O presidente da China, Xi Jinping, avança na reforma das Forças Armadas chinesas, o Exército de Libertação Popular (ELP), e assina ordens que colocam em prática novas regras.
Xi, que também preside a Comissão Militar Central, emitiu nesta sexta-feira (21) três novos regulamentos relacionados à ordem interna do ELP, ao código de conduta militar e à formação militar.
Te podría interesar
As regras revisadas, que entrarão em vigor a partir de 1º de abril, têm como objetivo transformar plenamente as Forças Armadas do país em forças militares de classe mundial, com foco na prontidão para o combate e no atendimento às necessidades das tropas.
- Ordem Interna Militar: Atualizações focadas na gestão do pessoal militar, abrangendo aspectos como aparência, conduta, procedimentos de licenciamento e treinamento.
- Código de Conduta Militar: Aprimoramento das diretrizes para recompensar desempenhos exemplares, punir infrações e simplificar processos disciplinares.
- Formação Militar: Inclusão de códigos detalhados para a realização de desfiles e paradas militares em diferentes ambientes, como terra, mar, docas e ar.
As alterações nas normas priorizam a prontidão para o combate como dever principal, com uma orientação voltada para a preparação e o engajamento em operações de guerra.
Te podría interesar
Ao aplicar integralmente a estratégia de administração das Forças Armadas em conformidade com a lei, as regras revisadas visam promover uma ordem mais padronizada na preparação para a guerra, no treinamento, nas operações e na vida cotidiana militar.
Modernização das Forças Armadas
Desde que assumiu a liderança do Partido Comunista da China (PCCh) em 2012, Xi Jinping tem colocado em prática o projeto de modernização do ELP. Entre esses esforços, foi deflagrada uma extensa campanha anticorrupção com o objetivo de erradicar práticas ilícitas e fortalecer a lealdade ao PCCh. Essa iniciativa visa transformar o ELP em uma força de combate moderna e disciplinada, alinhada aos objetivos estratégicos do país.
Campanha Anticorrupção nas Forças Armadas
A campanha anticorrupção de Xi Jinping tem como foco tanto altos oficiais quanto funcionários de escalões inferiores, buscando eliminar práticas ilícitas e assegurar a integridade dentro das Forças Armadas. Desde 2012, mais de 120 oficiais de alto escalão foram investigados e punidos por envolvimento em corrupção, incluindo membros da Comissão Militar Central (CMC), órgão máximo de comando militar na China. Essas ações demonstram a determinação do governo chinês em manter a disciplina e a ética dentro das fileiras militares.
Campanha de Politização do Exército
Paralelamente à campanha anticorrupção, Xi Jinping lançou uma iniciativa para reforçar a educação ideológica e a lealdade política dentro do ELP. Essa campanha envolve a promoção dos valores do PCCh, o estudo aprofundado das diretrizes do partido e a integração da liderança partidária em todos os aspectos das operações militares. O objetivo é garantir que as Forças Armadas permaneçam sob o controle absoluto do partido, alinhando-se aos seus princípios e objetivos estratégicos.
Metas de Modernização até 2050
O Exército de Libertação Popular (ELP) da China estabeleceu metas ambiciosas para sua modernização e expansão até 2050, alinhadas aos objetivos estratégicos do país de se tornar uma potência militar de classe mundial.
Metas até 2027: Em 2027, ano que marca o centenário da fundação do ELP, a China pretende alcançar marcos significativos em sua capacidade militar. Espera-se que até essa data o ELP tenha avançado em sua modernização, incluindo melhorias em tecnologia, treinamento e estrutura organizacional, posicionando-se como uma força capaz de gerenciar crises e dissuadir adversários de maneira eficaz.
Metas até 2035: Até 2035, o objetivo é que o ELP conclua sua transformação inicial em uma força "inteligencializada", integrando tecnologias avançadas, como inteligência artificial, big data e computação quântica, em seus sistemas de comando, controle, comunicação, cibernética, inteligência, vigilância e reconhecimento (C5ISR). Essas inovações visam aprimorar a capacidade do ELP de conduzir operações modernas e complexas em múltiplos domínios.
Metas até 2049: Em 2049, ano que celebra o centenário da República Popular da China, a meta é transformar o ELP em uma força militar de classe mundial, desenvolvendo capacidades que rivalizem com as principais potências militares globais. Espera-se que o ELP seja capaz de mobilizar forças em todos os domínios — terrestre, marítimo, aéreo, espacial e cibernético — garantindo a defesa da soberania nacional e apoiando os objetivos estratégicos do país.
Estratégias de modernização
- Tecnologia Avançada: Foco na incorporação de inteligência artificial e big data para aprimorar a eficiência operacional e a capacidade de resposta do ELP.
- Reestruturação Organizacional: Reformas na estrutura de comando e controle para melhorar a coordenação e a eficácia das operações conjuntas.
- Expansão Naval: Desenvolvimento de uma marinha capaz de operar além das "primeiras e segundas cadeias de ilhas", estendendo sua presença ao Pacífico Sul e outras regiões estratégicas.
- Educação e Treinamento: Programas intensivos de treinamento e educação para preparar o pessoal militar para os desafios das guerras modernas e tecnológicas.
Essas iniciativas refletem a determinação da China em fortalecer suas capacidades militares e assegurar que o ELP esteja preparado para enfrentar os desafios de segurança do século 21, consolidando sua posição como uma potência militar global até 2050.
Entenda a estrutura do ELP
O Exército de Libertação Popular (ELP) da China é a força militar da República Popular da China e o braço armado do Partido Comunista Chinês (PCCh). Sua estrutura organizacional e hierárquica é projetada para garantir a liderança absoluta do PCCh sobre as forças armadas e para promover a eficiência operacional em diversos domínios militares.
No topo da hierarquia do ELP está a Comissão Militar Central, que exerce a função de comando supremo das forças armadas chinesas. A CMC é responsável por formular estratégias militares, políticas de defesa e supervisionar todos os ramos do ELP.
O presidente da CMC detém a autoridade máxima sobre as forças armadas e, tradicionalmente, também ocupa os cargos de secretário-geral do PCCh e presidente da China. Atualmente, Xi Jinping desempenha essas funções. Além do presidente, a CMC é composta por vice-presidentes e membros que lideram departamentos e ramos específicos das forças armadas.
O ELP é composto por cinco ramos principais, cada um com funções e responsabilidades distintas:
- Força Terrestre: Encarregada das operações terrestres, incluindo infantaria, blindados e artilharia.
- Marinha do ELP (PLAN): Responsável pelas operações navais e defesa marítima.
- Força Aérea do ELP (PLAAF): Conduz operações aéreas e defende o espaço aéreo nacional.
- Força de Foguetes do ELP (PLARF): Gerencia o arsenal de mísseis estratégicos nucleares e convencionais da China.
- Força de Apoio Estratégico do ELP (PLASSF): Foca em operações cibernéticas, guerra eletrônica e outras formas de guerra não convencional.
Para facilitar o comando e controle operacionais, o ELP está dividido em cinco Comandos de Teatro, estabelecidos em 2016 para substituir as antigas sete regiões militares. Cada comando é responsável por operações em uma região geográfica específica e integra forças de diferentes ramos para operações conjuntas. Os comandos são:
- Comando do Teatro Oriental: Responsável pela região leste da China, incluindo as províncias costeiras e áreas próximas a Taiwan. Suas principais tarefas envolvem patrulhas de prontidão de combate marítimo e aéreo, controle e bloqueio de portos e áreas estratégicas, além de ataques a alvos marítimos e terrestres. O objetivo é testar e aprimorar a capacidade de combate real das tropas em operações conjuntas.
- Comando do Teatro Sul: Responsável pela região sul da China, este comando supervisiona áreas como o Mar do Sul da China e as províncias fronteiriças com o Sudeste Asiático. Suas funções incluem a condução de exercícios de fogo real e a manutenção da segurança nas fronteiras. Recentemente, organizou exercícios navais com fogo real, demonstrando a prontidão e a capacidade operacional das forças na região.
- Comando do Teatro Ocidental: Este comando cobre a vasta região oeste da China, incluindo as regiões autônomas de Xinjiang e Tibete. Suas principais funções são conduzir operações de contraterrorismo e manter a segurança interna nessas áreas. Além disso, o comando se prepara para questões relacionadas às fronteiras, especialmente nas áreas de disputa territorial com a Índia.
- Comando do Teatro do Norte: Responsável pela região norte da China, este comando supervisiona áreas que fazem fronteira com a Rússia e a Coreia do Norte. Suas funções incluem a defesa das fronteiras setentrionais e a manutenção da segurança regional. Embora informações específicas sobre suas operações sejam menos divulgadas, sabe-se que o comando realiza treinamentos e exercícios para garantir a prontidão combativa na região.
- Comando do Teatro Central: Localizado no coração da China, este comando abrange a capital, Pequim, e áreas circunvizinhas. Suas responsabilidades incluem a defesa da capital e a coordenação de operações estratégicas em todo o país. Devido à sua posição central, este comando desempenha um papel crucial na mobilização e no suporte às outras regiões em situações de emergência.
Cada Comando de Teatro do ELP é estruturado para responder às necessidades específicas de sua região, garantindo a segurança nacional e a prontidão operacional em todo o território chinês.
Dentro de cada ramo e comando, a estrutura hierárquica do ELP é organizada de maneira a garantir eficiência e controle. As unidades básicas incluem companhias, batalhões, regimentos e brigadas, escalando até divisões e corpos de exército, dependendo do ramo e da função específica.
Além disso, o ELP mantém um sistema de comissários políticos em todas as unidades, cuja função é assegurar a lealdade ao PCCh, manter a unidade e elevar o moral das tropas. Este sistema de comissários políticos é uma característica distintiva das forças armadas chinesas, refletindo a integração entre o partido e o exército.