O Ministério da Segurança do Estado da China, por meio da conta oficial no WeChat (aplicativo de mensagens chinês similar ao WhatsApp), reagiu contra fabricação de uma ameaça chinesa para perturbar as expectativas de mercado e o crescimento econômico.
No início desta semana, a liderança de Pequim prometeu manter a estabilidade econômica, orientar a opinião pública e destacar as 'perspectivas promissoras' da China em 2024.
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No comunicado emitido nesta sexta-feira (15),o órgão do governo chinês prometeu combater uma guerra narrativa sobre sua condição econômica, elevando a questão de como descrever o status quo e a perspectiva da economia chinesa ao nível de segurança econômica.
A declaração do ministério foi divulgada três dias após a Conferência central de Trabalho Econômico, que define o tom, durante a qual o presidente Xi Jinping se comprometeu a manter a estabilidade econômica, orientar a opinião pública e destacar as "perspectivas promissoras" da China em 2024.
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O domínio econômico se tornou um "campo de batalha" da rivalidade entre superpotências, e lidar com vários clichês que afetam de forma negativa a economia da China se tornou um desafio externo, destacou o ministério na nota.
"Existem algumas pessoas com motivações ocultas. Elas estão fabricando uma ameaça chinesa novamente.A conversa sobre o declínio da China é, em essência, uma intenção de criar uma 'armadilha narrativa' ou uma 'distorção cognitiva'. Isso visa duvidar ou negar o sistema socialista da China e tenta conter estrategicamente o desenvolvimento da China.Existem algumas pessoas com motivações ocultas. Elas estão fabricando uma ameaça chinesa novamente... com a intenção de perturbar as expectativas do mercado e o ímpeto de crescimento econômico", diz a nota.
Na declaração que seguiu a conferência central de trabalho econômico de dois dias, que se encerrou na terça-feira, a liderança de Pequim afirmou que a China "resistiu à pressão externa e superou as dificuldades internas" este ano, com a segunda maior economia do mundo prestes a atingir sua meta de crescimento para 2023 de "cerca de 5%".
A declaração do ministério também deu ênfase à construção econômica e listou o desenvolvimento como a "maior prioridade política" da China. Frisou ainda que a taxa de crescimento seria maior do que a de muitas nações desenvolvidas, incluindo os Estados Unidos e países europeus.
Relatório do Banco Mundial
A declaração de Pequim sucede a uma atualização do Banco Mundial divulgada nesta quinta-feira (14) na qual prevê que o crescimento anual de 5,2% da China deste ano desacelerará para 4,5% no próximo ano e para 4,3% em 2025.
O relatório do Banco Mundial também informa que o investimento no setor imobiliário caiu 18% nos últimos dois anos. O documento indica que o valor das novas vendas de imóveis caiu 5% de janeiro a outubro em comparação ao ano anterior, enquanto o início de novos projetos imobiliários diminuiu mais de 25%.
A desaceleração foi mais acentuada nas cidades menores, que representam cerca de 80% do mercado no país de 1,4 bilhão de pessoas.
Para sustentar um crescimento sólido, a China precisa de uma recuperação nos gastos do consumidor, que despencaram durante a onda da variante ômicron da Covid-19 e permaneceram abaixo do esperado desde o final de 2021, afirmou o relatório.
A partir dos dados do Banco Mundial, a "guerra narrativa" ocidental anuncia perspectivas sombrias para a economia chinesa no ano que vem.
Matérias de veículos como AP e Reuters, por exemplo, citam a crise envolvendo Evergrande, Country Garden e outros desenvolvedores imobiliários, a montanha de dívidas enfrentada pelos veículos de financiamento do governo local, alto desemprego juvenil, uma crise demográfica e a confiança vacilante dos investidores, como potenciais problemas para o crescimento futuro.
A China não vai quebrar
O professor Elias Jabbour, coautor do best seller "China, socialismo do século 21"(Ed. Boitempo) gravou um vídeo originalmente publicado no perfil da Fundação Grabois no Instagram para explicar o motivo pelo qual esse pessimismo sobre a economia chinesa não se sustenta.
"Desde 2015, o governo Xi Jinping tem avisado que imóveis são para morar e não para especular, já anunciando uma possível intervenção do Estado e do Partido Comunista no setor imobiliário."
Jabbour comenta ainda que essa possível intervenção no setor imobiliário chinês não é qualquer coisa. Ele observa que o setor imobiliário chinês corresponde a 30 % da economia do país. Enquanto que a Espanha e a Itália é de 20%, compara. Trata-se de um grande setor da economia da China.
"A China, como precisa concentrar esforços, principalmente no setor de alta tecnologia por conta da corrida tecnológica, eles decidiram a fórceps. Ou seja, é uma decisão política e muito dolorosa. Uma bolha imobiliária que poderia causar maiores danos lá da frente, e ao furar a bolha, ou seja, ao diminuir os créditos ao setor imobiliário, que geralmente já estava se transformando em créditos, pode abrir condições para uma transformação estrutural da economia chinesa", finaliza.
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