CHINA EM FOCO

O papel da China na redução da pobreza na África

Pequim sedia a Cúpula de 2024 do Fórum de Cooperação China-África entre os dias 4 e 6 de setembro; evento promove diálogo para avançar nos laços sino-africanos com destaque para segurança alimentar

Créditos: Xinhua - Reunião da Cúpula FOCAC realizada em Pequim de 2018; este ano será a segunda vez que o evento será realizado na capital nacional da China
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Entre os dias 4 e 6 de setembro será realizada a Cúpula de 2024 do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) na capital nacional da China, Pequim. O evento tem o objetivo de promover o diálogo e fortalecer os laços entre a China e as nações africanas. Entre os destaques dessa cooperação está o esforço de eliminar a extrema pobreza.

Durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores chinês, o porta-voz Lin Jian comentou a importância do FOCAC e os avanços das relações sino-africanas para que os países do continente alcancem a a autossuficiência alimentar, a redução da pobreza e uma vida melhor.

Lin comentou que eliminar a pobreza é a missão comum da humanidade e a aspiração comum do povo africano. Dos dez planos de cooperação aos nove programas de cooperação China-África, a redução da pobreza sempre foi uma parte importante.

"Ao longo dos anos, sob o princípio da sinceridade, resultados reais, amizade e boa fé e o princípio de buscar o bem maior e interesses compartilhados, temos feito esforços ativos para implementar o Programa para o Fortalecimento da Cooperação em Redução da Pobreza entre a China e a União Africana, e realizado trocas e cooperação em redução da pobreza sob o quadro do FOCAC, que produziu resultados notáveis", informou.

O porta-voz esclareceu que sob o programa de redução da pobreza e desenvolvimento agrícola, a China estabeleceu e implementou 47 projetos de redução da pobreza e desenvolvimento agrícola, treinou cerca de nove mil profissionais da área agrícola, compartilhou mais de 300 tecnologias avançadas e aplicáveis, e beneficiou mais de 1 milhão de pequenos agricultores na África.

Lin comentou que a tecnologia de Juncao (leia abaixo) da China permitiu que centenas de milhares de pessoas locais aumentassem sua renda. O arroz híbrido chinês ajudou a aumentar os rendimentos do arroz em muitos países africanos de uma média de 2 toneladas para 7,5 toneladas por hectare.

"Especialistas chineses estão criando vilas demonstrativas de cultivo de arroz para alívio da pobreza para ajudar a realizar o sonho de que 'cada boca tenha comida e cada bolso dinheiro'. Os parques de cooperação agrícola e as fábricas de processamento de produtos agrícolas estabelecidas por empresas chinesas agregaram muito valor aos produtos agrícolas locais", afirmou.

O porta-voz comentou que a China também abriu "corredores verdes" para produtos agrícolas africanos, que permitiram a importação de uma série de produtos agrícolas africanos de qualidade para a China.

"Sob a iniciativa de "Cem Empresas em Mil Vilas", empresas chinesas na África implementaram 320 projetos de responsabilidade social corporativa, beneficiando mais de 10 mil vilas e comunidades. A China também realizou vários seminários sobre redução da pobreza e desenvolvimento para funcionários africanos para compartilhar nossa experiência em redução da pobreza", informou.

Lin destacou que a cooperação China-África também ajuda os países do continente africano a avançar no processo de industrialização e a se sustentar melhor no crescimento econômico.

Ele citou a Zona de Comércio Livre de Lekki na Nigéria, a Zona de Cooperação Econômica e Comercial Suez TEDA China-Egito, e outras zonas de cooperação, que têm investimentos da China, tornam os países africanos muito mais atraentes para investimentos estrangeiros e formaram aglomerados industriais que levaram o "feito na África" para o mundo todo. A China também estabeleceu 17 Oficinas Luban em 15 países africanos, que melhoraram o emprego local.

"A China é sempre uma defensora fervorosa da exploração de novos caminhos para a modernização da África e uma contribuidora importante para os esforços da África em encontrar novas formas de alívio da pobreza. Estamos prontos para continuar trabalhando com a África na próxima Cúpula do FOCAC de 2024 para avançar na redução da pobreza e criar um futuro mais brilhante para o povo africano", finalizou.

O que esperar da FOCAC

Líderes africanos estão prontos para participar da próxima Cúpula de 2024 do FOCAC para intensificar o diálogo e fortalecer os laços entre a China e as nações africanas entre os dias 4 e 6 de setembro. O tema do evento será "Unindo as Mãos para Avançar na Modernização e Construir uma Comunidade China-África de Alto Nível com um Futuro Compartilhado".

Líderes dos países-membros africanos do FOCAC já confirmaram participarão na cúpula. Representantes de organizações regionais africanas relevantes e organizações internacionais também participarão dos eventos relacionados ao fórum.

A reunião do FOCAC deste ano será a quarta vez que o fórum é realizado na forma de uma cúpula, por meio da qual as duas partes renovarão a amizade conjuntamente, discutirão a cooperação e planejarão o futuro. Esta é a segunda vez que a família China-África se reunirá em Pequim após a Cúpula FOCAC de 2018.

As reuniões de altos funcionários e ministros serão realizadas nos dias 2 e 3 de setembro, respectivamente, para fazer os preparativos para a cúpula. De 4 a 6 de setembro, uma série de atividades será realizada, incluindo a cerimônia de abertura, banquete de boas-vindas, apresentações artísticas, reuniões paralelas de alto nível, a conferência de empresários China-África e reuniões bilaterais.

Ressaltando o respeito mútuo, tratamento igualitário e consulta conjunta como características importantes do FOCAC, os dois lados estão em comunicação e consulta estreitas sobre o trabalho preparatório relevante, incluindo as atividades relacionadas à cúpula.

China e África continuarão a levar adiante o espírito de amizade e cooperação China-África e farão da cúpula FOCAC outro grande evento para fortalecer a amizade e a unidade China-África.

Perspectivas da diplomacia chinesa

O embaixador chinês em Serra Leoa, Wang Qing, compartilhou insights sobre a próxima cúpula FOCAC durante a terceira sessão do evento 'Face to Face with China in 2024', realizado no dia 15 de agosto. O evento atraiu mais de cinquenta representantes dos principais grupos de mídia e organizações de amizade de todo o país.

Wang destacou o papel fundamental do FOCAC como uma plataforma para o diálogo coletivo, unindo a China à Comissão da União Africana, bem como a 53 países africanos que mantêm relações diplomáticas com a China. A cúpula representa um marco na consolidação da amizade entre a China e a África, com foco em elevar a confiança política e mútua.

O embaixador enfatizou a rápida trajetória de desenvolvimento das relações China-África facilitada pelo FOCAC. Ele sublinhou a defesa do presidente Xi Jinping por sinceridade, resultados práticos, amizade e boa fé na formação de um futuro compartilhado entre a China e a África. Essa visão estratégica está alinhada com a construção de uma robusta comunidade China-África e navegando desafios globais através de esforços colaborativos enraizados no multilateralismo.

Wang destacou o substancial progresso na cooperação comercial China-África, com a China emergindo como o maior parceiro comercial da África desde 2009. O volume de comércio bilateral aumentou para 282 bilhões de dólares em 2023, representando mais de 21,5% do comércio externo total da África.

"O compromisso da China em melhorar a diversidade do comércio promovendo a importação de produtos não baseados em recursos da África e fornecendo tratamentos tarifários favoráveis sinaliza uma mudança de paradigma para relações comerciais equilibradas", destacou Wang.

Além disso, comentou o embaixador, investimentos e colaborações de financiamento entre a China e a África revitalizaram o desenvolvimento econômico e social em diversos setores. De mineração e agricultura à economia digital e serviços de saúde, o apoio da China tem reforçado os esforços de industrialização nos países africanos, fomentando a capacidade de exportação e o crescimento econômico.

"A solidariedade e a assistência mútua demonstradas por China e África em meio à pandemia de Covid-19 servem como um farol de cooperação internacional. Esforços conjuntos no combate ao vírus e na prestação de assistência médica sublinham o forte vínculo e a resiliência coletiva compartilhada entre as duas regiões", observou o diplomata.

O embaixador comentou ainda que a cúpula FOCAC está pronta para catalisar mais progresso em intercâmbios entre pessoas e interações culturais entre a China e a África. Por meio de iniciativas de pesquisa colaborativa, parcerias de mídia e eventos culturais vibrantes, estão sendo lançadas as bases para uma compreensão mais profunda e apreciação mútua.

Tecnologia Juncao

A tecnologia "Juncao" é uma inovação agrícola chinesa que envolve o uso de uma espécie específica de fungo para cultivar gramíneas e outras plantas. O termo "Juncao" significa "cogumelo" e "grama" em mandarim, refletindo o método pelo qual os cogumelos são cultivados em substratos feitos de gramíneas ou resíduos agrícolas. Esta técnica foi desenvolvida para aumentar a produção de cogumelos de forma mais econômica e sustentável, usando materiais que, de outra forma, poderiam ser descartados.

A tecnologia Juncao tem várias vantagens:

  • Baixo Custo: Utiliza resíduos agrícolas como substrato, reduzindo os custos de produção.
     
  • Sustentabilidade: Ajuda na reciclagem de resíduos agrícolas, convertendo-os em produtos valiosos e reduzindo o impacto ambiental.
     
  • Produtividade: Permite uma produção eficiente de cogumelos, que são uma fonte importante de alimento e renda em muitas comunidades rurais.

Além disso, esta tecnologia não apenas apoia a produção de cogumelos, mas também pode ser aplicada em outras áreas, como melhorar a qualidade do solo e suportar a produção agrícola. A China tem promovido a tecnologia Juncao em vários países, especialmente em regiões em desenvolvimento na África e na Ásia, como parte de sua cooperação internacional e esforços de assistência ao desenvolvimento.