CHINA EM FOCO

China critica protecionismo do Ocidente contra importação de veículos elétricos do país

União Europeia anunciou medidas contra entrada de carros de nova energia da indústria automobilística da China; EUA e Reino Unido seguem o mesmo caminho. Pequim afirma que medidas violam regras da OMC

Créditos: Xinhua - Linha de produção da marca chinesa de EV BJEV na cidade de Huanghua, Cangzhou, província de Hebei, norte da China.
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A China tem enfrentado diversos desafios para exportar seu veículos elétricos (EV, da sigla em inglês). União Europeia (UE), Reino Unido e Estados Unidos anunciaram recentemente uma série de obstáculos para esses produtos chineses.

Nesta sexta-feira (22), durante coletiva de imprensa regular realizada em Pequim, capital nacional da China, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Lin Jian abordou o tema.

O diplomata comentou a indústria de veículos elétricos é globalizada e que apenas a divisão do trabalho e a cooperação podem trazer benefícios mútuos, da mesma maneira que somente uma concorrência justa pode impulsionar o progresso tecnológico.

MFA - Porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian

"Defender o protecionismo e estabelecer barreiras comerciais em nome da 'concorrência justa' e da 'segurança nacional' vai contra os princípios da economia de mercado e das regras da OMC [Organização Mundial do Comércio]", observou.

Medidas protecionistas do ocidente

Lin teceu o comentário especificamente sobre medidas anunciadas pela UE, pelo Reino Unido e pelos EUA nas últimas semanas.

A Comissão Europeia iniciou no dia 7 de março o registro aduaneiro de importações chinesas de EV. Isso significa que esses veículos poderão ser afetados por tarifas a partir desse ponto se uma investigação comercial da UE concluir posteriormente que estão recebendo subsídios injustos.

A comissão está conduzindo uma investigação antidumping sobre EV a bateria chineses para determinar se deve aplicar tarifas para proteger as montadoras da UE. Prevê-se que a investigação seja concluída em novembro, embora a UE possa impor tarifas provisórias já em julho.

Tanto o Reino Unido quanto os Estados Unidos estão preparados para iniciar investigações anti subsídios sobre veículos elétricos chineses ou investigações sobre os riscos que representam para a segurança nacional.

Na última quarta-feira (20) a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou que o governo do presidente Joe Biden está tomando medidas para assegurar o sucesso da indústria nacional de EV diante do aumento das exportações da China no setor e dos substanciais subsídios do governo chinês.

Quando questionada se os Estados Unidos necessitam de novas tarifas sobre veículos elétricos chineses, Yellen disse aos repórteres em uma nova fábrica de materiais de bateria em Kentucky: "Eu não quero adiantar onde estamos, mas é um compromisso que o presidente Biden fez... que queremos que nossa indústria doméstica tenha sucesso".

Ocidente quer proteger indústrias subdesenvolvidas

Lin ressaltou que, em curto prazo, alguns países podem aparentemente se beneficiar dessas práticas protecionistas, mas o que eles protegem são suas indústrias subdesenvolvidas e que vão acabar por perder assim seu desenvolvimento futuro e colher consequências negativas.

O porta-voz observou ainda que a tendência e que, em longo prazo, os interesses de indústrias e clientes desses países serão prejudicados, e a transição global para uma economia verde e a luta contra as mudanças climáticas serão comprometidas.

"Na verdade, as indústrias automobilísticas nos EUA e na Europa expressaram oposição a essas práticas. Muitos executivos e associações empresariais europeias acreditam que o Ocidente não deveria temer os veículos elétricos chineses, e restrições como tarifas não podem resolver os desafios que afetam sua competitividade", pontuou Lin.

Inovação e não subsídios garante sucesso de EV chinês

O diplomata enfatizou ainda que popularidade dos veículos elétricos chineses depende de inovação tecnológica e excelente qualidade em meio à competição global, em vez de subsídios.

"A China removeu todas as restrições de acesso ao mercado para investimentos estrangeiros na fabricação e permanece aberta a fabricantes internacionais de automóveis que podem desfrutar plenamente do vasto mercado chinês", ressaltou.

Lin destacou que, em 2023, a China foi o segundo maior mercado da Tesla, que vendeu mais de 600 mil veículos com um aumento anual de 37,3% nas vendas no varejo, gerando US$ 21,75 bilhões em receita.

Marcas como Mercedes-Benz, BMW e Volkswagen são bem conhecidas na China, comentou o porta-voz. Ele informou que relatórios indicam que, enquanto o Ocidente está preocupado com as exportações de veículos elétricos chineses, um veículo da Volkswagen é vendido a cada 10 segundos no mercado chinês.

Ele comentou ainda que a globalização econômica é uma tendência significativa, o protecionismo nunca é uma boa opção, e o abuso de medidas comerciais viola as regras do comércio internacional.

Para Lin, somente por meio da cooperação mutuamente benéfica é possível expandir o bolo econômico; somente transcender o jogo de soma zero permite alcançar resultados mutuamente benéficos.

"Esperamos que as partes relevantes ouçam atentamente a voz racional da indústria, levem a sério as regras da OMC, respeitem as leis da economia de mercado, e parem de transformar questões econômicas e comerciais em questões políticas, de segurança ou ideológicas", instou Lin.

Por fim, o porta-voz comentou que é  necessário fornecer um ambiente aberto, justo, equitativo e não discriminatório para o investimento e operação de empresas de todos os países, incluindo a China.

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