Em 5 de março, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, apresentou o relatório de trabalho do governo à 2ª Sessão da 14ª Assembleia Popular Nacional, em Pequim.
LEIA TAMBÉM: Alta tecnologia é a bússola para a atualização econômica da China
Te podría interesar
O trabalho realizado em 2023 mostra um país que se recupera da pandemia da Covid-19 impulsionando seu desenvolvimento industrial e estimulando a recuperação do mercado consumidor nacional, do turismo doméstico e dos setores de cultura e serviços.
Para Xinjiang, a recuperação da indústria cultural e do turismo assume especial importância, uma vez que o turismo é uma importante fonte de renda para a região e contribui para a preservação dos patrimônios culturais locais.
Te podría interesar
Os esforços do governo de Xinjiang para preservar e promover o artesanato tradicional da região em conjunto com o desenvolvimento do turismo provaram-se bem-sucedidos, criando muitas oportunidades para os artesãos locais.
Exemplo disso é a reportagem sobre o bordado uigur do artesão Kader Rehman, publicada em Tianshannet no mês passado. A história deste artesão é um bom exemplo de como programas de formação profissional e outras iniciativas simples podem mudar as vidas das pessoas para melhor: Kader livrou-se da pobreza depois de aperfeiçoar suas habilidades em bordado na Universidade de Guangzhou.
Integrada ao mercado consumidor nacional e ao mesmo tempo desempenhando um papel central na Zona Econômica da Rota da Seda, a região autônoma uigur de Xinjiang está muito bem posicionada para se beneficiar de ambas as partes da Estratégia de Dupla Circulação proposta pelo presidente Xi Jinping: a rápida recuperação do mercado doméstico impulsionará o consumo de produtos de Xinjiang, enquanto o crescimento do comércio internacional trará mais investimentos e oportunidades para a região.
O relatório também enfatiza as políticas governamentais para estimular os investimentos no setor energético, impulsionando um setor no qual Xinjiang tem vantagens únicas: tendo desde grandes reservas de petróleo e gás até um enorme potencial de geração de energia solar e eólica, Xinjiang está bem posicionada para desempenhar um papel proeminente no mercado energético da China e fazer contribuições importantes para as Duas Metas de Carbono da China: atingir o pico de emissões de carbono até 2030 e a neutralidade de carbono até 2060.
Mas o maior desenvolvimento de Xinjiang também implica pesados investimentos em educação. Tomemos como exemplo o setor de petróleo e gás: o primeiro poço ultraprofundo de exploração científica desenvolvido e construído pela China foi perfurado recentemente no deserto Taklamakan. Tais avanços tecnológicos, bem como a modernização das plantas industriais chinesas, exigem mão de obra qualificada e investimentos no desenvolvimento de novas tecnologias.
Vejamos agora as perspectivas para a agricultura: a taxa de mecanização da colheita de algodão em Xinjiang superou 85% no ano passado. As máquinas de colheita de algodão trabalham de forma mais eficiente que os trabalhadores humanos, reduzindo os custos de produção e exigindo mão-de-obra qualificada para seu desenvolvimento, produção, operação e manutenção.
Outras empresas rurais em Xinjiang também estão exigindo um nível mais elevado de qualificação profissional, desde a criação de animais até a produção e transformação de produtos agrícolas, a fim de aumentar o rendimento, a qualidade e o valor agregado dos produtos agrícolas de Xinjiang.
O governo chinês está empenhado em construir um sistema educacional de alta qualidade em todos os níveis e áreas e prometeu aumentar investimentos neste setor. Li Qiang também anunciou uma iniciativa para a educação básica, visando melhorar sua qualidade, desenvolver a integração urbano-rural da educação obrigatória e melhorar as condições das escolas rurais.
Com um vasto território, baixa densidade populacional e um rápido processo de urbanização, Xinjiang certamente se beneficiará desta iniciativa.
O relatório também menciona esforços para enriquecer a vida intelectual e cultural das pessoas por meio de projetos culturais inovadores e melhoria dos serviços de instalações culturais públicas gratuitas. O quarto censo nacional de bem culturais reforçará a proteção dos patrimônios culturais materiais e imateriais, contribuindo para preservar a longa história e as tradições culturais únicas de Xinjiang.
A direção e as prioridades foram dadas por Li Qiang em seu relatório, mas como transformar as diretrizes gerais numa estratégia abrangente visando resultados tangíveis é uma tarefa que ainda exigirá muito trabalho dos delegados até o final das Duas Sessões.
* Rafael Henrique Zerbetto é editor estrangeiro do Centro Ásia-Pacífico do China International Communications Group. Jornalista brasileiro, reside em Pequim, capital nacional da China, há oito anos.
** Artigo publicado originalmente no Tianshannet Xinjiang News em inglês
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum