Cada vez mais certo de que a ex-presidenta Dilma Rousseff vai assumir a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos Brics - bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Nesta sexta-feira (10), o atual presidente da instituição, o brasileiro Marcos Troyjo, anunciou que deixará o cargo no dia 24 deste mês. A saída dele, que foi indicado para o posto pelo ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, ocorrerá às vésperas da chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim, prevista para o dia 28 de março.
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Com a saída do bolsonarista, a Assembleia de Governadores do NBD elegerá então um novo presidente indicado pelo Brasil. Esse colegiado é formado pelos ministros das finanças, da fazenda ou da economia dos países-membros e é a mais alta instância decisória do banco e responsável pela designação do presidente da instituição.
O mandato rotativo do banco dos Brics, cuja vez é do Brasil, expira em 6 de julho de 2025. Após a eleição, o novo presidente toma posse. No caso, tudo indica que seja uma nova presidenta, Dilma Rousseff.
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Preparando o terreno
A ex-presidenta do Brasil e provável nova presidenta do NBD fez reuniões virtuais com os governadores do NDB. Essas sabatinas com as autoridades estrangeiras responsáveis pelas finanças dos países do Brics fazem parte do processo de nomeação da ex-mandatária para a presidência da instituição financeira criada pelo grupo.
A rodada de reuniões de Dilma com autoridades financeiras dos países do Brics foi realizada por videoconferência e concluída na terça-feira (7). Na semana passada, ela havia conversado com os ministros das Finanças da China, Liu Kun, e da Rússia, Anton Siluanov.
Nessas conversas, Dilma fez uma apresentação em que expôs sua visão sobre o papel do banco e os desafios da instituição nos próximos anos.
Ao assumir a presidência do NDB, Dilma deverá receber um salário superior a US$ 50 mil mensais (equivalente a R$ 257 mil), de acordo com pessoas com conhecimento das negociações. O NDB é presidido de forma rotativa pelos países dos Brics, e o mandato do Brasil vai até 2025.
A expectativa de integrantes do governo brasileiro é que Dilma possa concluir os ritos formais até o fim de março, quando ela deve acompanhar o presidente Lula na viagem oficial à China.
Abandono de posto
O anúncio da saída de Troyjo da presidência do NDB, que ele assumiu em julho de 2020, foi feita por meio de uma nota publicada no site da instituição. O texto elenca os feitos do presidente que vai deixar o cargo, como a condução da expansão inicial do quadro social do banco, fortalecimento do Departamento ESG (Ambiental, social e de governança) e estabelecimento do Escritório de Avaliação Independente, além da liderança da mudança da instituição para a sede permanente em Xangai.
Mas nos bastidores Troyjo ficou conhecido por ter praticamente abandonado o posto na sede do banco, que fica no centro financeiro da China, Xangai. Ele alegou que ficou no Brasil durante a pandemia da Covid-19 em razão da política Zero-Covid adotada pelo gigante asiático.