O presidente chinês, Xi Jinping, participou nesta terça-feira (21) da cúpula virtual extraordinária dos BRICS sobre a questão palestino-israelense e declarou que é imperativo que as partes em conflito cessem as hostilidades e alcancem um cessar-fogo imediatamente.
Xi pediu às partes que parem toda a violência e ataques contra civis, libertem os civis mantidos como reféns e ajam para evitar mais perdas de vidas e poupar as pessoas de mais sofrimentos.
Ele disse ainda que os corredores humanitários devem ser mantidos seguros e desimpedidos, e que mais assistência humanitária deve ser fornecida à população em Gaza.
A punição coletiva do povo de Gaza na forma de transferências forçadas ou privação de água, eletricidade e combustível deve parar.
Xi afirmou que a comunidade internacional deve agir com medidas práticas para evitar que o conflito transborde e ameace a estabilidade no Oriente Médio como um todo.
O presidente chinês enfatizou ainda que a única maneira viável de quebrar o ciclo de conflito palestino-israelense está na solução de dois estados, na restauração dos direitos nacionais legítimos da Palestina e na criação de um Estado Palestino independente.
A China pede a convocação precoce de uma conferência internacional de paz que seja mais autoritária para construir um consenso internacional pela paz e trabalhar por uma solução precoce para a questão da Palestina que seja abrangente, justa e sustentável.
Ajuda da China
Para ajudar a aliviar a crise humanitária em Gaza, a China forneceu US$ 2 milhões em assistência humanitária de emergência através da Autoridade Nacional Palestina e agências da ONU, e suprimentos humanitários de emergência no valor de 15 milhões de yuan (US$ 2,1 milhões), como alimentos e medicamentos, para a Faixa de Gaza com a ajuda do Egito.
A China fornecerá mais suprimentos e assistência de acordo com as necessidades do povo em Gaza, disse Xi na cúpula.
Esforços de paz da China
Desde o início do último conflito palestino-israelense, a China tem trabalhado ativamente para promover conversações de paz e um cessar-fogo, disse Xi.
Como presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU este mês, a China tomou ações ativas para construir consenso e pressionar o Conselho de Segurança a tomar mais ações significativas sobre a situação em Gaza.
Em 15 de novembro, o Conselho de Segurança da ONU adotou a Resolução 2712, pedindo pausas humanitárias urgentes e prolongadas e corredores em toda a Faixa de Gaza "por um número suficiente de dias". A resolução foi o primeiro produto do Conselho de Segurança sobre Gaza após o conflito escalar em 7 de outubro.
Uma delegação conjunta de ministros das Relações Exteriores de países árabes e islâmicos, incluindo Arábia Saudita, Jordânia, Egito, Indonésia e Palestina, e o secretário-geral da Organização de Cooperação Islâmica, estão em uma visita de dois dias à China, que começou em 20 de novembro.
A delegação escolheu a China como a primeira etapa de um tour para pressionar pelo fim das hostilidades entre palestinos e israelenses.
Os ministros das Relações Exteriores de países árabes e islâmicos elogiaram a posição justa de longa data da China sobre a questão da Palestina e esperam que a China desempenhe um papel maior no fim do conflito palestino-israelense, na resolução de questões relevantes e na conquista de justiça e equidade.
Não pode haver paz e segurança sustentáveis no Oriente Médio sem uma solução justa para a questão da Palestina.
Participação de Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cúpula dos BRICS, cobrou a aplicação da resolução aprovada pela ONU há quase uma semana que determina uma trégua humanitária no conflito entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza.
Lula lembrou que, desde o início da guerra, teve a oportunidade de conversar bilateralmente com diversos líderes da região. Reforçou a posição do Brasil de condenar veementemente os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, que fizeram inclusive três vítimas brasileiras. Reiterou o chamado pela liberação imediata e incondicional de todos os reféns, e enfatizou que os atos bárbaros não justificam o uso de força indiscriminada e desproporcional contra civis.
Estamos diante de uma catástrofe humanitária. Os inocentes pagam o preço pela insanidade da guerra, sobretudo mulheres, crianças e idosos. O elevado número de mortos — mais de 12 mil pessoas, sendo cinco mil crianças — nos causa grande consternação. Como bem disse o Secretário-Geral da ONU, Gaza está se tornando um cemitério de crianças.
Lula criticou uma das consequências imediatas do conflito, que foi o deslocamento forçado de cerca de 1,6 milhão de pessoas (70% da população de Gaza), sem que eles tenham perspectivas de retorno. Deslocamento que se torna ainda mais complexo diante da falta de água potável, de energia elétrica e de acesso cotidiano a alimentos e gás para cozinhar na Faixa de Gaza.
A Cúpula Virtual Extraordinária do BRICS contou com a participação de chefes de Estado e Governo e chanceleres dos países integrantes do bloco - Rússia, Índia, China e África do Sul - e de representantes dos países convidados este ano a integrá-lo: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã.