CHINA EM FOCO

Golden Dome: China vê risco de guerra no espaço com projeto de Trump

Potência asiática está ‘profundamente preocupada’ com a violação do Tratado do Espaço Exterior pelos EUA

Potência asiática está ‘profundamente preocupada’ com a violação do Tratado do Espaço Exterior pelos EUA
Golden Dome: China vê risco de guerra no espaço com projeto de Trump.Potência asiática está ‘profundamente preocupada’ com a violação do Tratado do Espaço Exterior pelos EUACréditos: Shutterstock
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A China considera o Golden Dome, projeto de escudo antimísseis de Donald Trump, um risco de transformar o espaço em zona de guerra, criar uma corrida armamentista espacial e abalar o sistema internacional de segurança e controle de armas. 

Durante coletiva de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China nesta quarta-feira (21), a porta-voz Mao Ning apontou que o Golden Dome é mais uma iniciativa ‘America First’ .

"Coloca a segurança absoluta dos EUA acima de tudo. Ela viola o princípio da ‘segurança inalterada para todos’ e prejudicará o equilíbrio e a estabilidade estratégicos globais. A China está profundamente preocupada”, disse.

Pequim pede aos EUA para desistirem do desenvolvimento e implantação de sistemas antimísseis globais e a tomarem ações concretas para aumentar a confiança estratégica entre as grandes potências e preservar a estabilidade estratégica global.

Golden Dome

O “Golden Dome” (Domo Dourado) é um ambicioso projeto de defesa dos Estados Unidos, estimado em aproximadamente US$ 175 bilhões, com previsão de conclusão até o final do atual mandato presidencial, em janeiro de 2029. Para iniciar os trabalhos, já foi alocado um financiamento inicial de US$ 25 bilhões.

Esse sistema será composto por uma complexa rede integrada de satélites e interceptadores espaciais, capazes de detectar e neutralizar ameaças em múltiplas fases — desde o lançamento dos mísseis até momentos críticos próximos ao impacto. A estratégia é construir uma defesa em camadas que combine tecnologias espaciais avançadas e sistemas terrestres para garantir máxima eficácia.

O “Golden Dome” tem como objetivo principal proteger os Estados Unidos contra amea??as emergentes, incluindo mísseis hipersônicos e sistemas de bombardeio orbital fracionado, que vêm sendo desenvolvidos por potências como China e Rússia, representando desafios significativos para a segurança nacional americana.

Projeto para o complexo militar-industrial dos EUA

Inspirado no sistema israelense Iron Dome, o "Golden Dome" visa ser significativamente mais abrangente, incorporando tecnologias espaciais avançadas para interceptar mísseis em diferentes estágios de voo.

O orçamento estelar vai para a Lockheed Martin, que lidera o desenvolvimento do Golden Dome. É uma das maiores empresas do complexo militar-industrial dos EUA, responsável por desenvolver tecnologias avançadas para defesa nacional, como o caça furtivo F-35 e sistemas antimísseis. 

Atua em parceria com outras gigantes como Boeing, Northrop Grumman e Raytheon, formando uma rede que sustenta a modernização militar dos EUA. Esses grupos influenciam políticas de defesa, movimentam bilhões em contratos e são atores centrais na estratégia de segurança e inovação de Washington, tanto em governos republicanos quanto democratas.

No site da Lockheed Martin, o Golden Dome é descrito como um sistema de defesa antimísseis em múltiplas camadas para proteger os Estados Unidos contra ameaças avançadas, como mísseis hipersônicos e ataques espaciais. Combina tecnologias espaciais e terrestres para identificar, rastrear e interceptar projéteis em voo.

A Lockheed Martin compara o Golden Dome ao Projeto Manhattan, que criou a bomba atômica: “urgente e crucial para a segurança dos Estados Unidos”. Um paralelo com a Guerra Fria, agora revisitada em disputa tecnológica ao invés de nuclear, e um novo território de disputa: o espaço.

EUA violam o Tratado do Espaço Exterior

A China acusa os EUA de que o Golden Dome viola o Tratado do Espaço Exterior (Outer Space Treaty), o principal acordo internacional que estabelece as normas para as atividades estatais no espaço ultraterrestre, assegurando que o uso do espaço sideral seja pacífico, seguro e benéfico para toda a humanidade.

O tratado foi aberto para assinatura em 27 de janeiro de 1967 e entrou em vigor em 10 de outubro do mesmo ano, tendo sido negociado no contexto da Guerra Fria e da intensa corrida espacial entre EUA e União Soviética. Atualmente, mais de 110 países, incluindo as maiores potências espaciais, são signatários deste acordo.

O tratado é a base jurídica para as operações espaciais internacionais. Regulamenta questões como satélites, estações espaciais, exploração lunar e futuros projetos de colonização. Garante que o espaço não se torne um campo de conflito militar aberto, promovendo a segurança e a paz internacionais.

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