Como um centro de intercâmbio cultural e artístico entre a China e países estrangeiros, Hong Kong não é apenas uma janela para absorver a arte ocidental, mas também uma plataforma para disseminar a cultura chinesa.
Vestindo uma blusa e calças brancas, Linda Fung ficou descalça em uma sala cheia de tranquilidade e começou sua aula de Tai Chi.
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Para Fung, uma ex-bailarina que se tornou praticante de Tai Chi, o esporte popular em todo o mundo é mais do que apenas uma arte marcial chinesa antiga que foi adicionada à lista de patrimônio cultural imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2020.
"O Tai Chi não é apenas sobre habilidades e técnicas, mas também um conjunto completo de pensamentos que denotam a cultura tradicional chinesa", observou Fung, nativa de Hong Kong, à Xinhua ao relatar a sua história de entrar no mundo do Tai Chi.
Fung começou a praticar Tai Chi há cerca de 10 anos. Graças ao seu histórico de dança, ela aprendeu rapidamente o novo esporte e se tornou mestra nessa arte.
Jornada para ser bailarina
Aos 12 anos, Fung começou seu treinamento de balé. Ela sempre se esforçou pela excelência e continuou dançando apesar das dores e dificuldades. Seus esforços valeram a pena e ela recebeu financiamento duas vezes para aprofundar seus estudos no exterior.
Após retornar a Hong Kong, ela se tornou a bailarina principal do Balé de Hong Kong.
Embora Fung tenha sido criada em uma família chinesa tradicional, ela sempre foi intrigada pela arte e pelo estilo de vida ocidentais desde a infância. "Eu achava que era moderno e legal", disse ela.
Mais tarde, ela se casou com um marido neozelandês, que trabalhava como advogado em Hong Kong, e basicamente levava um estilo de vida ocidental.
Virada da maternidade
Um ponto de virada ocorreu quando Fung planejava a educação futura de seu filho. Ela percebeu a importância de dominar a língua chinesa e tentou encontrar um lugar adequado para seu filho aprender.
Naquela época, Fung conheceu Xing Qilin, que veio a Hong Kong para promover a cultura do Tai Chi.
Xing é descendente de quarta geração do renomado estilo de Tai Chi de Lee e fundador da Tian Zhen Yuan, uma escola localizada no município de Tianjin, no norte da China, que se concentra no ensino da cultura do Tai Chi e sua integração à educação tradicional chinesa.
Fung acompanhou seu filho às aulas na Tian Zhen Yuan. Para sua surpresa, seu filho gostou muito. Fung estudou junto com seu filho e seu conhecimento sobre o Tai Chi acumulou-se.
No passado, aos olhos de Fung, o Tai Chi era um tipo de esporte praticado por idosos no parque. Mas agora, ela enxerga a cultura profunda nele.
Praticante de Tai Chi
Durante a última década, Fung tem sido diligente em praticar e promover o Tai Chi. No verão passado, um espetáculo realizado no Centro Cultural de Hong Kong aprofundou sua compreensão do Tai Chi.
O espetáculo intitulado "Ji" mesclava Tai Chi com diferentes formas de artes cênicas, incluindo música, iluminação, dança contemporânea e canto coral infantil, para mostrar o pensamento cultural chinês tradicional.
Como uma das artistas do espetáculo, Fung apresentou uma dança de Tai Chi com Xing, que pratica Tai Chi há mais de 60 anos, e ela encontrou grandes diferenças entre balé e Tai Chi.
Encontro do balé com o Tai Chi
Nos bailarinos de uma apresentação de balé, eles apenas seguiam a música, enquanto no espetáculo Ji, a força e os movimentos de Xing desempenhavam o papel dominante.
"Isso é exatamente o que o Tai Chi é", disse Fung, acrescentando que, no final do espetáculo, ela até podia sentir o ritmo da respiração da plateia se sincronizando com os movimentos dos artistas.
Bailarinos usam seus corpos para interpretar histórias e, às vezes, têm que desafiar seus limites físicos, enquanto o Tai Chi busca cultivar o corpo e conservar energia, comparou Fung.
Por meio da prática do Tai Chi, o corpo de Fung, que sofreu várias lesões devido aos anos de treinamento de balé, foi restaurado.
"Tenho explorado o mundo externo por metade da minha vida e agora estou aprendendo a me conhecer novamente. Sou chinesa, mas parece que nunca aprendi muito sobre a cultura tradicional chinesa", contou Fung, observando que estava em busca de suas raízes.
Nos últimos anos, Fung foi encorajada por seus amigos a começar a oferecer aulas de Tai Chi. Até agora, ela tem mais de 100 alunos, muitos deles são estrangeiros que moram em Hong Kong e alguns são bailarinos.
Fung disse que ensinar aos alunos um pouco da teoria do Tai Chi a ajudou a ter uma compreensão melhor do Tai Chi.
"Espero fazer minha parte para que mais pessoas possam experimentar a sutileza da cultura do Tai Chi", finalizou.
Com informações da Xinhua