CHINA EM FOCO

O olhar chinês sobre os incêndios no Havaí

Imprensa da China traça um paralelo entre as respostas de Pequim aos desastres causados por enchentes e a reação de Washington à atual tragédia na ilha do Pacífico

Créditos: CFP - Incêndios devastam ilha do Havaí
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  • Mídia chinesa acompanha atenta os incêndios florestais no Havaí, considerados os mais mortais nos EUA em um século
     
  • Críticas a falhas em alertas, esforços inadequados de socorro a desastres e inação das forças militares estadunidenses estacionadas no Havaí têm alimentado um "crescente sentimento de raiva" na população estadunidense
     
  • Resposta de Washington à tragédia do Havaí é um contraste às de Pequim às enchentes que atingiram o país asiático em agosto

Desde 8 de agosto incêndios florestais violentos devastam partes da Ilha Maui, no Havaí, nos Estados Unidos. O número de mortos até esta sexta-feira (18) já chega a, pelo menos, 111 pessoas, além de mais de mil desaparecidos.

A mídia chinesa acompanha atenta a tragédia e reporta que os incêndios foram rotulados pela imprensa estadunidense como os mais mortais do país em um século.

A situação alarmante nas áreas afetadas causou um imenso choque psicológico ao povo estadunidense. Relatos afirmam que os residentes locais "perderam tudo", e alguns até foram "forçados a pular no Oceano Pacífico para escapar das condições de fumaça e fogo".

Críticas a falhas em alertas, esforços inadequados de socorro a desastres e inação das forças militares estadunidenses estacionadas no Havaí têm alimentado um "crescente sentimento de raiva".

Segundo a mídia dos EUA, o Havaí conta com um sólido sistema de alerta de segurança pública com cerca de 400 sirenes implantadas, sendo 80 delas em Maui. No entanto, essas sirenes não soaram quando o fogo devastou a ilha.

O Washington Post, por exemplo, observou que as operações de resgate eficazes após a catástrofe não foram organizadas pelo governo estadunidense, mas sim pelos moradores locais.

Mais dinheiro para a Ucrânia do que para o Havaí

Um número tão grande de vítimas como as dos incêndios no Havaí seria uma grande tragédia em qualquer país, e é ainda mais chocante quando ocorre no país mais desenvolvido do mundo. 

Até 15 de agosto, a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências dos Estados Unidos (Fema, na sigla em inglês) havia aprovado cerca de 2,3 milhões de dólares em auxílio para a catástrofe, com pagamento de 700 dólares por domicílio.

Xinhua - Resgate durante enchentes na China

A título de comparação, no caso da China, que teve várias cidades atingidas por fortes chuvas e enchentes neste mês de agosto, o governo central liderou os esforços de socorro à população e liberou mais de 1 bilhão de dólares até o momento. 

Em contraste à ajuda para o próprio povo atingido pelos incêndios do Havaí, a administração de Joe Biden nesta quarta-feira (16) anunciou 200 milhões de dólares em auxílio militar para a Ucrânia. Essa diferença notável levou muitos internautas dos EUA a zombarem:

É verdade que se o Havaí trocar seu nome pelo da Ucrânia, as vítimas do desastre receberão mais ajuda?

Outra preocupação de Washington enquanto os incêndios florestais devastavam o Havaí foi impor restrições de investimento à China e se preparar para a cúpula de Camp David com o Japão e a Coreia do Sul.

EUA dão resposta lenta e ineficaz a desastres

Os EUA são propensos a desastres naturais como incêndios florestais e furacões. No entanto, a resposta fragmentada do país ao lidar com esses desastres é desconcertante.

A superpotência sempre se proclamou como "líder mundial" e afirma ser capaz de responder rapidamente a ameaças de segurança ao redor do mundo. O país mantém mais de 800 bases militares no exterior e projeta seu poder militar com porta-aviões em todo o mundo.

Mas quando se trata de desastres internos ou incidentes de segurança pública dentro do próprio território, a  resposta é lenta e sua capacidade de lidar parece inadequada.

Embora o Havaí não esteja localizado no território continental dos EUA, ele permanece como uma das bases militares mais críticas para o país. O arquipélago serve como sede do Comando Indo-Pacífico dos EUA, que alega "governar" mais de 50% da área da superfície mundial, mas ironicamente permanece indiferente aos desastres que ocorrem em seu próprio território.

O que tem alimentado a raiva entre a comunidade local é o fato de que o trabalho inicial de socorro foi amplamente organizado pelos próprios moradores, com pouca presença da Guarda Nacional, Fema, governo estadual ou autoridades locais.

Um internauta estadunidense fez um comentário sarcástico que ilustra adequadamente a hierarquia de tomada de decisões nos EUA.

Nossos navios de guerra podem provocar a China no Mar do Sul da China, podem acompanhar a China no Alasca, mas não podem vir ao Havaí para ajudar o povo dos EUA.

A resposta lenta e indiferente dos EUA a incidentes catastróficos domésticos contrasta bruscamente com sua fervorosa mobilização de recursos na "competição" com outras nações.

Por exemplo, o furacão "Katrina" em 2005, que resultou na perda de 1.836 vidas; o descarrilamento de um trem em East Palestine este ano carregando produtos químicos perigosos; além do colapso de um prédio na Flórida, em 2021 que matou 98 pessoas que como resposta tiveram esforços de resgate lentos que, à época foram chamados de "resgate ao estilo arqueológico". A resposta a esses desastres causa profunda má-impressão.

Um internauta estrangeiro fez uma observação que parece ser perfeitamente adequada para cada desastre na América, incluindo os incêndios florestais atuais no Havaí.

O 'resgate ao estilo americano' dos filmes de Hollywood não é visto em lugar nenhum, sem heróis americanos de resgate ou equipamentos de alta tecnologia.

Omissão de autoridades e políticos dos EUA

Por que os políticos estadunidenses estão aliviados por estarem de férias e não se preocupam com o desastre em Maui? Essa indiferença tem origem na competitiva política de partidos nos Estados Unidos. O Havaí é um território ultramarino estadunidense e a maioria dos residentes de Maui são nativos americanos. Historicamente, os políticos do país têm ignorado os interesses desse grupo e não têm nenhum incentivo para se preocupar com eles.

As poucas discussões sobre os incêndios florestais nos EUA na maioria das vezes servem como o mais recente pretexto para ataques mútuos entre os dois principais partidos do país, Republicanos e Democratas. A mídia estadunidense, que sempre enfatizou a "supervisão", parece considerar tudo isso como algo natural, levando à repetição dos mesmos eventos sem qualquer reflexão profunda.

Os Estados Unidos exercem ativamente a hegemonia em seus assuntos externos, e seus mecanismos internos são muito atrasados, deixando de considerar a proteção da segurança dos cidadãos como ponto de partida e fundamento da segurança nacional.

Especificamente, os Estados Unidos desperdiçam uma grande quantidade de recursos de forma inútil combatendo "oponentes externos imaginários", enquanto ignoram as ameaças à vida enfrentadas por sua população doméstica.

A superpotência concentra seus investimentos em poder militar e em campos tecnológicos relacionados à área militar em termos de segurança nacional, enquanto investem inadequadamente na construção de infraestrutura doméstica, na redução de desastres e em esforços de auxílio que afetam o bem-estar das pessoas e a segurança nacional.

Com informações da CGTN e Global Times

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