CHINA EM FOCO

Xi Jinping se reúne com Vladimir Putin e defende ampliar o BRICS: 'não é um clube fechado'

Presidentes da China e da Rússia se reúnem em Kazan, cidade russa que sedia a cúpula de chefes de Estado do bloco; ausência de Lula é lamentada

Créditos: BRICS-Russia (Kristina Kormilitsyna) - Xi Jinping e Vladimir Putin se reúnem em Kazan, às márgens da Cúpula do BRICS
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O presidente chinês, Xi Jinping, destacou que o BRICS "não é um clube fechado", mas sim um grupo aberto à participação de mais economias emergentes.

Ele também expressou sua expectativa de ter discussões aprofundadas sobre o desenvolvimento futuro do mecanismo de cooperação do grupo para buscar mais oportunidades para o Sul Global e contribuir para a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade.

A declaração de Xi foi feita nesta terça-feira (22) durante encontro bilateral com o presidente russo, Vladimir Putin, em Kazan, cidade russa que sedia até quinta-feira (24) a 16ª Cúpula do BRICS.

Xi também destacou que o BRICS é o principal mecanismo mundial de solidariedade e cooperação entre mercados emergentes e países em desenvolvimento e representa uma força essencial para promover uma multipolarização equitativa e ordenada, além de uma globalização econômica inclusiva e benéfica para todos.

"Não é um clube fechado"

Desde a sua criação, os membros do BRICS mantêm o compromisso com a abertura e a inclusão. Xi tem enfatizado repetidamente que os países do bloco não se reúnem em um clube fechado ou em um círculo exclusivo.

Durante um encontro em Xiamen, em 2017, Xi lançou o programa "BRICS Plus" para incentivar a participação de mais economias emergentes e países em desenvolvimento.

Em 1º de janeiro de 2024, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos  tornaram-se membros do BRICS, juntando-se a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, marcando o início oficial de uma cooperação ainda maior entre os países do BRICS.

Mais de 30 nações já formalizaram sua inscrição ou expressaram interesse em se juntar ao grupo, e muitos outros países em desenvolvimento buscam cooperação mais profunda com o BRICS.

Nesta terça-feira, ao abordar o evento na Rússia, Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que o BRICS se tornou uma força positiva e estável para o bem nas relações internacionais.

"A China está pronta para trabalhar com outras partes para garantir o desenvolvimento constante e sustentável da cooperação entre os países do BRICS, abrindo uma nova era para o Sul Global buscar força através da solidariedade e promover conjuntamente a paz e o desenvolvimento mundial", destacou.

Encontro de Xi e Putin

Durante encontro com Putin, Xi disse ao presidente da Rússia que a situação internacional está dominada pelo caos, mas que a parceria estratégica de Pequim com Moscou é uma força de estabilidade em meio às mudanças mais significativas em um século.

Em maio, os dois líderes prometeram uma "nova era" de parceria entre os dois rivais mais poderosos dos Estados Unidos, que eles classificaram como uma hegemonia agressiva da Guerra Fria, semeando o caos em todo o mundo.

"Atualmente, o mundo está passando por mudanças nunca vistas em cem anos, a situação internacional está entrelaçada com o caos. Mas acredito firmemente que a amizade entre a China e a Rússia continuará por gerações, e a responsabilidade de grandes países para com seus povos não mudará."

Xi também observou que a China e a Rússia encontraram a maneira correta para que grandes países vizinhos convivam, com base na não-aliança, não-confronto e sem direcionar suas ações contra terceiros. 

Xi observou que este é seu terceiro encontro com o presidente Putin este ano. No início deste mês, trocou com o líder russo mensagens em comemoração ao 75º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.

O presidente chinês destacou que as relações entre China e Rússia percorreram um longo caminho e alcançaram uma série de realizações pioneiras. Xi ressaltou que a amizade profunda entre as gerações de ambos os países não mudará, assim como o compromisso de beneficiar o mundo e seus povos como grandes potências.

“Espero realizar discussões profundas com o presidente Putin e líderes de outros países sobre o futuro desenvolvimento do BRICS para promover consensos entre as diferentes partes, emitir sinais positivos de união e cooperação e impulsionar a coordenação estratégica e a colaboração pragmática entre os países do BRICS, em busca de mais oportunidades para o Sul Global e de maiores contribuições para a construção de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade”, destacou Xi.

Putin chamou Xi de "querido amigo" e disse que a parceria com a China é uma força de estabilidade no mundo. Ele afirmou que é "uma força fundamental na promoção da realização da multipolaridade global igualitária e ordenada, bem como da globalização econômica inclusiva e tolerante".

"A cooperação russo-chinesa em assuntos mundiais é um dos principais fatores de estabilização no cenário mundial. Pretendemos aumentar ainda mais a coordenação em todas as plataformas multilaterais para garantir a segurança global e uma ordem mundial justa", disse Putin.

Ausência de Lula

Durante uma reunião bilateral com Xi, Putin comentou sobre a ausência de Lula, presidente do Brasil, que participará do evento por videoconferência devido a orientações médicas.

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Putin afirmou ter falado com Lula por telefone e destacou o empenho do líder brasileiro, que, apesar das condições, insistiu em participar, mesmo com o horário desfavorável no Brasil.

"Acabei de ter uma conversa com o presidente do Brasil, senhor Lula. Como você sabe, por motivos médicos ele teve que ficar em casa, ele lamenta muito não poder vir pessoalmente, mas pretende trabalhar conosco amanhã. no modo de vídeo", disse Putin.

Putin acrescentou que o presidente brasileiro insistiu em sua participação na cúpula do Brics por videoconferência, mesmo que sejam 4h da manhã no horário brasileiro.

"Eu disse a ele que seriam 4h apenas no horário local [de Brasília]. Um pouco desumano, mas ele mesmo assim insistiu. Ele disse: 'Quero participar, pelo menos por videoconferência', disse Putin.

Lula participará no Brics por videoconferência na quarta-feira (23).

Cúpula do BRICS

Os líderes dos países do BRICS realizam o primeiro encontro presencial em Kazan após a expansão histórica do grupo de cinco para dez membros em janeiro de 2024.

A China tem sido um forte defensor do mecanismo de cooperação do BRICS e tem buscado parcerias de benefício mútuo com os demais membros, seguindo o espírito de abertura e inclusão.

Um dos marcos importantes da cooperação do BRICS é o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco dos BRICS, presidido pela ex-presidenta do Brasil Dilma Rousseff e com sede em Xangai.

O banco multilateral, fundado por economias emergentes, já aprovou mais de 35 bilhões de dólares para 105 projetos em todos os países membros com o objetivo de desenvolver infraestrutura, energia limpa e proteção ambiental.

A adesão de novos países ao BRICS, como Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos em 1º de janeiro de 2024, representa o início de uma maior cooperação dentro do grupo. Atualmente, mais de 30 países já expressaram interesse em se juntar ao BRICS ou buscar maior colaboração.

Durante a cúpula, Xi também deverá abordar a importância de fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global para promover paz e desenvolvimento globais, alinhando-se à missão do BRICS de ser uma força positiva e estável nos assuntos internacionais.

Esse crescimento do BRICS e o papel de liderança da China reforçam a relevância do grupo no cenário global, principalmente como uma plataforma para que economias emergentes ampliem suas vozes nas relações internacionais.

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