O brasileiro Evandro Menezes de Carvalho foi anunciado como membro do recém-criado Comitê Político do Conselho Mundial de Sinólogos. A iniciativa, divulgada nesta terça-feira (7), marca a criação de dez comitês especializados que visam aprofundar estudos e promover intercâmbios acadêmicos globais nas principais áreas da sinologia.
“É um marco na construção do Conselho Mundial de Sinólogos. Tenho a imensa honra de, como fundador do Conselho, integrar o Comitê Político ao lado de especialistas renomados como Gustavo Alejandro Girado, da Argentina; Colin Patrick Mackerras, da Austrália; Jeremy Paltiel, do Canadá; Carsten Boyer Thogersen, da Dinamarca; e Rasheed Mohamed, das Maldivas”, comentou o brasileiro.
O Comitê Político, segundo informações do Chinese Culture Translation and Studies Support (CCTSS), terá como foco principal o estudo do pensamento político tradicional chinês e do modelo de governança moderno.
A área de pesquisa abrange a evolução histórica da cultura política chinesa e suas implicações para a governança global, promovendo um intercâmbio acadêmico profundo entre especialistas chineses e estrangeiros.
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Além do Comitê Político, foram estabelecidos outros nove comitês temáticos: Estudos Religiosos, Medicina Tradicional Chinesa, Filosofia, Linguística, Arte, Literatura, História, Estudos Militares e Economia. Os grupos têm como objetivo fortalecer o diálogo interdisciplinar e expandir a colaboração acadêmica internacional.
Conselho Mundial de Sinólogos
Estabelecido oficialmente em julho de 2022, o Conselho Mundial de Sinologistas reúne mais de 400 especialistas de 63 países, consolidando-se como uma das mais abrangentes redes acadêmicas no campo da sinologia.
Além disso, seu órgão executivo, o Centro Mundial de Sinologia, tem liderado a construção de conselhos nacionais em mais de 30 países, promovendo a integração de pesquisadores locais e a ampliação do impacto acadêmico da sinologia.
Os dez comitês recém-criados têm como objetivo fomentar o estudo de áreas específicas, como religião, literatura, linguística, arte e economia. A iniciativa visa promover intercâmbios acadêmicos frequentes, com conferências e seminários realizados na China e em outros países, fortalecendo o diálogo interdisciplinar e transnacional.
Comitês especializados e áreas de pesquisa
Os comitês foram estruturados para atender a interesses diversos no campo da sinologia:
- Religião: Pesquisas sobre o confucionismo, taoismo, budismo e crenças populares chinesas.
- Medicina Tradicional Chinesa (MTC): Estudos sobre as bases filosóficas e práticas modernas da MTC.
- Política: Análise das tradições políticas chinesas e seu impacto na governança global.
- Filosofia: Abordagem do pensamento chinês e sua interação com outras tradições filosóficas.
- Linguística: Estudos sobre a língua chinesa, incluindo fonética, gramática e ensino.
- Arte: Pesquisa sobre arte tradicional e moderna, abrangendo pintura, música e cinema.
- Literatura: Estudo da literatura clássica e contemporânea, incluindo tradução e comparações culturais.
- História: Pesquisa de temas políticos, sociais e econômicos na história chinesa.
- Militarismo: Análise do pensamento militar chinês e sua influência moderna.
- Economia: Foco no desenvolvimento econômico da China e sua relevância global.
Destaques dos comitês
O comitê de Religião, por exemplo, reúne especialistas como Albert Welter, da Universidade do Arizona, e Terry Kleeman, da Universidade do Colorado, ambos reconhecidos por suas contribuições ao estudo do budismo e taoismo.
Já o comitê de Medicina Tradicional Chinesa (MTC) inclui membros como Sabine Schmitz, da Alemanha, e Roberto González, do México, que trabalham na disseminação global da MTC.
O comitê de Política conta, além do brasileiro Evandro Menezes de Carvalho, com Gustavo Girado, diretor do Centro de Estudos China-América Latina na Argentina, que buscam explorar as implicações globais do modelo político chinês.
Centro Mundial de Sinologia
O Centro Mundial de Sinologia, sediado na Universidade de Língua e Cultura de Pequim, atua como o principal articulador das iniciativas do conselho. Em parceria com o governo da cidade de Qingdao, o centro gerencia uma rede de 5 mil pesquisadores de mais de 100 países, promovendo o intercâmbio acadêmico, traduções, eventos e publicações científicas.
Com essa estrutura, o Centro Mundial de Sinologia busca consolidar a sinologia como uma ponte entre culturas, reforçando o entendimento global sobre a China e ampliando sua influência cultural no cenário internacional.
Construindo pontes entre Brasil e China
Carvalho é especialista brasileiro em direito internacional e relações internacionais com atuação em estudos sobre a China. Ele é professor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF) e também tem um histórico de colaboração acadêmica com diversas instituições internacionais, incluindo a Beijing Language and Culture University (BLCU), onde leciona como professor convidado.
Doutor em Direito Internacional pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestre em Direito Econômico pela mesma instituição. Seu trabalho acadêmico foca em temas como direito internacional público, governança global e o papel da China no cenário internacional. Ele é autor de publicações acadêmicas e análises voltadas para as relações China-América Latina e as implicações do direito internacional nos processos de globalização.
Além de sua atuação acadêmica, ele tem desempenhado um papel relevante como analista e comentarista sobre a política externa chinesa e suas relações com o Brasil e outras regiões do mundo. Ele também é reconhecido por suas contribuições como fundador e membro de importantes iniciativas acadêmicas, como o Conselho Mundial de Sinólogos, onde atualmente integra o Comitê Político.
Carvalho é frequentemente convidado para participar de eventos, conferências e seminários relacionados a sinologia, direito internacional e relações entre a China e outros países, consolidando-se como uma das principais vozes brasileiras no campo dos estudos chineses e das relações internacionais.