Neste ano de 2024, o Brasil e a República Popular da China celebram 50 anos de relações diplomáticas. Os dois países são atores importantes no Sul Global, expressão para designar países em desenvolvimento.
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Brasil e China também integram o BRICS, junto com Rússia, Índia e África do Sul e mais cinco países que acabam de ingressar no grupo - Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Egito.
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Pequim tem a expectativa de continuar a promover a unidade e a cooperação entre esses países em desenvolvimento para aumentar a força do Sul Global e criar um "momento do Sul" brilhante na governança global.
A declaração foi feita pelo chanceler chinês, Wang Yi, nesta quinta-feira (7), durante coletiva de imprensa concedida às margens das Duas Sessões, em Pequim.
O principal diplomata da potência asiática tratou, entre outros assuntos, da importância do Sul Global para moldar um mundo multipolar.
"Independência é uma qualidade distinta do Sul Global e buscar força através da unidade é sua tradição. O Sul Global não é mais a 'maioria silenciosa', mas uma força-chave para reformar a ordem internacional e uma fonte de esperança à medida que o mundo passa por mudanças profundas não vistas em um século", observou Wang.
Embora não tenha mencionado o Brasil de forma direta, Wang comentou que este será um ano de colheita para a cooperação do Sul Global e um novo ponto de partida para a unidade entre os países asiáticos, africanos e latino-americanos.
"A China foi, é e será um membro firme do Sul Global. Nós passamos por altos e baixos e caminhamos em direção a um futuro compartilhado juntos com os países do Sul, e sempre somos uma força crucial para o desenvolvimento e prosperidade do Sul Global", disse Wang.
Wang Yi também afirmou que um BRICS mais forte significa uma força crescente pela paz e um apoio internacional crescente pela justiça e que não deve ser visto como uma ameaça.
Assentos iguais na mesa para um mundo multipolar
Wang Yi também expressou o compromisso da China com o multilateralismo e o processo das Nações Unidas (ONU) e pediu um campo de jogo igual para os países em desenvolvimento para promoção da influência do Sul Global.
Ele disse que a solução da China era construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade – um conceito que se tornou um consenso internacional desde que foi apresentado há uma década.
O diplomata chinês observou que essa visão está incluída em declarações da ONU, bem como da Organização de Cooperação de Xangai, BRICS e outras instituições internacionais.
Wang enfatizou a importância que a China dá à busca por um mundo multipolar igualitário e ordenado, sem a política de blocos ou divisões, apresentando direitos iguais e regras iguais.
Ele comentou que aqueles com o "punho maior" não deveriam ter a última palavra, e que era "inaceitável que alguns países estejam na mesa enquanto outros estão apenas no menu", uma aparente referência a um comentário recente do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
"O caminho à frente pode ser tortuoso, mas o futuro é brilhante", afirmou ao avaliar o caminho futuro do impulso da China para a igualdade global.
Wang pontuou ainda que fortalecer o papel da ONU é vital, dadas as crises e desafios vistos nos últimos anos, mas que reformas são necessárias para aumentar a representação e a participação dos países em desenvolvimento.
Acesso justo à Inteligência Artificial
O ministro das Relações Exteriores também levou a abordagem da China para a arena da inteligência artificial (IA), um domínio emergente rápido no qual ele avalia que deveria haver uma ênfase igual no desenvolvimento e na segurança, e mais deveria ser feito para diminuir a divisão da IA.
"Na IA, o nosso foco principal é garantir que três princípios sejam cumpridos. Primeiro, certifique-se de que a IA seja uma força para o bem. Em segundo lugar, garanta a segurança. Terceiro, garanta a justiça", elencou.
"As tentativas de criar 'quintais pequenos e cercas altas' no desenvolvimento da IA resultariam em erros com consequências históricas e minariam a capacidade da humanidade para enfrentar riscos e desafios", ponderou.
Wang defende a criação de um sistema de governança internacional sob a estrutura da ONU em que todos podem participar como iguais.
Ele anunciou que a China vai apresentar um projeto de resolução na ONU sobre o aprimoramento da capacitação em IA entre os países em desenvolvimento para diminuir a divisão tecnológica e permitir que todos os países se beneficiem dela.