O regresso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política permitirá um reinício abrangente nas relações China-Brasil. Como tem ainda muito tempo pela frente no seu mandato, ele se deverá focar mais no comércio e investimento durante esta visita, permitindo à "nação do samba" recuperar a economia tão rápido quanto possível.
O comércio já se tornou um pilar
Embora uma pneumonia tenha inadvertidamente adiado a visita de Lula à China, ele cumpriu sua promessa de que, assim que tivesse recuperado, pretendia remover todos os obstáculos criados pelo seu predecessor, Jair Bolsonaro, nas relações China-Brasil.
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Graças a um grupo de políticos brasileiros visionários e acadêmicos locais, e ao governo chinês, que sempre considerou o papel do Brasil na política global e nas relações internacionais através de uma perspectiva estratégica e de longo prazo, o comércio entre os dois países, especialmente as importações chinesas do Brasil, mantiveram-se altas.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil há 14 anos consecutivos. O Brasil é também a maior fonte de soja, frango e outras importações da China, enquanto isso, a China é a principal fonte de investimento estrangeiro do Brasil.
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Em certa medida, as relações econômicas e comerciais tornaram-se o pilar das trocas mútuas entre os maiores países da Ásia e da América do Sul, com capacidade de autodesenvolvimento, apesar de fatores políticos desfavoráveis.
A China é a reposta para a economia!
A postura de Lula em relação à China se tornou evidente desde o início de sua campanha presidencial. Questionado sobre a China em entrevista à TV, ele prometeu dedicar a primeira metade de sua presidência à reparação das boas relações do Brasil com a China.
Naquela época, talvez mais pessoas interpretassem essa declaração da identidade de esquerda de Lula e seus sentimentos pessoais, pressionados pelo "socialismo trabalhista" ou para demonstrar sua posição "totalmente diferente" de Bolsonaro.
No entanto, o fato é que as empresas brasileiras colapsaram em massa, as taxas de desemprego dispararam, as ordens de produção foram interrompidas e o índice de pobreza disparou devido ao impacto da pandemia, e dos quatro anos da presidência de Bolsonaro, consumindo os recursos do governo e causando relações tensas entre os governos federal e locais. Perante tal situação, qualquer nova "figura governante" priorizaria o desenvolvimento econômico e a melhoria dos meios de subsistência das pessoas como questões políticas mais urgentes. Por entanto, a busca do crescimento incremental com o maior parceiro comercial é inevitavelmente o caminho mais viável.
A Confiança e um ambiente de negócios amigável devem andar de mãos dadas
O mandato de Lula, de 2003 a 2010, deixou uma boa impressão no lado chinês. Este político sênior do Partido dos Trabalhadores tem um historial político e uma lógica de governança semelhantes aos de seus homólogos chineses. Isso fornece uma base para ele receber uma resposta positiva durante sua visita à China.
Pouco antes da visita de Lula programada à China, Beijing suspendeu a proibição às importações de carne bovina brasileira, estabelecida devido a uma doença, em 23 de março. Há algum tempo, o governo chinês também estava criando um ambiente para investimentos diversificados no Brasil.
Atualmente, muitos empresários chineses acreditam que chegou o momento certo para fazer negócios com o Brasil.
Todavia, devemos estar cientes de que as exportações do Brasil para a China ainda se concentram principalmente em produtos primários, como soja, carne bovina, petróleo, minério de ferro e celulose, enquanto o investimento da China no Brasil está concentrado em áreas convencionais, como manufatura, energia e mineração, e instalações agrícolas. Lula espera que o crescimento sustentável da economia, comércio e investimentos entre os dois países não só aumente em número, como a China espera também estender a cooperação a áreas de alto nível para alcançar estabilidade, diversificação e equilíbrio.
Ambos os países estão focados em atualizar indústrias tradicionais e desenvolver indústrias emergentes impulsionadas pela nova revolução tecnológica. Suas empresas têm um forte desejo de cooperar nas áreas de comunicações 5G, energia limpa, agricultura moderna e economia online.
No entanto, a recuperação do entusiasmo de investimentos da China no Brasil depende também da capacidade do Brasil de resistir às pressões de fontes internas e externas, eliminar obstáculos tangíveis e intangíveis e criar um ambiente de negócios amigável e previsível do ponto de vista estrutural e institucional.
Esta é a ambição que o “Filho do Brasil” espera mostrar às comunidades empresariais dos dois países na sua primeira visita à China desde o regresso ao poder.
*Pan Deng é o diretor executivo do Centro de Direito Latino-Americano da Universidade de Ciência Política e Direito da China.
** Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum