A América do Sul é a prioridade para a China neste mês de novembro. Isso porque serão realizados, quase ao mesmo tempo, dois eventos cruciais para Pequim no continente: as cúpulas da APEC, no Peru, e do G20, no Brasil.
A movimentada agenda sul-americana coloca em evidência a importância da região na geopolítica global em um momento em que o mundo vivencia mudanças profundas. Também reflete a importância estratégica da América do Sul nas discussões econômicas e políticas internacionais, especialmente em relação à China.
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A Cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) ocorrerá de 10 a 16 de novembro de 2024, em Lima, capital do Peru. O foco da pauta estará na promoção do crescimento econômico inclusivo e sustentável, com ênfase na transformação digital, inovação e integração econômica regional.
Está sendo esperada a presença de líderes das 21 economias membros da APEC, incluindo o presidente da China, Xi Jinping, que também realizará uma visita de Estado ao Peru.
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O presidente Lula foi o primeiro chefe de Estado brasileiro a ser convidado, mas decidiu cancelar a viagem que faria a Lima para se concentrar na reunião do G20.
A Cúpula do G20, este ano sob a presidência brasileira, será realizada nos dias 18 e 19 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro. As discussões vão abordar temas como mudanças climáticas, transição energética e transformação das economias globais, com o Brasil liderando as negociações.
Líderes das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana, estarão presentes, inclusive o presidente Xi.
China de olho na América do Sul
O governo chinês reconhece a América do Sul como uma região de importância estratégica em sua política externa, com ênfase para a cooperação econômica, investimentos em infraestrutura e parcerias comerciais.
A China tem se tornado o principal parceiro comercial de várias nações sul-americanas e importa commodities essenciais como soja, minério de ferro e petróleo, e exporta produtos manufaturados e tecnologia.
Além do comércio, a China investe em projetos de infraestrutura na região, incluindo portos, ferrovias e usinas de energia, com o objetivo de fortalecer as conexões logísticas e facilitar o fluxo de mercadorias. Esses investimentos são parte da Iniciativa Cinturão e Rota, a Nova Rota da Seda, que busca expandir a conectividade global e promover o desenvolvimento econômico conjunto.
Politicamente, a China busca aprofundar os laços diplomáticos com os países sul-americanos por meio da promoção do multilateralismo e a cooperação em fóruns internacionais. Através de visitas de alto nível e acordos bilaterais, Pequim reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a estabilidade regional.
Presença comercial da China na América do Sul
O comércio entre a China e os países da América do Sul tem apresentado crescimento significativo nos últimos anos e mostram que a China tem se consolidado como um dos principais parceiros comerciais da região.
Os dados comerciais entre a potência asiática e países sul-americanos mostram o destaque para a exportação de commodities e produtos agrícolas. A tendência é de fortalecimento dessas relações nos próximos anos, com potencial para diversificação das exportações e incremento dos investimentos chineses na região.
Brasil
- Comércio bilateral: Em 2023, o comércio entre Brasil e China atingiu um recorde histórico de US$ 157,5 bilhões.
- Exportações brasileiras: As exportações do Brasil para a China totalizaram US$ 104,3 bilhões em 2023, representando cerca de três vezes o valor das exportações para os Estados Unidos, o segundo maior parceiro comercial do Brasil.
- Principais produtos exportados: Soja, minério de ferro, petróleo bruto, carne bovina e celulose.
Peru
- Comércio bilateral: Em 2023, as exportações do Peru para a China totalizaram mais de US$ 25 bilhões.
- Principais produtos exportados: Minerais, especialmente cobre, além de alimentos para animais.
Argentina
- Comércio bilateral: Em 2023, a China foi o segundo maior parceiro comercial da Argentina, com um volume de comércio de aproximadamente US$ 18 bilhões.
- Exportações argentinas: As exportações da Argentina para a China somaram cerca de US$ 5 bilhões em 2023.
- Principais produtos exportados: Soja e derivados, carne bovina e crustáceos.
Chile
- Comércio bilateral: O Chile é o segundo país latino-americano que mais exporta para a China.
- Principais produtos exportados: Cobre, frutas sem caroço e produtos químicos inorgânicos.
Equador
- Comércio bilateral: Em 2024, as exportações do Equador para a China somaram mais de US$ 7,9 bilhões.
- Principais produtos exportados: Crustáceos, minério de cobre e minérios de metais preciosos.
Desafio de dança
Um dos principais veículos de imprensa da mídia estatal chinesa, a CGTN, ilustra essa parceria entre China e América do Sul ao lançar um desafio de dança nas redes sociais.
"Em novembro, enquanto Peru e Brasil se preparam para sediar a reunião da APEC de 2024 e a Cúpula do G20, o calor latino deve cativar o cenário global. A CGTN lança o desafio de dança "HolaFUN". Basta postar seus passos de dança no TikTok e adicionar a hashtag #HolaFun para participar do desafio!", informa a postagem.
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