CHINA EM FOCO

China acelera expansão no setor espacial e conquista mercado global de satélites

Investimentos em tecnologia, comunicação e sensoriamento remoto colocam empresas chinesas em posição de destaque no setor

China acelera expansão no setor espacial e conquista mercado global de satélites.Investimentos em tecnologia, comunicação e sensoriamento remoto colocam empresas chinesas em posição de destaque no setorCréditos: Grispb (Adobe)
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A startup chinesa de inteligência artificial DeepSeek surpreendeu o mundo com um produto eficiente e barato que abalou o mercado global de tecnologia. Mas os avanços do titã asiático vão além, muito além.

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A China também tem consolidado sua posição como um dos principais players do setor espacial global, impulsionando a produção e o lançamento de satélites de comunicação, navegação e sensoriamento remoto. A presença internacional de empresas da superpotência tem crescido e elas estão competindo em pé de igualdade  com gigantes ocidentais, como a SpaceX, Airbus e Boeing.

Expansão global e parcerias estratégicas

Em 2025, a China Great Wall Industry Corporation (CGWIC), líder em serviços de lançamento comercial e entrega de satélites, completou a entrega do satélite de sensoriamento remoto IRSS-1 para uma empresa de Omã.

Lançado em novembro de 2024, o IRSS-1 pesa 95 quilos e tem uma resolução de um metro, sendo projetado para durar cinco anos. O equipamento será utilizado para monitoramento de desastres, levantamento de terras e florestas e planejamento urbano.

Enquanto isso, a Chang Guang Satellite Technology expandiu sua constelação de satélites Jilin-1, que agora conta com mais de 117 unidades. Segundo Huang Jian, executivo da empresa, em conversa com o jornal chinês Global Times desta sexta-feira (31), essa rede pode monitorar qualquer ponto do planeta cerca de 40 vezes por dia, fornecendo dados atualizados para aplicações comerciais e governamentais.

A empresa também tem planos ambiciosos: em breve, lançará uma nova constelação composta por 200 satélites, com resolução espacial de 20 centímetros, capaz de cobrir toda a superfície terrestre diariamente e revisitar qualquer ponto em três minutos.

Redes de comunicação por satélite mais eficientes

Desde 2014, a China tem incentivado investimentos privados em infraestrutura espacial. Empresas como a Geespace, ligada à montadora Geely, estão desenvolvendo soluções inovadoras.

A empresa atualmente opera 30 satélites de baixa órbita, oferecendo cobertura 24 horas para 90% da superfície terrestre. Seu serviço permite conexão direta entre satélites e veículos autônomos, smartphones e dispositivos eletrônicos inteligentes.

A Spacesail, outra constelação chinesa, fornecerá serviços de comunicação por satélite ao Brasil a partir de 2026. Essa rede oferecerá internet de alta velocidade para regiões remotas e subatendidas do país, reduzindo a exclusão digital e promovendo maior acesso à conectividade no território brasileiro.

"Com exceção dos polos Norte e Sul, praticamente qualquer local do planeta – incluindo oceanos, desertos e regiões montanhosas isoladas – poderá ter acesso a uma rede estável, conectando diretamente smartphones aos satélites", explicou Wang, executivo da Spacesail ao Global Times.

Avanço chinês no setor e perspectivas para o futuro

Até junho de 2024, a China contava com 546 empresas privadas operando no setor espacial, conforme informado por Wang Cheng, secretário-geral da China Space Foundation.

O governo chinês tem implementado políticas de incentivo para fomentar o crescimento do setor, incluindo planos de desenvolvimento para infraestrutura espacial civil para o período de 2015 a 2025 e diretrizes para a próxima fase, entre 2026 e 2035.

Os avanços da China em satélites de sensoriamento remoto e comunicação colocam o país em uma posição estratégica no mercado global. A competição com empresas como SpaceX e Airbus sinaliza uma corrida tecnológica intensa, na qual a China busca não apenas acompanhar, mas também liderar a revolução espacial do futuro.

Políticas chinesas para o setor

A China tem implementado uma série de políticas estratégicas para impulsionar o desenvolvimento de seu setor de satélites com o objetivo de fortalecer sua posição no cenário aeroespacial global. Essas políticas abrangem desde investimentos em pesquisa e desenvolvimento até parcerias internacionais e apoio ao setor privado.

Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): O governo chinês tem direcionado recursos significativos para P&D no setor aeroespacial, estabelecendo institutos avançados de pesquisa e promovendo a inovação tecnológica. Esse investimento visa aprimorar as capacidades nacionais em tecnologias espaciais e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros.

Promoção da Concorrência e Apoio ao Setor Privado: A China tem incentivado a participação de empresas privadas no setor espacial, promovendo a concorrência e estimulando o empreendedorismo. Políticas governamentais facilitam a entrada de capital privado na construção de infraestrutura espacial civil, ampliando a base industrial e fomentando a inovação.

Parcerias Internacionais e Cooperação Regional: A China tem buscado ativamente cooperações internacionais para o desenvolvimento conjunto de satélites e tecnologias espaciais. Um exemplo é a parceria com o Brasil no Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), que resultou na assinatura de um acordo para a construção do satélite CBERS-5, um satélite meteorológico geoestacionário projetado para monitorar o clima e auxiliar na prevenção de desastres naturais.

Desenvolvimento de Infraestrutura e Cadeia Produtiva: Cidades como Xangai estão implementando planos para expandir a cadeia do setor espacial, focando na fabricação e lançamento de satélites, equipamentos de sistemas terrestres e aplicativos relacionados. Essas iniciativas visam consolidar clusters industriais especializados e fortalecer a competitividade da China no mercado global de satélites.

Essas políticas refletem a estratégia abrangente da China para se tornar uma potência líder no setor espacial, combinando investimentos internos, apoio ao setor privado e colaboração internacional para alcançar avanços significativos em tecnologia de satélites.

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