos em feiras e plataformas digitais chinesas.

Na mesma carta, Xi Jinping reafirmou o compromisso da China com a implementação das “dez ações de parceria estratégica China-África”, apresentadas originalmente na Cúpula de Pequim em 2024. 

Essas ações abrangem áreas consideradas cruciais para o desenvolvimento autônomo do continente africano e refletem a proposta chinesa de um modelo alternativo de cooperação Sul-Sul. Entre as áreas prioritárias destacadas por Xi estão:

  • Energia limpa e transição verde: apoio a projetos solares, eólicos e de biomassa, além de transferência de tecnologias sustentáveis;
     
  • Saúde pública: envio de profissionais, construção de hospitais e programas de combate a epidemias como malária e ebola;
     
  • Educação e capacitação profissional: concessão de bolsas de estudo, formação de professores, criação de centros linguísticos e redes universitárias;
     
  • Infraestrutura e conectividade: construção de ferrovias, rodovias, portos e corredores logísticos regionais;
     
  • Comércio digital e e-commerce: apoio à digitalização de cadeias produtivas africanas, integração a plataformas chinesas e capacitação em marketing online;
     
  • Inteligência artificial e inovação tecnológica: cooperação em centros de pesquisa, laboratórios conjuntos e treinamentos em IA, robótica e big data.

Ao colocar a parceria com a África no centro de sua estratégia internacional, Xi Jinping sinaliza que a China pretende reforçar seu papel como principal parceiro de desenvolvimento do continente, oferecendo alternativas ao modelo de ajuda tradicional do Ocidente e consolidando os laços geoeconômicos do Sul Global.

Reunião da FOCAC

Com a presença de representantes dos 53 países africanos que mantêm relações diplomáticas com Pequim e da União Africana, o encontro consolidou a China como principal aliada do continente africano na promoção do multilateralismo e da solidariedade Sul-Sul.

Durante a abertura, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, apresentou cinco propostas para aprofundar a cooperação sino-africana: a manutenção da solidariedade do Sul Global, a defesa do livre comércio, o desenvolvimento com ganhos mútuos, a valorização da diversidade cultural e a construção de uma ordem internacional justa.

Declaração de Changsha

O principal documento do encontro, a Declaração de Changsha, reiterou a rejeição conjunta ao protecionismo e ao uso de tarifas como arma política — prática atribuída principalmente aos Estados Unidos. 

Leia aqui a Declaração de Changsa (em inglês)

A declaração enfatiza a necessidade de uma ordem internacional baseada nas regras da Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial do Comércio (OMC), e apresenta a parceria sino-africana como modelo de cooperação autônoma e multipolar.

Entre os avanços práticos estão:

  • Comércio bilateral de US$ 132 bilhões nos primeiros cinco meses de 2025, com crescimento de 12,4%;
     
  • Mais de US$ 1,83 bilhões em novos investimentos chineses no continente;
     
  • US$ 20,6 bilhões em financiamentos para projetos africanos;
     
  • Criação de laboratórios, centros de pesquisa, hospitais, corredores logísticos, redes educacionais e programas de capacitação com mais de 10 mil profissionais formados na China;
     
  • Ampliação da cooperação em segurança, com ações conjuntas no combate ao terrorismo, desminagem, segurança urbana e portuária.

Confira aqui a lista completa de medidas (em inglês)

Intercâmbios culturais

O evento também lançou o Documento Conceitual do Ano China-África de Intercâmbios entre Povos 2026, dedicado a aprofundar os laços culturais e sociais entre as nações. 

Leia aqui o Documento Conceitual do Ano China-África de Intercâmbios entre Povos 2026 (em inglês)

Durante coletiva de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China nesta quarta-feira (11), o porta-voz Lin Jian reforçou que a solidariedade com a África é um dos pilares da política externa chinesa:

“Estamos prontos para usar a chave de ouro da cooperação China-África para abrir as portas de um futuro de desenvolvimento comum”, afirmou.

A 4ª Exposição Econômica e Comercial China-África será inaugurada nesta quarta-feira (12), em Changsha, consolidando o fórum como uma plataforma central para o fortalecimento das relações Sul-Sul em meio à crescente instabilidade geopolítica global.

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