CHINA EM FOCO

China apresenta proposta de três pontos para o BRICS

Durante Diálogo com chanceleres dos países do bloco, principal diplomata chinês sugeriu defesa da segurança universal, prioridade para o desenvolvimento e melhoria na governança global

Créditos: TASS (Sergey Bulkin) - Encontro de chanceleres do BRICS e países em desenvolvimento
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Nesta terça-feira (11), o principal diplomata chinês, o ministro das Relações Exteriores Wang Yi, encerrou sua participação no Diálogo de Ministros das Relações Exteriores dos BRICS com Países em Desenvolvimento (BRICS+) na cidade de Nizhny Novgorod, na Rússia.

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Na coletiva de imprensa regular promovida pela diplomacia em Pequim nesta quarta-feira (12), o porta-voz Lin Jian esclareceu que o chanceler Wang Yi, durante sua participação, destacou que o evento serviu como uma plataforma importante para o diálogo entre os países dos BRICS e os vastos mercados emergentes e países em desenvolvimento.

"Tem sido uma fonte de dinamismo para o desenvolvimento dos BRICS e se tornou um símbolo da cooperação Sul-Sul. Vivemos em uma era marcada por turbulência e transformação, e certos países, para manter sua hegemonia unipolar, estão reunindo aliados para impor sanções unilaterais massivas, criar barreiras protecionistas profundas e usar ferramentas econômicas e financeiras como armas", afirmou.

Lian prosseguiu que a divisão Norte-Sul tem se ampliado, e a recuperação econômica global enfrenta retrocessos. Ele ressaltou que esta também é uma era marcada pela ascensão do Sul Global e um mundo transformado como nunca antes.

"O Sul Global não é mais a maioria silenciosa, mas uma nova força desperta", disse.

O porta-voz informou ainda que o chanceler chinês fez uma proposta em três pontos sobre como os países em desenvolvimento podem abrir novos horizontes em um cenário em mudança e fomentar novas oportunidades em meio a crises.

  1. Defender a segurança universal e enfrentar os desafios juntos. Desafios globais devem ser enfrentados em conjunto pela comunidade internacional, a solidariedade é o único caminho certo a seguir e a divisão não levará a lugar nenhum. "O presidente Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Segurança Global e propôs uma visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável, fornecendo orientação importante para resolver desafios de segurança e criar uma sinergia para a paz", ressaltou.
     
  2. Priorizar o desenvolvimento e reunir forças para o progresso. A China mantém seu compromisso de avançar junto com os países em desenvolvimento. A Iniciativa de Desenvolvimento Global apresentada pelo presidente Xi Jinping foi bem recebida por mais de 100 países e organizações internacionais. "Devemos nos opor conjuntamente à politização de questões econômicas, fortalecer a sinergia de nossas estratégias de desenvolvimento e a coordenação de nossas políticas macroeconômicas, manter as cadeias de suprimentos e industriais globais estáveis e desimpedidas e promover uma globalização mais aberta, inclusiva, equilibrada e benéfica para todos", enfatizou.
     
  3. Terceiro, defender a justiça e melhorar a governança global. Há setenta anos, os Cinco Princípios da Coexistência Pacífica surgiram da tendência histórica da ascensão das forças emergentes e se tornaram normas que regem as relações internacionais seguidas pela comunidade internacional, especialmente pelos países em desenvolvimento. "Devemos aprender com a história, aderir a uma filosofia de governança global de consulta extensiva e contribuição conjunta para benefício compartilhado, defender o verdadeiro multilateralismo e trabalhar por um mundo multipolar igualitário e ordenado. A China apoia os BRICS na busca do desenvolvimento e cooperação com os braços abertos e dá as boas-vindas a mais parceiros com ideias semelhantes para se juntar à família dos BRICS", disse.

O diálogo contou com a participação dos 10 países dos BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Etiópia, Egito e Emirados Árabes Unidos - e 12 grandes países em desenvolvimento com influência regional - Tailândia, Laos, Vietnã, Bangladesh, Sri Lanka, Cazaquistão, Belarus, Turquia, Mauritânia, Cuba, Venezuela e Bahrein.

Os participantes, segundo Lian, elogiaram a importância estratégica do Diálogo, observando que o modelo BRICS+ ajuda a promover a solidariedade e a cooperação entre os países em desenvolvimento, a aumentar a influência do Sul Global e a construir uma ordem internacional mais justa e equitativa.

"Todas as partes acreditam ser importante defender os propósitos e princípios da Carta da ONU, se opor ao unilateralismo e ao hegemonismo, resolver conflitos e diferenças por meio do diálogo e da consulta, e promover a solução política de questões internacionais sensíveis. Eles também pediram a reforma do sistema financeiro internacional, o fortalecimento da cooperação em economia digital, infraestrutura e outras áreas, a manutenção das cadeias de suprimentos e industriais globais estáveis, a redução da lacuna de desenvolvimento e a realização do desenvolvimento comum", finalizou o porta-voz.

Comunicado conjunto

Ao final do encontro, os chanceleres dos BRICS apresentaram um comunicado conjunto com 54 pontos no qual apontam as principais tendências e questões globais, reafirmando compromisso com a Parceria Estratégica dos BRICS nos pilares de política e segurança, economia e finanças, e intercâmbios culturais. Também acolheram a participação ativa dos novos membros dos BRICS e asseguraram apoio contínuo à sua integraç??o plena.

Os Ministros reiteraram a importância do multilateralismo, a defesa do direito internacional e a necessidade de uma reforma abrangente das Nações Unidas para torná-la mais democrática e representativa. Eles destacaram o papel crucial do G20 como fórum de cooperação econômica internacional e apoiaram a inclusão da União Africana como membro do G20. Além disso, reafirmaram seu compromisso com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e a implementação do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.

Leia aqui o comunicado na íntegra, em inglês.