A China reagiu com indignação ao encontro de Dalai Lama com altos funcionários do Departamento de Estado dos EUA e da Casa Branca.
Durante coletiva regular de imprensa realizada nesta quinta-feira (22) em Pequim, o Ministério das Relações Exteriores da China comentou a viagem do líder espiritual a Nova York nesta quarta-feira (21).
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A porta-voz Mao Ning esclareceu que o 14º Dalai Lama não é uma figura religiosa pura, muito menos uma figura que promove "não-violência" e "paz", mas sim um exilado político envolvido em atividades separatistas anti-China sob o disfarce da religião.
"A China se opõe firmemente a qualquer país permitir que o Dalai Lama faça visitas sob qualquer pretexto e se opõe a que funcionários governamentais de qualquer país se encontrem com o Dalai Lama em qualquer forma. Fizemos um protesto sério com os EUA", afirmou Mao.
A porta-voz comentou ainda que a nomeação do chamado "Coordenador Especial dos EUA para Questões Tibetanas" constitui uma interferência nos assuntos internos da China, que nunca o reconheceu.
"Instamos os EUA a entenderem plenamente a gravidade e a sensibilidade das questões relacionadas ao Xizang, a estarem plenamente cientes da natureza anti-China e separatista do grupo do Dalai, a honrarem os compromissos que os EUA fizeram com a China sobre questões relacionadas ao Xizang, a respeitarem verdadeiramente os interesses centrais e as principais preocupações da China, a não permitirem que o Dalai Lama se envolva em atividades políticas separatistas nos EUA, a não terem contato com o Dalai Lama em qualquer forma e a pararem de enviar a mensagem errada ao mundo", finalizou Mao.
A Embaixada da China em Washington também reagiu à visita. O porta-voz Liu Pengyu disse que a China estava "gravemente preocupada" com a reunião e instou os EUA a não manterem contato com o Dalai Lama.
O que a China diz sobre Dalai Lama
O posicionamento oficial do governo chinês em relação ao Dalai Lama é fortemente negativo. A China considera o 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso, não apenas como uma figura religiosa, mas como um "exilado político" que promove atividades separatistas contra a China sob o pretexto de religião. O governo chinês acusa o Dalai Lama de tentar dividir o país, especialmente em relação ao Tibete, que a China considera parte inalienável de seu território.
O governo chinês se opõe veementemente a qualquer forma de apoio ou contato entre o Dalai Lama e outros países, especialmente envolvendo visitas ou reuniões com autoridades governamentais.
A China frequentemente protesta quando líderes estrangeiros se encontram com o Dalai Lama e considera a nomeação de qualquer "Coordenador Especial dos EUA para Questões Tibetanas" como uma interferência em seus assuntos internos. Pequim insiste que questões relacionadas ao Tibete são assuntos domésticos e que qualquer apoio ao Dalai Lama é visto como uma violação da soberania chinesa.
Além disso, o governo chinês exige que outros países respeitem seus "interesses centrais" e não permitam que o Dalai Lama participe de atividades políticas ou separatistas em seus territórios. O governo também se esforça para controlar a narrativa sobre o Tibete, retratando suas ações na região como esforços para promover o desenvolvimento e a estabilidade, enquanto descreve o movimento tibetano liderado pelo Dalai Lama como contrário à paz e à unidade nacional.
Desagrado anunciado
De acordo de relatos veiculados pela mídia dos EUA, entre eles os da Reuters, altos funcionários do Departamento de Estado dos EUA e da Casa Branca se reuniram com o Dalai Lama em Nova York na quarta-feira e "reafirmaram o compromisso dos EUA de avançar os direitos humanos dos tibetanos", disse o Departamento de Estado.
A própria agência antecipou que "a reunião com o líder espiritual exilado de 89 anos do budismo tibetano provavelmente irritará a China, que o considera um perigoso separatista e se opõe ao contato de qualquer autoridade estrangeira com ele".
O Dalai Lama, que fugiu para a Índia em 1959 após uma revolta fracassada contra o governo chinês, viajou para Nova York em junho para tratamento médico nos joelhos, sua primeira visita aos Estados Unidos desde 2017.
Uma declaração do Departamento de Estado disse que Uzra Zeya, subsecretária de Estado dos EUA para direitos humanos e coordenadora especial para questões tibetanas, viajou para Nova York para uma audiência com o Dalai Lama, acompanhada pela diretora de direitos humanos da Casa Branca, Kelly Razzouk.
A declaração afirmou que Zeya "transmitiu, em nome do presidente Biden, os melhores votos de boa saúde para Sua Santidade e reafirmou o compromisso dos EUA em promover os direitos humanos dos tibetanos e apoiar os esforços para preservar seu distinto patrimônio histórico, linguístico, cultural e religioso."
Zeya discutiu os esforços dos EUA para abordar as violações dos direitos humanos no Tibete e o apoio a uma retomada do diálogo entre a China e o Dalai Lama, disse a declaração.