CHINA EM FOCO

Crise sino-canadense: China declara cônsul do Canadá em Xangai 'persona non grata'

Decisão do governo chinês foi tomada em resposta à medida equivalente do governo canadense contra diplomata chinês em Toronto; no centro do imbróglio está a 'Causa Uigur'

Créditos: Xinhua - Justin Trudeau e Xi Jinping durante visita do premiê canadense a Pequim em agosto de 2016.
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O Ministério das Relações Exteriores da China informou nesta terça-feira (9) que a cônsul do Canadá em Xangai é 'persona non grata' no país. A canadense Jennifer Lynn Lalonde deve deixar o território chinês até 13 de maio. 

A decisão se dá em resposta à decisão do Canadá nesta segunda-feira (8) de declarar 'persona non grata' o cônsul da China em Toronto, Zhao Wei. A medida foi anunciada em comunicado pela ministra de Relações Exteriores canadense, Mélanie Joly. 

"Não iremos tolerar nenhuma forma de ingerência estrangeira em nossos assuntos internos. Os diplomatas no Canadá foram advertidos de que, caso se envolvam nesse tipo de conduta, serão enviados para casa", disse Mélanie.

A reação chinesa foi anunciada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Wang Webin durante coletiva de imprensa em Pequim.

"A China nunca interfere nos assuntos internos de outros países. As alegações de interferência sobre a China são infundadas. Eles são manipulações motivadas por ideologia e política, destinadas a caluniar e macular a China", afirmou Wang.

Entenda o imbróglio

A decisão do Canadá de expulsar o diplomata chinês ocorreu depois que vieram à tona notícias de que o deputado conservador Michael Chong e sua família, que vive em Hong Kong, teriam sido pressionados por questionarem o governo chinês.

No dia 2 de maio, o jornal canadense The Globe and Mail informou que a agência de inteligência da China tinha planos de sancionar Chong e familiares por ele ter votado, em fevereiro de 2021, em favor de uma moção que condenava as ações de Pequim na região de Xinjiang em referência às acusações de que há um 'genocídio contra a minoria uigur'.

Desconforto diplomático

Em novembro de 2022, durante Cúpula do G20 em Bali, na Indonésia, o presidente da China, Xi Jinping, e primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, protagonizaram um momento de desconforto diplomático entre os dois países, que foi registrado em vídeo.

Na conversa informal em um dos corredores do encontro, Xi queixou-se a Trudeau de que a equipe do canadense vazou para a imprensa o conteúdo de uma reunião bilateral entre os dois.

Na conversa, Trudeau se disse preocupado por suspeitas de interferência da China nas eleições do Canadá.

“Tudo o que falamos já tinha sido filtrado (pela imprensa). Isso não é apropriado, não é assim que nós atuamos. Se você for honesto, devemos nos comunicar com respeito mútuo", disse Xi a Trudeau por meio de um tradutor oficial.

Assista:

Uigures de Xinjiang

O governo chinês nega a existência de ações contra a minoria étnica uigur em Xinjiang. Há um white paper, em inglês, sobre o tema, de julho de 2021. Intitulado 'Respeitando e protegendo os direitos de todos os grupos étnicos em Xinjiang'.

O texto do Gabinete de Informação do Conselho de Estado do governo da China lista um resumo dos avanços em direitos civis, políticos, econômicos, culturais, sociais e das mulheres e crianças para todos os grupos étnicos de Xinjiang, inclusive os uigures.

Com informações da Xinhua e da CGTN