CHINA EM FOCO

China reitera solução de dois Estados para questão Palestina

Diplomacia chinesa também reforça que é contrária à ofensiva militar terrestre na cidade de Rafah anunciada pelo primeiro-ministro de extrema direita de Israel, Benjamin Netanyahu

Créditos: MFA - Mao Ning, porta-voz da diplomacia chinesa, reitera posição da China pela criação de dois Estados para resolver questão Palestina
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Diante da escalada das ofensivas das Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza, a China reitera que defende a solução de dois Estados, amplamente reconhecida como consenso universal pela comunidade internacional para resolver a questão Palestina.

A declaração de Pequim foi feita nesta segunda-feira (19), durante coletiva de imprensa regular, pela porta-voz Mao Ning, do Ministério dos Negócios Exteriores, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores da China.

Essa é a primeira conversa da diplomacia chinesa com jornalistas depois do feriado prolongado para celebrar o Ano Novo Chinês.

A porta-voz foi questionada sobre a afirmação do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de que não aceitará um mandato internacional para uma solução permanente na questão palestina.

Além disso, o gabinete do governo sionista e de extrema direita de Netanyahu adotou uma "decisão declaratória" rejeitando qualquer reconhecimento do Estado palestino por parte da ONU ou de outros países.

Essa postura intransigente de Netanyahu deixa evidente a recusa de Israel em aceitar intervenções internacionais ou garantias da comunidade global para uma resolução definitiva na Palestina. Por outro lado, a China destaca frequentemente a necessidade de uma conferência internacional de paz para abordar a questão.

China defende solução de dois Estados

Mao comentou que a solução de dois Estados é a única maneira de romper o ciclo de conflitos entre a Palestina e Israel.

"A China está pronta para colaborar com todas as partes interessadas na realização de uma conferência internacional de paz abrangente, autoritária e eficaz o mais rapidamente possível. Nosso objetivo é estabelecer um cronograma e um roteiro concretos para a implementação da solução de dois Estados, apoiando tanto Palestina quanto Israel na retomada das negociações de paz em breve. Isso seria fundamental para alcançar uma coexistência pacífica final entre os dois Estados, Palestina e Israel", destacou.

A porta-voz também foi questionada sobre o aviso feito no sábado (17) pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de que vai deflagrar uma ofensiva terrestre na cidade de Rafah, localizada no sul da Faixa de Gaza.

Netanyahu declarou ainda que as negociações para alcançar um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza estagnaram.

A intenção bélica do primeiro-ministro israelense de extrema direita foi anunciada mesmo diante dos alertas emitidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por diversos países, incluindo a China, de na última semana Israel persistiu nos seus ataques na cidade de Rafah, localizada no sul da Faixa de Gaza.

Atualmente, cerca de 1,5 milhão de palestinos, representando a maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, encontram-se sitiados na área. Muitos deles foram deslocados do norte, considerado por Israel como uma zona segura. Contudo, estão agora sob o risco de ficarem aprisionados em meio a um ataque militar em curso.

Organizações da ONU alertam que uma operação militar em Rafah agravaria a crise humanitária já existente, incluindo a emergência de uma séria escassez de alimentos na região.

Diante desses eventos, Mao comentou que a China está monitorando de perto os desdobramentos em Rafah.

"Manifestamos nossa oposição e condenação aos atos perpetrados contra civis e ao desrespeito ao direito internacional. Instamos Israel a interromper as operações militares de forma imediata, envidando todos os esforços para evitar vítimas entre os civis inocentes e prevenir um desastre humanitário ainda mais devastador em Rafah", afirmou a porta-voz.

Declaração de Lula

A fala contundente do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, neste domingo (18), não foi comentada pela diplomacia chinesa.

Em mais uma dura declaração contra o massacre promovido pelo governo sionista de Israel na Faixa de Gaza, Lula afirmou, ao deixar a Etiópia, que o genocídio na região palestina só encontra um precedente na História do mundo: "quando Hitler resolveu matar judeus".

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Ao menos um jornal chinês não-estatal, o South China Morning Post (SCMP), de Hong Kong e de propriedade do bilionário Jack Ma, dono da Alibaba, reproduziu a nota da Reuters sobre a declaração do mandatário do Brasil.

Reprodução SCMP

Números do genocídio sionista

O Ministério da Saúde de Gaza anunciou nesta segunda-feira (19) que pelo menos 29.092 pessoas morreram em Gaza desde o início do conflito entre Israel e o Hamas. O órgão informou em um comunicado que, nas últimas 24 horas, foram registradas 107 mortes e que desde o início da ofensica, em 7 de outubro, 69.028 pessoas foram feridas.