CHINA EM FOCO

Inteligência Artificial: China avança na regulamentação de 'deep fake'

Governo chinês publica lista de provedores que usam tecnologia; medida busca preservar a segurança nacional e valores socialistas

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O regulador da internet da China divulgou a primeira lista de fornecedores aprovados de tecnologia de "deep fake" enquanto as autoridades buscam colocar a tecnologia em rápida evolução sob o guarda-chuva da segurança nacional.

A relação divulgada pela Administração Cibernética da China (CAC, da sigla em inglês) nesta terça-feira (20) menciona os proprietários de 41 algoritmos, incluindo gigantes da tecnologia como Tencent, Baidu e Alibaba.

Os algoritmos foram registrados em conformidade com as Provisões Administrativas sobre Síntese Profunda para Serviços de Informação da Internet, que entraram em vigor em 10 de janeiro. A regulamentação abrange provedores de serviços de síntese profunda que podem influenciar a opinião pública ou a sociedade.

A síntese profunda é comumente conhecida como "deep fake" - uma combinação de "aprendizado profundo" e "falso". A regulamentação chinesa define isso como o uso de tecnologias, incluindo aprendizado profundo e realidade aumentada, para gerar texto, imagens, áudio e vídeo e criar cenas virtuais.

Registro de empresas

A CAC instou os provedores de serviços de síntese profunda a se registrarem o mais rápido possível. As dezenas de empresas que já se registraram estão envolvidas em negócios como geração de imagens a partir de texto, edição de imagens ou vídeos enviados pelos clientes e atendimento ao cliente inteligente, entre outros. Essa relação inclui informações sobre o algoritmo, nome da empresa e do produto e uso, além do número de registro.

Pequim introduziu a regulamentação para intensificar a supervisão sobre a gestão do serviço de síntese profunda, promover "valores socialistas fundamentais", resguardar a segurança nacional e o interesse público, e proteger os direitos dos cidadãos e das empresas, de acordo com a CAC.

A China é um dos primeiros países a buscar regulamentar o setor de inteligência artificial em rápido desenvolvimento, devido a preocupações com os possíveis vieses da IA, bem como seu papel na disseminação de desinformação e imagens falsas profundas.

Guerra dos chips

Durante as tensões com os países ocidentais liderados pelos Estados Unidos, a China transformou a segurança nacional em um paradigma-chave que permeia todos os aspectos da governança. Sob o guarda-chuva da "segurança nacional abrangente" introduzida em 2014, existem 16 tipos de segurança que abrangem aspectos políticos, econômicos, de defesa, cultura, ecologia e ciberespaço.

Em uma reunião da Comissão de Segurança Nacional no mês passado, o presidente Xi Jinping alertou que a China enfrenta preocupações de segurança nacional mais complexas e difíceis.

Xi instou os funcionários a estarem preparados para lidar com "cenários de pior caso e mais extremos", para que possam resistir a "ventos fortes e ondas, e até mesmo tempestades perigosas", de acordo com a agência de notícias Xinhua.

Em meio à sua guerra tecnológica com Washington, Pequim proibiu seus principais operadores de infraestrutura de comprar produtos fabricados pela empresa estadunidense de chips de memória Micron Technology, citando riscos de segurança cibernética "relativamente sérios".

"Embora a tecnologia deep fake possa trazer benefícios para a humanidade, também traz riscos e ameaças à segurança nacional", escreveu Liu Guozhu, professor do Centro de Estudos Americanos da Universidade de Zhejiang, no Journal of International Security Studies em maio do ano passado.

"O principal desafio do deep fake para a política da China está refletido nas atividades de penetração e separação de extremistas religiosos e separatistas nacionais", escreveu Liu, observando as questões de Xinjiang e Hong Kong, pelas quais o Ocidente acusa a China de violações dos direitos humanos, enquanto Pequim nega.

Com informações do SCMP