CHINA EM FOCO

DeepSeek sofre ataque cibernético e especialista aponta origem nos EUA

Startup chinesa foi alvo de investida massiva; episódio abre uma nova frente de tensões entre Washington e Pequim na disputa tecnológica

DeepSeek sofre ataque cibernético e especialista aponta origem nos EUA.Startup chinesa foi alvo de investida massiva; episódio abre uma nova frente de tensões entre Washington e Pequim na disputa tecnológicaCréditos: Reprodução X
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A startup chinesa DeepSeek, que recentemente ganhou destaque global ao lançar um assistente de inteligência artificial (IA) inovador e acessível, foi alvo de um ataque cibernético de grande escala, levando a empresa a restringir temporariamente novas inscrições de usuários.

Segundo a emissora estatal chinesa CCTV, os ataques teriam se originado nos Estados Unidos, aprofundando ainda mais as tensões entre Washington e Pequim na disputa tecnológica global.

O ataque e suas consequências

O ataque começou em 3 de janeiro e atingiu seu pico nos dias 27 e 28 de janeiro, segundo a CCTV. Inicialmente, os invasores usaram táticas de negação de serviço (DDoS), inundando os servidores da DeepSeek com tráfego massivo para sobrecarregá-los e interromper seus serviços.

Nos últimos dias, no entanto, o ataque evoluiu para um ataque de força bruta, que tenta quebrar credenciais de usuários para acessar e analisar o funcionamento interno da startup.

Como medida emergencial, a DeepSeek anunciou que limitaria temporariamente o registro de novos usuários a números de telefone da China continental, alegando que a decisão era necessária para conter a ofensiva cibernética.

O ataque gerou instabilidades no sistema e interrompeu temporariamente o acesso de usuários, mas não comprometeu os dados já armazenados, garantiu a empresa.

A empresa de cibersegurança chinesa QAX Technology Group analisou o incidente e, segundo o especialista Wang Hui, em declaração à CCTV, todos os endereços IP associados aos ataques foram rastreados até os Estados Unidos.

Pequim ainda não se pronunciou oficialmente

O ataque ocorreu em meio ao feriado do Ano Novo Lunar, período em que a China celebra o Festival da Primavera. Até o momento, não há registros de declarações oficiais do governo chinês sobre o incidente.

No entanto, em ocasiões anteriores, Pequim expressou preocupação com ataques cibernéticos contra empresas chinesas, interpretando-os como parte das crescentes tensões tecnológicas entre China e EUA.

O governo chinês tem denunciado que Washington busca sabotar o avanço tecnológico da China por meio de sanções comerciais, restrições a semicondutores e, agora, supostos ataques digitais contra empresas estratégicas.

Retaliação ou coincidência?

O ataque contra a DeepSeek ocorre em um momento delicado das relações China-EUA, logo após o anúncio do presidente Donald Trump de impor novas tarifas sobre chips e semicondutores estrangeiros. Isso levanta suspeitas sobre uma possível escalada na guerra tecnológica, com os EUA tentando restringir o avanço da China no setor de inteligência artificial.

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Especialistas especulam que o ataque pode ter motivação política ou econômica, visando prejudicar o rápido crescimento da DeepSeek, que desafia o domínio das gigantes americanas de IA, como OpenAI, Google e Anthropic.

Com a inteligência artificial se tornando um setor estratégico para governos e empresas, a competição não se limita mais ao campo da inovação, mas também envolve espionagem digital, restrições comerciais e ataques cibernéticos, transformando a IA em um novo campo de batalha geopolítico.

"Momento Sputnik" para a Inteligência Artificial

A DeepSeek chamou atenção mundial ao disponibilizar um assistente de IA gratuito e de código aberto, que promete ser mais eficiente e barato do que as alternativas ocidentais.

O lançamento foi interpretado por especialistas como um "momento Sputnik" para a indústria americana de IA — uma referência ao choque causado nos EUA quando a União Soviética lançou o primeiro satélite artificial em 1957, marcando uma virada na corrida espacial.

A tecnologia inovadora da DeepSeek, que utiliza uma fração dos recursos necessários para treinar modelos ocidentais, representa uma ameaça direta à liderança dos EUA no setor de IA, desafiando o domínio de empresas como OpenAI e Google DeepMind.

O episódio expõe as fragilidades da segurança digital e o crescente clima de desconfiança entre as maiores potências tecnológicas do mundo. Com a corrida pela supremacia em inteligência artificial se intensificando, o ataque à DeepSeek pode ser um prenúncio de conflitos ainda maiores no campo digital.

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